segunda-feira, 12 de junho de 2017

Ora aí está!



Mas só pessoas com hombridade intelectual e a coragem que lhes advém do seu saber e independência crítica é que se atrevem a ser tão directos na receita para atalhar o terrorismo islâmico, depois de explicar quanto tudo isso está ligado a interesses económicos de que os Estados Unidos da América têm sido os principais responsáveis e continuam. É certo que, no nosso país, estamos longe da zona rigorosa das infiltrações desses terrorismos, vocacionados que somos mais para as redes de tráfico de droga ou outros espécimes de tráficos, afanosamente pesquisados, nem sempre com sucesso - e daí que ousemos explicar, sem receio de represálias, como faz tão explicitamente Vasco Pulido Valente, e também, naturalmente, porque vivemos em democracia - todas essas animosidades dos povos do islão, ressabiados e vingativos.
Vasco Pulido Valente acusa a esquerda e os seus propósitos multiculturalistas, acusa Angela Merkel e a sua abertura aos refugiados, que era necessário suprimir, ajuda a esclarecer uma guerra “santamente vingativa” que, por o ser, nos leva a adoptarmos a atitude ingénua da Menina do Capuchinho Vermelho e a sua pergunta sobre o porquê do tamanho dos olhos, nariz e boca do Lobo Feroz, comportando-nos repetitivamente em atitudes de fanfarronice pseudo-heróica, com arremedos de cólera e dor e cânticos e flores sobre as vítimas dos ataques terroristas, e recrudescimento do desmantelamento dos focos terroristas que vão, contudo, continuando a alastrar, sem que se lhes enxergue o fim, numa aparente adaptação a um fatalismo vitimizante democrático - tal como o bullying nas escolas, que as modas da brandura educativa acéfala transformaram em enxurrada de violência a nível mundial, perfeitamente bacoca no caso da sociedade, se não fosse tão dramática no caso das vítimas dele.

Diário de Vasco Pulido Valente
O Ocidente e o Islão
OBSERVADOR, 10/6/2017
… hopes expire of a low dishonest decade…
O terceiro atentado terrorista em Inglaterra desde Março produziu os lugares comuns do costume. A condenação dos jihadistas foi morna e estereotipada. Toda a oficialidade pediu mais medidas de segurança. O Ocidente inteiro chorou as vítimas. Mas como sempre ninguém tentou explicar politicamente o que sucedera. Porquê? Porque ninguém se atreve a revelar as verdadeiras causas desta violência contra sociedades à superfície pacíficas. As causas são claras. Em primeiro lugar, a América estabeleceu uma base na “terra santa” da Arábia e a seguir começou duas guerras em países muçulmanos: no Iraque e no Afeganistão. Esta criminosa estupidez está em grande parte na origem da violência que veio depois. Bush, Blair e os governos que na Europa lhes deram apoio militar e diplomático não conheciam nem se interessavam pelas condições no terreno ou pela natureza do seu inimigo, historicamente dividido em dois ramos inconciliáveis e em dezenas de seitas e organizações.
O islão é um mundo em crise, um mundo imerso numa guerra religiosa, que se confunde, como invariavelmente sucede, com a luta pela hegemonia de um bilião de muçulmanos. Qualquer intervenção de fora implica duas consequências. Por um lado, favorece uma facção ou facções dos beligerantes. Por outro, leva a América e as potências da Europa a conduzir elas mesmas uma guerra por interposta pessoa. A Síria é um bom exemplo. Não admira por isso que o ódio gerado no islão transborde para Nova York, Paris, Marselha, Manchester ou Londres, que os jihadistas compreensivelmente consideram parte do seu campo de acção.
A única maneira de acabar com ataques terroristas ao Ocidente seria que o Ocidente se retirasse por completo do islão, o que implicaria o fim da mais leve presença militar, económica ou política e mesmo de alianças formais com qualquer Estado muçulmano. Para nossa má sorte, os interesses que se opõem a uma medida tão drástica nunca o permitiram. Pelo contrário, basta olhar à volta para perceber até que ponto o dinheiro do islão ou, pelo menos, de uma fracção dele penetrou nas sociedades em que vivemos.
Para as nações da Europa que têm comunidades islâmicas, o problema é mais complicado. Os tempos do consumo e da boa cidadania passaram com a paragem ou quase paragem do crescimento, com o desemprego (principalmente dos jovens) e com a criação de guetos em bairros suburbanos ou simplesmente com a falta de habitação e o seu desmedido preço, como é o caso da Inglaterra. Perante a pobreza e a perspectiva de uma existência sem destino nada mais natural que, por mais assimilados que tencionassem ser, os muçulmanos ou os filhos de muçulmanos dirijam a sua raiva contra uma civilização que os seus preceitos religiosos radicalmente condenam – coisa que uma certa “tolerância” de Hampstead, de Saint Germain ou da Lapa, jamais percebeu. A maioria pacífica acabou por se tornar numa pequena minoria europeizada e próspera; o resto oscila.
Por essa razão, a análise académica do tipo e da metodologia dos atentados não ajuda muito. Por mais fina que seja a rede de segurança alguém escapará. O mal deve ser cortado pela raiz: retirar, nem que seja por fases, toda a interferência no islão (militar, económica e política); rejeitar o multiculturalismo tão querido à “inteligência” da esquerda; diminuir drasticamente a imigração; e por muito que doa à sra. Merkel, não aceitar nem mais um único refugiado.

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