O horror foi suficientemente vasto para que se dê
por finda a referência. Ainda hoje, foi tema de todo o debate de Pacheco
Pereira, Lobo Xavier e Jorge Coelho, mais ainda do que na Quadratura
passada, e todos disseram coisas acertadas, Jorge Coelho no seu papel de
apoiante incondicional de António Costa, Pacheco Pereira no de crítico
incondicional de Passos Coelho, Lobo Xavier no de seu censor também desta vez,
por uma razão grave – a precipitação de crítica daquele, de intuito
eleitoralista, apoiada em factos graves não fundamentados, o que é
indesculpável em Passos Coelho. Os artigos seguintes, mais severos, não se
coibiram de apontar o jogo de interesses que presidem à multiplicação dos
incêndios no nosso país, mas na Quadratura do Círculo ignorou-se a
questão, o que deixa subentender uma inibição de discrição, provavelmente
proveniente do conhecimento das entidades prevaricadoras, que a crítica escrita
torna mais vaga e menos directa, permitindo a permanência no crime impune
desses tais do lucro incendiário. O artigo de João Miguel Tavares é severo e
justamente indignado sobre uma questão condenável em tantas frentes, desde
incúria nacional, irracionalidade interesseira no traçado da floresta, falência
criminosa na gestão dos meios de combate ao fogo, escape às responsabilidades,
e tudo isso espalhando o horror do inconcebível. O artigo de Manuel Loff não
poupa António Costa nem os nossos “Trumps” florestais que contribuem criminosamente
para a desumanização e isolamento da aldeia, com a conivência dos governos.
José Pacheco Pereira rebuscadamente parafraseia Platão, convertendo em diálogo
- canicular - uma questão grave, de forma sábia e filosófica, os três SSS –
Simplício, Sagredo e Salvioti – desempenhando o seu papel de Sócrates tripartido,
todos eles igualmente experientes e sabedores. No fundo, todos sentem raiva e
desespero, perante uma situação que não acontecia dantes, num tempo em que me
lembro de ir ao pinhal perto de casa, apanhar caruma e pinhas para acender a
lareira…
I
O respeitinho não é bonito
Não nos atirem mais fumo para os olhos
João Miguel Tavares
A
mera hipótese de que não haja responsáveis concretos pela tragédia, e de que
tudo não tenha passado de uma lamentável maldade da mãe natureza, é um absurdo.
Deixemo-nos de sonsices. A não ser que em Pedrógão Grande tenha acontecido
um fenómeno meteorológico nunca antes visto no planeta Terra – a combustão
espontânea e simultânea de duas fileiras de eucaliptos e de duas dezenas de
carros –, é evidente, absolutamente óbvio e totalmente cristalino que a morte
daquelas 47 pessoas tem responsáveis e que ela representa uma falha gravíssima
do Estado para com os seus cidadãos.
Quem são os principais responsáveis por essa falha, ainda não sabemos. Talvez a GNR. Talvez os bombeiros. Talvez a falta de coordenação da
Protecção Civil. Talvez a falência do SIRESP. Talvez tudo em simultâneo.
Mas se é cedo para dar resposta definitiva a estas dúvidas, já é mais do que
tempo para termos esta certeza: a mera hipótese de que não haja responsáveis
concretos pela tragédia, e de que tudo não tenha passado de uma lamentável
maldade da mãe natureza, é um absurdo, uma inadmissível ofensa à memória de
quem foi vítima da mais horrível das mortes, e é tratar por estúpido qualquer
português que tenha dois olhos na cara e três neurónios a funcionar.
Quando vemos as imagens dos carros carbonizados e colados uns aos outros,
significando que nenhum condutor estava a ver um palmo à frente do nariz;
quando vemos a poucos metros da EN236-1 passar o IC8, muito mais largo e arejado,
e que estava encerrado ao trânsito; quando vemos que o fogo começou antes das
três da tarde e que estas pessoas terão morrido queimadas nos seus carros
quatro horas depois; quando vemos tudo isto, não podemos engolir a postura dos
paninhos quentes, dos dias de luto passados em pesaroso silêncio ou a
reverência acabrunhada dos “afectos”.
Apoiar emocionalmente as pessoas é fantástico. Usar os abraços para
desculpar a incompetência é obsceno. É uma vergonha o discurso de Marcelo na
noite de sábado (“o que se fez foi o máximo que se poderia ter feito”; “não há
nem falta de competência, nem de capacidade, nem de imediata resposta”). É uma
vergonha ver os responsáveis pelos bombeiros e pela Protecção Civil andarem a
fazer tudo o que podem para desvalorizar a ocorrência de falhas graves e de
falta de coordenação. É uma vergonha que se confunda o esforço e a comoção dos
vários intervenientes com a competência no desempenho das suas funções.
Eu cheguei a ouvir o secretário de Estado da Administração Interna comentar
o facto de ele próprio ter salvo a família num incêndio em sua casa na década
de 80. Acho óptimo. Mas esse episódio, tal como a eterna presença da
ministra da Administração Interna de jaqueta laranja e sapatos ténis, é
irrelevante. Mais: tanta presença ministerial cheira a tentativa de controlo
político dos danos, mantendo uma vigilância permanente sobre quem deveria estar
concentrado a combater o fogo – ou os assaltos, já agora, porque à
subvalorização inicial da violência do incêndio seguiu-se a sobrevalorização do
seu perigo, evacuando-se dezenas e dezenas de aldeias que foram pasto para
assaltantes.
Uma semana depois, já sabemos muito – e o que
sabemos não é bom. Tudo indica que a gestão inicial do incêndio tenha sido
desastrosa e caótica. E esse caos, nem bombeiros, nem GNR, nem Protecção Civil,
nem o Governo, vão ter interesse que seja conhecido na sua inteira extensão.
Compete-nos lutar pela verdade. Saber o que realmente se passou na tarde do dia
17 de Junho de 2017 é a dívida que todos temos para com 64 pessoas que foram
abandonadas pelo Estado português no momento em que mais precisavam dele.
II
OPINIÃO
O fogo,
"um problema de ordem pública"...
Manuel Loff
O ministro da Administração Interna de então, austeritário como
os demais do governo Sócrates, chamava-se António Costa. Espera-se que vá a
tempo de corrigir isto tudo.
64 mortos em Pedrógão Grande,
um número indeterminado de desaparecidos, a caminho dos 300 feridos. Da
discussão que temos de fazer sobre o território, a "desumanização" do
mundo rural (como lhe chama Jorge Paiva) e o papel das indústrias da madeira e
do papel na determinação da política florestal não dependem apenas os lucros da
indústria ou o que o Estado deve pagar pela discriminação positiva de
territórios cada vez mais despojados de serviços e bem estar. Dependem vidas
humanas. Sobre as consequências do aquecimento global podemos, como se tem
feito, invocar o comportamento de Trump, mas era bem mais útil denunciar os
nossos Trumps domésticos, a começar pelo lóbi das indústrias da fileira
florestal.
Num mundo rural que perdeu,
em poucas décadas, a grande maioria do seu peso na economia, a produção de
madeira para a indústria é das raras atividades que nele são altamente
lucrativas. Somos o 3º produtor europeu de pasta de papel. "A área
florestal dedicada ao eucalipto tem vindo a aumentar substancialmente desde
1963, passando de apenas 3,8% da superfície florestal para 23,3% do total dessa
área em 2005/2006." As "indústrias papeleiras são responsáveis pela gestão
de cerca de 185 000 hectares de floresta (83% da qual é constituída por
eucalipto)", espécie tão rentável quanto inflamável, "os quais
abastecem cerca de 20% do volume total de madeira consumida" (estudo de E.
Sarmento e V. Dores, Revista Portuguesa de Estudos
Regionais, 2013). A eucaliptização é um facto, produz lucros muito acima
de outras atividades económicas e tem um peso significativo nas exportações
portuguesas. Que, perante a tragédia de Pedrógão Grande, se
multipliquem as vozes que pretendem desviar a atenção da questão é a prova de
que pode o fogo continuar a matar e a devastar todos os anos metade da
superfície queimada da UE que, por este lado, não haverá tréguas: lucro é
lucro. É, aliás, muito revelador ver quem, perante a exigência de assunção de
responsabilidades e de reforma de fundo da floresta portuguesa, assobia para o
lado e repete a velha ladainha de que o que temos "é um problema de
proteção civil e de ordem pública. A monocultura do eucalipto é um falso
problema" (presidente da Associação dos Proprietários Florestais, Antena
1, 22.6.2017). O argumento vem acompanhado das velhas teses
conspiracionistas do presidente da Liga de Bombeiros (esse cacique dinossáurico
do Pinhal Interior, Jaime Marta Soares) que, "contrariando toda a
informação disponível sobre o assunto", como recorda Henrique P. Santos
(PÚBLICO, 19.6.2017), continua a insistir em que "75% dos incêndios tem
origem criminosa", incluindo o de Pedrógão. É exatamente a mesma atitude
daqueles que desvalorizam qualquer esforço de explicação do crime ou do
terrorismo: o que interessa é armar mais polícias e militares para os combater!
Como se por detrás de todos os fenómenos naturais ou sociais estivesse a
imprevisibilidade ou a maldade. "Quando um governante diz que o fogo é
imprevisível (...) está claramente a fazer uma opção obscurantista de desprezo
pelo conhecimento".
38% da superfície do nosso
país é floresta. 98% dela é privada. O seu papel na vida das
comunidades rurais mudou radicalmente com as migrações dos últimos 70 anos. A
grande maioria dos proprietários são incapazes de gerir o que têm de floresta.
Qualquer política de ordenamento e gestão do território tem de contar com esta
realidade sociodemográfica e assumir o dever de discriminação positiva que
implica mais recursos e mais despesa - ou, em alternativa, sofrer mais
incêndios e mais mortes. Ter acabado com os Serviços Florestais em 2006,
distribuir as suas funções por cinco entidades desarticuladas e com poucos
recursos, "esquecendo-se da conveniente profissionalização e apetrechamento
dos bombeiros", também não ajudou, como o denuncia há muitos anos Jorge
Paiva. No decreto de 2006 invocavam-se "razões de racionalidade e
eficiência económica [que] desaconselhariam desde logo a criação de um serviço
autónomo da Administração Pública (...) vocacionado para a prevenção e a
intervenção de primeira linha em incêndios florestais".
O ministro da Administração
Interna de então, austeritário como os demais do governo Sócrates, chamava-se
António Costa. Espera-se que vá a tempo de corrigir isto tudo.
III-ESPAÇO PÚBLICO
Conversas a
40º
José Pacheco
Pereira
À medida que se caminhava para o calor dos trópicos, as pessoas
pensavam pior.
[Simplicio, Sagredo e Salviati
estão à sombra de um dia de 40º. Não sei bem onde os colocar, porque têm que estar
parados. Ninguém se mexe com 40º a não ser que seja obrigado ou seja
trabalhador ou pobre. Numa esplanada urbana, há sempre turistas a mais. Make Porto
podre again, está escrito na parede. Num bar de hotel, envolvidos
por uma lista com cinquenta gins tónicos diferentes, e ar condicionado, é mau
cenário para uma conversa destas. Chaparros que dão sombra eficaz com 40º são
um mito rural alentejano. Na praia? Salviati não gosta de praia, Sagredo é
indiferente e só Simplicio gosta. Simplicio ficaria muito inteligente, e
Sagredo muito estúpido. Não dá. Mas em frente ao mar, sem ser na praia, serve.
No Norte, com cheiro a maresia, sem praia, serve. Vem no Roland Barthes, mas
ninguém já o lê. É ficcional o arranjo, porque com 40º não há cheiro a maresia.
Comecemos.]
Sagredo
– De que falamos?
Simplicio
– Dos fogos.
Salviati
– Já chega!
Simplicio
��
Enquanto for notícia,
nunca chega. Os fogos sugam tudo: fora deles nada interessa a ninguém.
Salviati
– Não é bem assim, como já vamos ver. Seja. Os fogos.
Sagredo
– Mas não achas que se fala demais? Não estás também tu a discutir os fogos e a
participar na logomaquia dominante?
Salviati
– Estou, mas defendo-me.
Sagredo
– Como?
Salviati
– Estou a fazer um diálogo e os diálogos desafiam as citações. Quem tiver que
colocar uma citação no jornal vai-se ver aflito.
Simplicio
– Isso é maldade com o jornal.
Sagredo
– De que falamos então?
Simplicio
– Dos fogos. Dos mortos. Da culpa.
Salviati
– Tem mesmo que ser?
Simplicio
– Tem. Está na agenda e se não falarmos do que está na agenda, ninguém nos
ouve. Está tudo virado para o mesmo lado e a agenda só pode ter um tema. Dois
já colidem entre si. Os fogos são hoje a agenda…
Sagredo
– … não é bem assim. Os escândalos do futebol ocupam quase tanto tempo como os
fogos, só que é fora dos noticiários. Fogos nos noticiários, futebol nos
programas de conversa.
Salviati
– Mas o que é que há para ser discutido no futebol? O futebol é o ruído de
fundo da comunicação social, está lá sempre, de vez em quando invade tudo.
Agora com os fogos, perde os noticiários, mas está lá sempre. É a doença
infantil da comunicação social portuguesa.
Sagredo
– Parece que os clubes estão a contratar hackers para
entrarem nos computadores e telefones uns dos outros. E depois encontram
exactamente aquilo que estão à procura…
Salviati
– … o espelho daquilo que eles mesmos têm nos seus computadores e telefones.
Que interesse é que isso têm? Falcatruas, amantes, ameaças, corrupção aos
árbitros, alegria com a desgraça alheia, bares de alterne, restaurantes da
moda, insultos, negociatas, escatologia. Parece uma ópera bufa.
Simplicio
– O povo gosta. Os vermelhos ficam felizes quando são os azuis que se tramam, e
vice-versa.
Sagredo
– Sim, a nós tudo se desculpa e é permitido, aos “outros” é um escândalo.
Salviati
– É a escola Trump.
Sagredo
– E o que pode ser importante, isso não se discute, ou só se discute com
falinhas mansas.
Salviati
– Os impostos por pagar, a fuga ao fisco. Na verdade, ninguém quer saber se o
Ronaldo fugiu ou não aos impostos. É o Ronald ou o “special one”. Podem sair de
casa e dar um tiro na rua num passeante e tudo continua na mesma.
Simplicio
– Estou a ouvir-te pensar: “É a escola Trump.”
Salviati
– É. É por isso que eu não dou um tostão pelas denúncias populistas da
corrupção. Param sempre nos “nossos”. Em Portugal então é uma enorme
hipocrisia.
Sagredo
– E nos fogos não há hipocrisia?
Salviati
– Muita. Quem os viveu tem medo e alívio. A maioria das pessoas, - e isso é
a coisa mais sã no meio destas coisas, - não quer sequer pensar no que aconteceu
a quem morreu. E vos garanto que as pessoas são muito capazes de recriar
mentalmente as cenas…
Sagredo
– …e são terríveis. Esse choque fica lá no fundo e não passa facilmente. Mas
é interior, indizível, íntimo. Não se desabafa, não se conversa, não se fala.
Simplicio
– E a culpa?
Salviati
– A culpa é já outra coisa, já implica um afastamento, uma distância.
Pode parecer estranho, mas já é um mecanismo de apaziguamento face à
tragédia, abre caminho para inserir o indizível no dizível. Podemos já então falar
sem que o mero acto de falar seja ofensivo.
Sagredo
– É por isso que o mecanismo comunicacional explora o pathos enquanto
há choque, alimenta-o e prolonga-o e depois, quando se esgota, começa a
normalizá-lo com a discussão da culpa. A culpa ajuda a tornar o que aconteceu
num “assunto”. Passa de drama a “assunto”.
Simplicio
– Mas isso não favorece a passagem do pathos para
o logos,
de que estás sempre a falar?
Salviati
– Parece, mas não é. O que emerge não é uma discussão racional, como seria
se ela fosse centrada nos factos, nas causas, nos eventos, na identificação de
quem é responsável e por quê, mas um prolongamento menos dramático do pathos, um pathos menor,
que, como sabem os leitores de audiências, tem menos valor comunicacional, é
menos poderoso e dura menos. Por isso, os sinais de que o impacto mediático dos
fogos e dos mortos já está na fase decrescente, são evidentes. Dentro de pouco
tempo, o futebol vai de novo ocupar o lugar dos fogos nos noticiários, e os
fogos não tem a mesma condição de ruído de fundo do futebol, que se está sempre
a ouvir, e vão-se extinguir. Até à próxima calamidade.
Simplicio
– E os políticos?
Salviati
– Com esta passagem para a logomaquia mais habitual…
Sagredo
–… como a nossa…
Salviati
– … como a nossa, as personagens mudam. Acabam os moradores, as testemunhas,
acabam os “locais”, as aldeias, as serrações queimadas, a devastação, passa
tudo a filme de arquivo e entram em cena as “autoridades”, a competição
política, os “meios”, os custos, o dinheiro.
Sagredo
– Os bombeiros, os autarcas, a Protecção Civil, os secretários de estado, os
ministros, o Primeiro-Ministro, o Presidente, os cientistas e os técnicos de
fogos, da floresta, do ordenamento. Aparecem as burocracias.
Simplicio
– Mas não tem sentido que se pergunte sobre as responsabilidades, sobre as
culpas, sobre as negligências, sobre os erros?
Sagredo
– Tem todo o sentido.
Salviati
– Mas o que emerge é o pensamento utilitário, que quer tirar vantagens do
que aconteceu. E isso é uma das nossas maiores pobrezas: a escassa
independência, o simplismo das acusações, a afronta das defesas, a
irresponsabilidade generalizada, a cultura da protecção política. As pessoas
começam a alinhar conforme gostam ou não do governo, conforme pensam que podem
tirar vantagens da tragédia, a inquinar o assunto, com culpas e passa-culpas.
Metade só está a pensar em como escapar às responsabilidades, reais ou
imaginárias, e a dizer que o que aconteceu já vem detrás, e a outra metade a
pensar que tudo o que correu mal foi responsabilidade dos actuais governantes.
As duas coisas são verdade, mas o equilibro entre elas é falso e impede a
discussão. Estamos já nesta fase, a dos exércitos combatentes, dos clubes em
armas, dos vermelhos contra os azuis. O terreno mais favorável vai ser a
Assembleia, e é para lá que isto agora vai.
Simplicio
– Assim não se vai a lado nenhum.
Sagredo
– Assim não se tem ido a lado nenhum.
Salviati
– Mas então há uma terceira fase, que está por detrás de tudo, e que
depois vai, com toda a discrição que puder ter ou comprar, tornar-se dominante:
a dos interesses que estão presentes na floresta portuguesa. Dos grandes, dos
pequenos dos médios. Dos proprietários individuais, aos compartes dos baldios,
às empresas de celulose, ou mesmo nalguns casos na exploração imobiliária. Esses
todos falam baixo, mas forte, Vão ser os limites de quaisquer soluções, em nome
do empreendorismo, da propriedade privada, do poder autárquico, das
“populações”, dos negócios dos bombeiros aos aviões. Até agora tem impedido que
as coisas mudem, vamos ver como vão actuar.
Simplicio
– Sempre pessimista.
Salviati
– Talvez, a culpa é dos 40º. Não é uma temperatura em que se pense bem.
Sagredo
– Estou virado para dar razão ao General Kaúlza de Arriaga que dizia que à
medida que se caminhava para o calor dos Trópicos, as pessoas pensavam pior.
Salvaiti.
Se calhar.