A
minha irmã não costuma trazer-me o Correio da Manhã do domingo, que entrega a
outra pessoa, que o aprecia, mas este foi especial:
-
Vais gostar do artigo sobre Passos Coelho.
E
gostei, mais do que todos os que tenho transcrito sobre o ex-presidente do PSD.
Consola sempre ler de alguém aquilo que outrem pensa sobre esse alguém, quando
a afinidade de pensamento com o nosso é total, não só sobre a pessoa em si - «Sem
dúvida que tudo isto tem a ver com carácter, com personalidade, até com
educação - e isso, ou se tem ou não se tem» - como sobre a
repercussão que gostaríamos que o seu exemplo provocasse - seria bom
que, ao nível dos valores, dos princípios e da postura, o exemplo de Pedro
Passos Coelho lhe sobrevivesse. São palavras escritas pelo
deputado Luís
Campos Ferreira, na última
página do CM de quinta feira, 5/10.
Ainda
hoje, domingo, ouvi a Ana Gomes e Morais Sarmento, este com conceitos de apreço
e respeito pelo trabalho e postura de Passos Coelho, aquela com o seu tom
estridentemente agressivo e facundo em lugares comuns, de um desprezível
propósito de rebaixar com um exibicionismo de virtude democrática, indiferente
às contingências em que governou Passos Coelho, ou apenas com a malquerença de
quem dista bastante do aprumo moral daquele.
E
é este o panorama de um país que não soube aproveitar as qualidades de quem
poderia oferecer uma orientação de seriedade, que deixou de existir no nosso
país, o qual prefere dar a vitória a quem se vai distendendo risonhamente na
sua pose de chefia, com os seus acólitos que fingem impor-se-lhe e a quem
António Costa finge apoiar com as suas côdeas da atracção popular que por esse
motivo o elegeu.
Os
americanos podem dar-se ao luxo de escolher para seu chefe alguém com o perfil
tosco de um Donald Trump a quem parece faltar equilíbrio e classe, embora lhe
sobre a superioridade da riqueza que deslumbrou o povo. Mas a nós, faltando
essa superioridade produtiva, para mais condenada por uma esquerda desde sempre
ameaçadora de desordem, em ficção de caridadezinha, preferimos a caridadezinha,
à falta da produtividade proveniente do trabalho. Por isso escolhemos Costa,
por conta da caridadezinha. Como ainda esta manhã dissemos, na nossa
esplanadazinha domingueira, somos um país que baniu a palavra “liceu” do seu
vocabulário, coisa de elite, que outros povos ainda se podem dar ao luxo de
ter, mas nós já não, por ser coisa de elites, imprópria do nosso consumo de
parolice.
Exemplo
Luís
Campos Ferreira
Correio
da Manhã, 5.10.17
A esquerda deve estar satisfeita agora que Pedro
Passos Coelho decidiu não se recandidatar à liderança social-democrata.
Finalmente conseguiu o que andava a pedir há pelo menos seis anos. Percebe-se,
sobretudo pelo contraste, por que um político como Passos incomoda tanta gente
- não apenas fora mas também dentro do seu partido. Numa altura em que a
seriedade política, a coerência e o sentido de Estado parecem não ter um
particular "sex appeal", a postura do líder do PSD sempre teve o
condão de irritar aqueles que se orientam por outro tipo de guiões. E nestes
últimos tempos, no meio da inebriante euforia de resultados positivos, Passos
Coelho era mais do que nunca uma "avaria cantante/na maquineta dos
felizes", como diria Natália Correia. Pois aqui está algo que o PSD não
deveria perder. Independentemente do futuro caminho político e programático que
venha a ser percorrido pela nova liderança social-democrata, seria bom que, ao
nível dos valores, dos princípios e da postura, o exemplo de Pedro Passos Coelho
lhe sobrevivesse. Sem dúvida que tudo isto tem a ver com carácter, com
personalidade, até com educação - e isso, ou se tem ou não se tem. Mas tem
muito mais a ver com uma profunda e maturada compreensão do que é desempenhar
um papel preponderante na vida política de um país e do que é servir a causa
pública. Passos recuperou, para o espaço público e político, essa seriedade
(alguns chamar-lhe-ão gravidade), que se tinha completamente eclipsado no
anterior consulado de Sócrates e que se voltou a esfumar com a posterior
chegada de Costa. Alguns dirão: as pessoas não querem saber disso, querem é
coisas concretas e palpáveis. Mas haverá algo com consequências mais concretas
para a vida das pessoas do que levar o país a sério? Foi isso o que Passos fez,
com os resultados que hoje a realidade se encarrega de mostrar.
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