terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Uma notícia de arrepiar


Será fome? Será vento? / Vento não é certamente / E a fome não mata assim…
É talvez a fuga vã / A um criminoso imputável, / Embora, ao que parece, /
Para o Mundo, inimputável, / E por isso besta à solta, / Nos seus caprichos de sádico, /
Nos seus gozos bestiais / Com um mundo estarrecido, / Com um povo encurralado,
/ Quais bichos sacrificados / Nas suas aras de agora, / Tais como as bíblicas de outrora, /
 Sem tugirem nem mugirem / Impecáveis, sorridentes / Impotentes, /
Timoratos… /
Alguns fugindo acossados / Em barcos desmantelados / Suplicando por socorro /
Que nem no mar, nem nos homens / Nem em Deus /
Encontram, / E nem no vento…

Bastava um tiro certeiro / Sobre tal monstro hediondo, / Indiferente aos cadáveres /
Que dissemina ao redor…
Como é possível, Senhor, /
Tanto horror?


É a fome que está a levar “barcos fantasma” norte-coreanos ao Japão?
Este ano, já foram 40 as embarcações de pesca que chegaram às costas japonesas, depois de muito tempo à deriva - no interior, havia cadáveres ou esqueletos.
PÚBLICO, 2 de Dezembro de 2017

O barco pesqueiro andava há tanto tempo à deriva no mar do Japão que dos cadáveres a bordo já quase só restavam os ossos. Mas os investigadores forenses que subiram a bordo, de fatos-macaco e máscaras a proteger a cara, encontraram uma pista para a sua origem: um pacote de cigarros, de uma marca norte-coreana. Na proa, em tinta vermelha muito descascada, estavam arrumados coletes salva-vidas, com um número de oito algarismos, em caracteres coreanos.
Era impossível dizer há quanto tempo o mais recente “barco fantasma” norte-coreano a dar a costa no Japão andou no mar. Nem como morreram os oito tripulantes.
Embora as autoridades da prefeitura de Akita, no Norte do Japão, não assumam que a embarcação vinha da Coreia do Norte, diz a Deutsche Welle, parte-se do princípio que este visitante misterioso faz parte de um fenómeno que não é novo: só este ano, mais de 40 embarcações com cadáveres chegaram à costa ocidental japonesa; em 2016, foram 66.
Dois dias antes, os restos de outro barco de madeira, e dois corpos, deram à costa na ilha Sado, também na costa Norte do Japão. E a 23 de Novembro, na cidade de Yurihonjo, um barco de pesca de lulas da Coreia do Norte chegou à noite ao porto – a tripulação estava sã e salva, embora o motor estivesse avariado.
As correntes oceânicas ao largo da costa japonesa são traiçoeiras e, nos meses de Inverno, as águas são muito agitadas, por isso não é incomum que embarcações à deriva dêem à costa na região de Akita.
Apesar de estes “barcos fantasma” se terem tornado relativamente comuns, a identidade das vítimas a bodo continua a ser um mistério. Serão pescadores que perderam a vida no mar, ou norte-coreanos que tentam fugir do regime?
Na dúvida, e face ao aumento do belicismo da Coreia do Norte, o Governo japonês reforçou a vigilância. “A Guarda Costeira e a polícia têm de cooperar para aumentar as patrulhas ao largo do Japão”, afirmou o porta-voz do Executivo em Tóquio, Yoshihide Suga.
Fome grave
“A Coreia do Norte está numa situação alimentar bastante desesperada neste momento”, explicou à Deutsche Welle Jeff Kingston, director de Estudos Asiáticos da Universidade Temple no Japão.
A Organização para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO) alertava em Julho que a pior seca em quase duas décadas ia resultar num mau ano agrícola, ameaçando criar uma situação de fome grave, que punha em a causa a alimentação não só da população civil como também dos militares. A plantação de várias culturas de cereais que estão na base da alimentação dos norte-coreanos foi afectada, bem como a criação de gado.
“Há relatos de que a liderança tem dado ordens à frota pesqueira para aumentar as capturas de peixe”,disse Kingston à emissora pública alemã. E os pescadores são forçados a ir cada vez mais longe, por causa da sobrepesca – norte-coreana e também chinesa.
Por isso, é provável que o número destes “barcos fantasma” a dar à costa do Japão venha a aumentar nos próximos meses. “Estas embarcações de madeira não estão aptas a navegar nas águas agitadas do Mar do Japão no Outono e Inverno”, diz Kingston.
O mau estado das embarcações é mesmo o motivo mais provável de terem ficado à deriva – se os motores se avariarem, ficam à mercê das correntes e dos ventos, e podem passar-se meses até chegarem à costa, o que explicará porque é que os cadáveres estão já a tornar-se esqueletos.
Em fuga do regime?     
Outra possibilidade que nunca é descartada é a de que estes barcos transportem pessoas que tentam fugir da Coreia do Norte. Há centenas de pessoas que tentam fazê-lo, e cerca de 30 mil norte-coreanos fugiram do país desde meados da década de 1990, quando ali grassou uma fome terrível, contabilizou o Washington Post. Os que conseguiram fugir relatam represálias violentas por motivos políticos, como condenações ou internamentos em campos de trabalho por terem visto filmes norte-americanos, em condições que equivalem a morrer à fome e de esforço.
Mas estes são os que tiveram sucesso na fuga. Não se sabe quantos falharam na tentativa de sair do país, ou morreram em viagens desesperadas tentando alcançar a Coreia do Sul, a China ou o Japão. Outros ainda são capturados no caminho, e sofrem um castigo severo por tentarem fugir, ou por ajudarem quem quer fugir, que pode incluir a morte.     

Comentários
Darktin Anti Comunistas da Extrema-Direita    03.12.201: Infelizmente, nestes países onde os seus lideres perderam a sanidade, gasta-se mais o dinheiro em brinquedos de guerra do que no seu povo. A faceta mais negra do comunismo, como filosofia colectiva, foi o perder a noção da vida individual. Morrerem 100.000 à fome não importa face a grandeza bélica da pátria.

Armando Heleno  MOGOFORES (Anadia)  03.12.2017 :   «Todo o mundo sabe (10%?) do que se passa na Coreia do Norte e mesmo essa percentagem já é terrível e será que não se consegue bloquear este menino gordo? Será que temos outra novela revista e melhorada da crise dos mísseis de Cuba no tempo do defunto FC? Nomeiem embaixador das nações unidas o basquetebolista Dennis Rodman. Pode ser que ele lhe dê a volta. Façam um boicote mundial aos produtos chineses para forçar o novo Mao a agir ... Façam qualquer coisa em favor destes desgraçados que lá estão sem se poderem mexer.»

  Covadonga   Pelayo   3/12.2017 :    Fome... mas com armas nucleares. O expoente máximo do grotesco socialista.

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