1 - Classificação e estrutura externa:
Peça dramática infantil dividida em 12 cenas.
2- Localização
2.1 -
No tempo:
Actualidade. (Sem unidade
de tempo):
11 cenas
de tempo cronológico em torno dos sete anos de Vanessa. Tempo físico:
Nocturno (Cenas III, IV, VI). Diurno: as
restantes.
1 cena (cena final), seis meses
depois.
2.2. - No espaço:
-
exterior: loja de brinquedos (II cena).
- interior: Alternância entre os compartimentos da casa: sala
de estar (Cenas I, V, VII, VIII , IX, X, XII), quarto dos pais
(III), quarto de Vanessa e Rodrigo (IV, VI, XI).
3- Personagens:
- Personagem principal : Vanessa,
quase sete anos.
- Personagens secundárias: Rodrigo (irmão de Vanessa, oito anos); a Mãe; o Pai; a Fada
Marina.
4- Caracterização
das personagens:
Vanessa:
criança irrequieta, arrapazada, usando
os seus brinquedos de menina para os destruir em lutas imaginárias, que ela
acompanha, com um discurso dinâmico de termos obscenos dificilmente concebíveis
no discurso infantil, mesmo que em combates imaginários entre os bonecos de
rapaz (Ken, Action Man, etc.) e de rapariga (Barbie), em que a
Barbie sairá vencedora, (forma de inserir a temática da emancipação feminina).
Em família, trata-se duma criança sensível, pouco obediente, todavia, retrato
da infância actual, demasiado mimada e explosiva, de resposta pronta, aprendida
nos filmes infantis que a televisão difunde ou no excesso de mimo e
permissividade da educação actual. O seu sonho de presente de anos: uma
metralhadora que a mãe recusa e o pai acabará por lhe comprar. Uma criança que
começa a despertar para a problemática da vida em torno dos “comos” e dos “porquês”
e dos “quem” referentes ao nascimento. Descobre, afinal, que a sua metralhadora
servirá para defender a irmãzita que nasceu, contra as oposições convencionais
do mundo adulto que não deixam as crianças crescer em liberdade e autonomia (forma
de criar uma mensagem “educativa” para as mentalidades rígidas do mundo adulto,
demasiado impositivas dos seus próprios estereotipos).
Rodrigo: um garoto mais pacífico e obediente do que a irmã, tão
inocente como ela na questão dos nascimentos, um pouco queixinhas, mas amigo e
brincalhão, colaborando por vezes nas brincadeiras da irmã, trocando a sua
metralhadora pelo bebé chorão (objectivo: demonstrar (à maneira da Simone
de Beauvoir - “Le deuxième Sexe”) que não há tanta diferença assim entre os
sexos e que a sociedade convencional é que cria as diferenças).
A Mãe: carinhosa, preocupada com a sua elegância, comprando aparelhos de
ginástica para emagrecer, ou objectos desnecessários para o filho que vai nascer,
como o excesso de roupinhas ou o intercomunicador, inútil na casa pequena.
Convencional, relativamente à distribuição de tarefas, roupas e brinquedos
pelos dois filhos, incutindo na filha a ideia de um seu passado de penúria - em
roupas e brinquedos - mas considerando, com o marido, o excesso de brinquedos
nas crianças de hoje, como responsável pela desarrumação, dispersão,
indiferença, insatisfação, ambição dos últimos modelos, o que as não faz mais
felizes.
O Pai: Homem tranquilo, compreensivo, mas cauteloso nos
gastos, criticando a dissipação da mulher, mas ele próprio perdulário
relativamente aos seus gostos de coleccionador de aparelhos de telefonia
antigos. Ao contrário da mulher, preocupada com os gastos que mais um filho
poderá causar, aceita com prazer a ideia. Explica à filha com uma terminologia realista
(referente a cromossomas) o mistério da concepção, o que a deixa baralhada, a
Mãe tendo-lhe incutido a ideia de que era Deus quem destinava o sexo dos bebés.
Será o Pai que oferecerá a metralhadora à filha na festa dos seus sete anos.
Fada Marina: pretende imitar a fada da Gata Borralheira que da
abóbora fez a carruagem para a Gata Borralheira ir ao baile do Príncipe. Na
realidade, revela-se uma rapariga caprichosa semelhante à rebelde Mafalda - (Modo
de troçar das histórias infantis de Grimm, Perrault, Condessa de Ségur… em que
o maravilhoso ou os bons exemplos dominam, os bons compensados, os maus
castigados ou modificados, segundo a boa doutrina.
Estilo: Próprio da oralidade, simples, a linguagem de Mafalda
por vezes obscena, o que parece antipedagógico, como leitura para crianças. Uma
intenção didáctica está subjacente à acumulação de nomes ou histórias em torno
da banda desenhada dos filmes para crianças.
Um comentário:
Kkkkkkk
Postar um comentário