Será fome? Será vento? / Vento
não é certamente / E a fome não mata assim…
É talvez a fuga vã / A um criminoso
imputável, / Embora, ao que parece, /
Para o Mundo, inimputável, / E
por isso besta à solta, / Nos seus caprichos de sádico, /
Nos seus gozos bestiais / Com
um mundo estarrecido, / Com um povo encurralado,
/ Quais bichos sacrificados / Nas
suas aras de agora, / Tais como as bíblicas de outrora, /
Sem tugirem nem mugirem / Impecáveis,
sorridentes / Impotentes, /
Timoratos… /
Alguns fugindo acossados / Em
barcos desmantelados / Suplicando por socorro /
Que nem no mar, nem nos homens
/ Nem em Deus /
Encontram, / E nem no vento…
Bastava um tiro certeiro /
Sobre tal monstro hediondo, / Indiferente aos cadáveres /
Que dissemina ao redor…
Como é possível, Senhor, /
Tanto horror?
É a fome que está a
levar “barcos fantasma” norte-coreanos ao Japão?
Este ano, já foram 40 as embarcações de pesca que chegaram às costas
japonesas, depois de muito tempo à deriva - no interior, havia cadáveres ou
esqueletos.
PÚBLICO, 2 de Dezembro
de 2017
O barco pesqueiro andava
há tanto tempo à deriva no mar do Japão que dos cadáveres a bordo já quase só
restavam os ossos. Mas os investigadores forenses que subiram a bordo, de
fatos-macaco e máscaras a proteger a cara, encontraram uma pista para a sua origem:
um pacote de cigarros, de uma marca norte-coreana. Na proa, em tinta vermelha
muito descascada, estavam arrumados coletes salva-vidas, com um número de oito
algarismos, em caracteres coreanos.
Era impossível dizer há
quanto tempo o mais recente “barco fantasma” norte-coreano a dar a costa no
Japão andou no mar. Nem como morreram os oito tripulantes.
Embora as autoridades da
prefeitura de Akita, no Norte do Japão, não assumam que a embarcação vinha da
Coreia do Norte, diz a Deutsche Welle, parte-se do princípio que este visitante
misterioso faz parte de um fenómeno que não é novo: só este ano, mais de 40
embarcações com cadáveres chegaram à costa ocidental japonesa; em 2016, foram
66.
Dois dias antes, os
restos de outro barco de madeira, e dois corpos, deram à costa na ilha Sado,
também na costa Norte do Japão. E a 23 de Novembro, na cidade de Yurihonjo, um
barco de pesca de lulas da Coreia do Norte chegou à noite ao porto – a
tripulação estava sã e salva, embora o motor estivesse avariado.
As correntes oceânicas
ao largo da costa japonesa são traiçoeiras e, nos meses de Inverno, as águas
são muito agitadas, por isso não é incomum que embarcações à deriva dêem à
costa na região de Akita.
Apesar de estes “barcos
fantasma” se terem tornado relativamente comuns, a identidade das vítimas a
bodo continua a ser um mistério. Serão pescadores que perderam a vida no mar,
ou norte-coreanos que tentam fugir do regime?
Na dúvida, e face ao
aumento do belicismo da Coreia do Norte, o Governo japonês reforçou a vigilância.
“A Guarda Costeira e a polícia têm de cooperar para aumentar as patrulhas ao
largo do Japão”, afirmou o porta-voz do Executivo em Tóquio, Yoshihide Suga.
Fome grave
“A Coreia do Norte está
numa situação alimentar bastante desesperada neste momento”, explicou à
Deutsche Welle Jeff Kingston, director de Estudos Asiáticos da Universidade
Temple no Japão.
A Organização para a
Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO) alertava em Julho que a
pior seca em quase duas décadas ia resultar num mau ano
agrícola, ameaçando criar uma situação de fome grave, que punha em a causa a
alimentação não só da população civil como também dos militares. A plantação de
várias culturas de cereais que estão na base da alimentação dos norte-coreanos
foi afectada, bem como a criação de gado.
“Há relatos de que a
liderança tem dado ordens à frota pesqueira para aumentar as capturas de
peixe”,disse Kingston à emissora pública alemã. E os pescadores são forçados a
ir cada vez mais longe, por causa da sobrepesca – norte-coreana e também
chinesa.
Por isso, é provável que
o número destes “barcos fantasma” a dar à costa do Japão venha a aumentar nos
próximos meses. “Estas embarcações de madeira não estão aptas a navegar nas
águas agitadas do Mar do Japão no Outono e Inverno”, diz Kingston.
O mau estado das
embarcações é mesmo o motivo mais provável de terem ficado à deriva – se os
motores se avariarem, ficam à mercê das correntes e dos ventos, e podem
passar-se meses até chegarem à costa, o que explicará porque é que os cadáveres
estão já a tornar-se esqueletos.
Em fuga do regime?
Outra possibilidade que
nunca é descartada é a de que estes barcos transportem pessoas que tentam fugir
da Coreia do Norte. Há centenas de pessoas que tentam fazê-lo, e cerca de 30
mil norte-coreanos fugiram do país desde meados da década de 1990, quando ali
grassou uma fome terrível, contabilizou o Washington Post. Os que conseguiram
fugir relatam represálias violentas por motivos políticos, como condenações ou
internamentos em campos de trabalho por terem visto filmes norte-americanos, em
condições que equivalem a morrer à fome e de esforço.
Mas estes são os que
tiveram sucesso na fuga. Não se sabe quantos falharam na tentativa de sair do
país, ou morreram em viagens desesperadas tentando alcançar a Coreia do Sul, a
China ou o Japão. Outros ainda são capturados no caminho, e sofrem um castigo
severo por tentarem fugir, ou por ajudarem quem quer fugir, que pode incluir a
morte.
Comentários
Darktin Anti Comunistas da
Extrema-Direita 03.12.201: Infelizmente, nestes
países onde os seus lideres perderam a sanidade, gasta-se mais o dinheiro em
brinquedos de guerra do que no seu povo. A faceta mais negra do comunismo, como
filosofia colectiva, foi o perder a noção da vida individual. Morrerem 100.000
à fome não importa face a grandeza bélica da pátria.
Armando
Heleno MOGOFORES (Anadia) 03.12.2017 : «Todo
o mundo sabe (10%?) do que se passa na Coreia do Norte e mesmo essa percentagem
já é terrível e será que não se consegue bloquear este menino gordo? Será que
temos outra novela revista e melhorada da crise dos mísseis de Cuba no tempo do
defunto FC? Nomeiem embaixador das nações unidas o basquetebolista Dennis
Rodman. Pode ser que ele lhe dê a volta. Façam um boicote mundial aos produtos
chineses para forçar o novo Mao a agir ... Façam qualquer coisa em favor destes
desgraçados que lá estão sem se poderem mexer.»
Covadonga
Pelayo 3/12.2017 : Fome... mas com armas nucleares. O expoente
máximo do grotesco socialista.
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