terça-feira, 3 de outubro de 2017

Derrota muito pesada


Dizem-no todos, do PSD, visando sobretudo Passos Coelho, cuja oposição ao governo de António Costa se manifestara em chatezas de monocórdia atacante, quando devia ter criado soluções que encaminhassem este país para um desenlace de prosperidade, aquela que António Costa finge que nos criou, e que lhe mereceu a glória. Todos lhe caem em cima com uma sanha há muito demonstrada por alguns do próprio partido, que entendem dever ele abandonar a chefia do seu partido, sobretudo agora, com a derrota humilhante nestas eleições autárquicas. Não lhe desculpam a pose, simultaneamente desprendida e desenvolta, querem-no abatido e murcho e aproveitam o desaire para o pôr a milhas, estranhando que ele ainda se não tivesse demitido. Palavras felinas as suas, dando a entender que o seu mundo de eficácia governativa, no caso de serem eles os próximos eleitos, seria muito mais amplo que o de Passos Coelho, que continua teimosamente entrincheirado na sua chefia, achando que a merece, pois que lhe fora roubada a vitória em anteriores legislativas.
Eu também acho que Passos Coelho se não devia demitir, pois não vejo outro que o substitua, com tanto carisma de probidade, energia e vergonha na cara pelo seu país enterrado numa dívida absurda que cada vez está mais estrondosa, para que António Costa possa fabricar o nosso bem-estar de aparência e assim permanecer no seu poleiro, que o que desejamos todos é bem-estar, não há dúvidas nisso, vistos os resultados das autárquicas, que tanto o favoreceram, apesar dos incêndios ou por causa deles, que há sempre quem os aprecie.
Mas a sua vitória se deveu também à pretensa orientação governativa efectuada pelos partidos da esquerda que o apoiaram, e bem se tramaram, pois também perderam para ele, Costa, a provar que é ele o maior, não há que duvidar, que sorridente e emplumado, assim conseguiu os seus resultados estrondosos, à esquerda e à direita, habituado a alcançar objectivos, mesmo clandestinamente. E sobretudo a beneficiar-se de conjunturas favoráveis, como essa do aumento do turismo, como factor económico pujante, embora efémero.
A esquerda aplanara-lhe a caminhada governativa, limitando as greves destruidoras do equilíbrio económico e bem se tramou. As donzelas benfazejas do povo que Costa não se importara de apoiar - os nacos concedidos não pesando grandemente no erário - também sofreram nas suas expectativas ambiciosas de ingénuas encartadas.
Não foi só Passos Coelho que perdeu, pois, embora muitos do seu partido, que há muito o condenam, na pequenez das suas pobres ambições, o desejem a milhas, devendo alcançar os seus propósitos: Passos é capaz mesmo de desistir, e tenho pena.
Quanto à conjuntura favorável, oxalá se mantenha, para que o sonho vitorioso de um país a crescer, mau grado a dívida estrondosa, não venha a ruir, tal um castelo de cartas.

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