Enviou-me
o meu filho Ricardo uma lista de nomes da toponímia moçambicana, com as
respectivas origens etimológicas e historiográficas que muito gostei de ler. Faltou a referência à Maxaquene, Machava e
ao Xipamanine, nomes sonoros que os anos em África me fizeram igualmente conhecer. Acabara de
ler na Ípsilon de 27/1/17, a reportagem de Isabel Figueiredo, “O
regresso impossível a Moçambique”, texto desempoeirado, embora,
naturalmente, tendencioso e presunçoso na generalização crítica ao” branco”
de outrora, ao explicar a um “admirador metediço”, de ocasião, que afirmara “não
gostar de brancos”, que “não sou exactamente como os brancos que
conheceu nem sou presa para o seu dente”, o que me deixou, de facto,
estupefacta com o pretensiosismo de uma saudosista glamorosa de uma terra onde
viveu para amar os pretos e odiar os brancos que ajudaram a construir a terra e
as gentes da sua simpatia. Tenho visto os “Príncipes do Nada” da
Catarina Furtado e fico encantada com esses programas em mundos onde o
português se fala e se ensina, por gente dedicada, como outrora o faziam
missionários e missionárias que ajudaram à formação do povo do interior. Eis o
dicionário enviado pelo Ricardo:
Um pouco de história da nossa terra... Moçambique -
Dicionário dos nomes das localidades
Ricardo Lacerda
Alto Maé – Nkwayéyé, nome do régulo
Nkwa é sinónimo de descendência q equivale ao De ou Da em
Português, ao Mc em irlandês, ao Son em Jackson, Steveson, Jhoanson em
anglo saxónico etc… mais tarde Portugal chamou o Alto Maheua, consta em
documentos escritos por (Campos Vieira)
Angoche
ilha – Sultanato aquando da chegada de Vasco da Gama, a ilha
chamava-se Coti e os habitantes akoti, os macuas foram mudando o nome para
Ankotchi ou Angotchi de onde resultou o aportuguesamento em Angoche, os
cronistas portugueses antigos escreviam Angoxe, Angocha e Angoya, mais
tarde passa a chamar-se António Enes, mas a população sempre insistiu em
chamar Angoche. Akote era o sheik dos emozaidas de origem abexim. O
abexim foi um idioma falado na antiga Abissínia q é a actual Etiópia, tb se
refere ao abexim como sendo o alfabeto escrito abissínio.
Angónia
– Nome que deriva dos angonis que é a corrupção de mangunis, nangunis ou
bangunis, segundo A.A. Pereira Cabral (1924), mangune o vangoni é a
alteração de ngoni, nome a que os vátuas se dão a si próprios. Os vátuas são zulus que no princípio do
século XVII se espalharam desde a Zululandia e Nalatl até a Mashona, norte do
rio Zambeze (António Enes, “A guerra em África em 1895”
Banda
– Rio do concelho de Moatize em Tete, também significa zebra. Apelido
muito comum entre os ajáuas e Nianjas, o que nos mostra a tribo a que pertencem
Banganhane – Povoação do concelho de Chibuto na província de Gaza,
o nome refere a um dos conselheiros do Ngungunhana, aquele que denunciava os q
eram considerados mandriões e não queriam fazer guerra (A. Bila)
Banha
– Monte em Manica, Vila Pery. Ribeiro do Zumbo em Tete. Referente
ao povo Banhai que o padre João dos Santos escreveu como sendo Munhai.
Ibn Sayd em 1250 deu-lhe o nome de “Terra do Ouro” também chamada Sofala
onde estão a as cidades de Banya e Syouna (Sena). Alcáçova para a residência
do Monomotapa, escreveu Zumubany de Zumu – Banyai (J.F. Mullan)
Bazaruto
ilha - Nome que vem de Bussulutua, arquipélago de 6 ilhas,
Bangué, Chizine, Magaruque, Benguérua, Bazaruto ou Bazaruto grande e Sta
Carolina. De sul para norte fica desde o paralelo 21º03 a 21º30, situam-se
na baia do Bazaruto ou Punga a norte da península de São Sebastião. Em 1722
o régulo chamado Micissa e Inhassengo doou-as a Portugal. Quando
Portugal aqui chegou, havia uma ocupação notável na ilha, cerca de 3000
habitantes entre nativos locais e árabes e também de infusão afro-árabe, a
presença dos árabes deve-se à grande quantidade de ostras com pérolas enormes
que era a indústria da ilha na época. A ilha tem cerca de 30 kms de
comprimento 10 kms de largura e ainda uma língua de 3 kms de extensão.
Bilene
– Na margem direita do rio Limpopo, na zona de Bembe
estabeleceu-se uma tribo vinda do Noroeste do Monomotapa, sendo o seu chefe
supremo o Bila, homem pacífico mas austero, sempre conseguiu dominar sem
grandes violências (Anuário da província de Moçambique)
Bongoine
– Nome de um pântano no Bilene que quer dizer “o lugar do bongo” nome
de um clã zulo com o chefe Isibongo ou Izibongo.
Boane
– Nome de uma localidade no concelho de Maputo e que também tem uma
lagoa com o mês mesmo nome Buene ou Boene e o aportuguesamento deu em Boane e
também nome de uma ilha entre Sofala e Chiloane
Cabora Bassa ou Cahora Bassa -
Campoane
– Vem de Camp One. Houve uma estação de captação e tratamento
de águas, o concurso foi ganho por uma empresa inglesa q deu o nome de Camp One
à primeira zona de captação e tratamento.
Catembe, Ka-Tembe
ou Muthembu -
Catuane
- No tempo de Nguanazi, Catuane fugiu de terras de Licimba para terras
de Movunha, onde fixou residência e tornou-se induna deste. Foi nomeado
régulo pelo capitão Roque de Aguiar em 1908.
Chidenguele - Quer dizer "monte isolado" em inchope
Chiducuane - Chiduku, quer dizer "uma pequena moça" em inchope
Chicualalacuala
- Vem de chivuadja que quer dizer "codorniz"
Chocas
- Praia no concelho do Mossuril, vem do macua "choca" que quer
dizer lula.
Chongoene - Chongo quer dizer riacho, povoação de gaza que levou o nome
do lago Ntchomgo.
Cussi
- Quer dizer "sul" em Mogovolas, Nampula
Dondo
- Quer dizer "floresta, arvoredo denso, bosque espesso" também
nome de uma árvore muito comum na Beira e cujo fruto se chama Tondo.
Dongane
- Lago e lagoa em Inharrime, Inhambane, vem de tidingane que quer
dizer mosca.
Ginabai
- Povoação do concelho de Zavala, Inhambane, nome de um
comerciante indiano que cantinou ali antes de 1895, chamava-se Ginabhay
Gaza –
Nome do tetravô do Ngungunhana que era sul-africano, Soshangane
é que deu o nome de seu avô à zona. Um dos distritos de Moçambique limitados
entre Maputo, Inhambane, Mpumalanga e Zimbabwe. Soshangane ficou na actual
Maputo até 1828 e Zwanguedaba partiu para o Norte, tal como Chaca / Shaka /
Tshaka Zulu fazia, Soshangane obrigava a todas as tribos que vencia a pagarem
os tributos, apoderava-se coercivamente das mulheres e obrigava os seus
guerreiros /impie a usarem-nas para que reproduzissem só crianças da sua tribo,
levava os rapazes e incorporava-os coercivamente no seu exército / impie.
Soshangane também usava o nome de Manicusse, é que formou o grande Império q
que deu o nome do clã do seu avô “Gaza” e mais tarde Ngungunhana chamou-lhe
“Gaza Nkulu” ou seja, a “Grande Gaza” sendo a capital em Chaimite e a
partir daí é q o seu exército se expandiu em todas as direcções, o império ia
desde Kanfumo, actual Maputo até ao Zambeze. Muzila / Mudzila governou
até 1885 mantendo seu império quase intacto. Quando Muzila morre, um dos seus
filhos, Ngungunhana mata o irmão mais velho e sucede ao trono deixado
pelo seu pai, mas só reinou a área que vai do rio Pungoé até ao rio
Incomati. Antes da chegada dos Vangoni ou Zulos da tribo Mungoni, que veio
do centro de África e se estendeu até à Cidade do Cabo / Cape Town, a região
que vai de Maputo à actual cidade da Beira era dominada pelos Gazas que se auto
denominavam como sendo nómadas “Nós somos gazas que vagueamos de um lado para
outro” (singu Gaza owajwa intava). Na mesma área vivia uma outra
tribo mais pequena, ao Vachéngue vindas do Norte em pequeno número. Gazas e
Vachéngues falam uma língua sibilante conhecida por chitsua ou bitonga. (Alexandre
Cancelas, Nacapa).
Goba –
Quer dizer “local de descanso” na língua ronga” povoação do concelho
da Namaacha, em swazi diz-se “lagoba” para local de descanso.
Gurué
- Nguruvé ou ngulué que quer dizer porco.
Homoine
- Inhambane, o sítio dos bois, por ali ter existido muito gado.
Ibo -
Ilha do arquipélago das Quirimbas que a princípio se chamou Ibó.
Inhaca
– Quer dizer baixios, terras baixas, pântanos, terra preta, húmus.
Nhaca ou Nyaca quer dizer o povo dos pântanos, o seu régulo chama-se Nhaca e
foi território dominado Mabhudu ou Maputyo que vivia em Macassane a 20kms a
sul de Salamanca que morreu entre 1790 e 1795.
Inhambane - Capital do distrito com o mesmo nome, conhecido por
"terra da boa gente". Em 1522 passaram por lá alguns náufragos
do navio Sepúlveda, os povos desta zona eram conhecidos como os Inhafocué
ou Nhafocué que veio orginar a corrupção do nome Loforte, tendo sido usado este
nome pela 1ª vez em 1875 por João Nhafoco que passou a ser chamado João
Loforte e foi Presidente da Camara de Inhambane. A origem do nome Inhambane
é controversa, diz-se que vem de "ambane" que quer dizer adeus,
os nativos ao despedir-se no porto, dos portugueses, disseram "ambane,
adeus", A 10 de janeiro de 1498, Vasco da Gama, parou aqui e teve
um encontro com os nativos e quando lhes perguntou por gestos quem eram,
reponderam "hina bano" que quer dizer "nós gente",
mais tarde foi-lhe dado por aportuguesamento o nome de Inhambane e
foi-lhes dado o nome de terra da boa gente por não serem tão selvagens e
rudes como os do cabo da Boa esperança e Natal, no entanto um idoso que
trabalhava no café Scala, diz ter ouvido verbalmente da boca de seu bisavô que
quando Vasco da Gama passou por ali, tinha um papel e lápis e perguntou quem
eram eles, ao que responderam "gu bela nhumbane" que quer dizer
"entre na palhota", mas o que os portugueses têm escrito é que havia
um clã nhambane que obrigava os seus membros todos a socorrerem a quem aparecesse
á sua porta e este parece ser a verdadeira origem do nome.
Infulene ou Hi Mfuleni – do ronga, na chuva, no local chuvoso,
no regato, no ribeiro, no riacho.
Língamo
- Vem de Lingham, nome de um empreiteiro britânico que construi 2
pontes acostáveis no porto da Matola e o caminho-de-ferro de ligação ao km 10
na Machava.
Languene
– O nome vem de Langa que quer dizer Sol. Povoação do Concelho de Gaza,
criada por portaria nº 609 de 11 de Outubro de 1927. Ponta do Concelho de
Marracuene. Languene era filho do régulo Chicumbane.
Incomati rio – Rio que nasce da
África do Sul na província de Mpumalanga, passa pela Suazilândia, segue para
Moçambique e desagua em Marracuene em Moçambique, tem uma extensão de 480
kms, dos quais, 300 kms são dentro de Moçambique da fronteira de Ressano Garcia
até Marracuene. O seu nome é na certa de origem ronga uma vez que na
Africa do Sul ficou conhecido com Komati river a água diz-se “mazi” e não
“mati”, há 2 versões para que este rio tenha esse nome, uma delas é que a
palavra vem de Inco que quer dizer leopardo e nas línguas do sul
de Moçambique temos as palavras Inco, Ingué e Ingua como sendo
leopardo, Mati quer dizer água portanto, pode querer dizer o rio
do leopardo mas a mais plausível é que derive do nome de um arbusto que
cresce nas margens do rio que se chama Goma podendo ter vindo a dar o nome de
Gomati. Há uma lagoa no rio Limpopo em Gaza, chamada Ingómati,
sendo um nome mutuo parecido com Incomati mas num outro rio e numa outra tribo,
embora vizinha.
Inhassoro - Povoação do concelho de Govuro, Inhambane, quer dizer "dor
de cabeça" atribuidas à dificuldade do mar por causa da rebentação,
segundo a lenda ali habitou um homem de "cabeça grande"
Lichinga – Vem da língua ajaua do
Norte e quer dizer, curral, muro, divisória, parede, cerca, vedação. É plano e
circundada por montes de nome Lichenga, interceptada por numerosas correntes de
água e pequenos rios, estes montes tem o nome referido como parede, divisória,
vedação
Limpopo
rio – O nome deriva de uma palavra zula “Imponomo” que quer dizer
catarata. É provavelmente o rio que mais nomes teve dentro de
Moçambique. Chama-se Limpopo e nasce na África do sul em Magaliesberg
perto de Pretória e desagua no Indico no Xai Xai em Inhampura, o rio atravessa
os concelhos de Limpopo, Malvérnia, Bilene, Chibuto e Gaza. Foi conhecido como
rio Inhampura, rio Bembe, rio Crocodilos, rio da Aguada, rio Ouro, rio Mite,
rio Sibebe, rio dos Reis, rio do cobre, rio dos fetos, rio Baroi, rio Baro, rio
da Barra, rio da Misericórdia, mas o nome que prevaleceu foi Limpopo.
Lourenço Marques era um timoneiro
da frota de Vasco da Gama e dos primeiros europeus a habitar a povoação da Baia
da Lagoa, foi a capital de Moçambique entre 24 de Julho de 1898 e 1975 data em
que passou a chamar-se Maputo. Antes de 1898 a capital era na
Ilha de Moçambique.
Machava
- Nome que foi dado por corruptela, em 1915 o padre Henri Junod, propôs
que a terra se chama-se "machamba, maschamba" mas o povo pediu que
fosse Machava porque "chava" quer dizer terra boa para cultivar
e na língua do povo venda da Rodésia - Zimbabwé, quer dizer vermelho.
Machope
– vem do zulo “Ku Tchopa” atirar, arremeter, eles eram os
arqueiros que matavam os animais com as zagaias e viviam a leste do rio Limpopo
e quem lhes dá este nome é Sotshangana, Muzila e Ngungunhana. A zona
chope por volta de 1560 chamava-se a terra dos “Mungongues” . Os
povos da zona entre o Cabo das Correntes (Tofinho em Inhambane) e o afluente do
rio Limpopo eram os “Kalanga ou Karanga” sendo o plural Va kalanga ou Va
Karanga q são os da tribo dos Langas e faziam parte das tribos do grande
império do Monomotapa, este troço na costa era conhecido como a Costa Kalanga.
Macaneta
- Nome de um régulo de Marracuene provavelmente de nome Magaia e que
os ingleses o chamavam de Macaneta, diz-se que negociava bens de consumo
co lenha do seu mangal, falava muito bem português, tinha maneiras
cortezes, vestia-se como um europeu dando-se ao luxo de andar de polainas e
geria muito bem o seu negócio, vivendo de um modo abastado.
Magude
– Vem do nome de um grande rei tribal do povo Cossa da zona de Cosseni,
chamado Magudzo que sempre resistiu e se opôs à submissão aos filhos de
Soshangane que eram Muéué e Muzila. Já que Soshangane morrera em 1859, Muzila
vence-o na guerra e ele alia-se aos portugueses prestando vassalagem à coroa
portuguesa, a 20.12.1861 Portugal derrota Muéué e Magudzo vê-se novamente dono
das terras que haviam sido do seu avô Magudzulane que se estendem até ao
território das Mabila ou Bila. Deixou o seu cral em Magul e foi instalar-se
nas margens do rio da lagoa Chicotiva próximo da actual vila de Magude, faleceu
em 1874, ficando a regência para seu filho menor Chonguela e quem rege o
império enquanto ele cresce é o seu tio o seu tio Mafabaze ao mesmo temo que
Ngungunhana após matar o seu irmão, ascende ao trono do nduândués em 1874. Em
1890 Mafabaze sente-se ameaçado de morte por Ningunhana e repete o gesto do seu
irmão, foi a Lourenço Marques pediu protecção aos portugueses para si e seu
tutelado Chonguela, sendo a 2ª vez que os anduândués atacavam a zona. Portugal
decide instalar o primeiro destacamento militar português sob o comando de
tenente de artilharia, Eduardo Augusto Pereira da Cunha e esta zona nunca mais
foi ameaçada pelos nduândués.
Maguijane – Hoje conhecido por Guijá,
nome de um chefe tribal manguni anduândués que em changana quer dizer “O
ágil ou homem ágil ou homem rápido” aku guidgima quer dizer correr muito. Povoação
do concelho de Chibuto.
Malanga – Vem do zulu ronga e
changana, Ilanga, Languene que quer dizer o sítio Sol. Malanga era uma
mulher conhecida como sendo "hossi wa va nkwanhana" que se dedicava
ao negócio da venda de mulheres.
Malvérnia – Criada em 1956 em homenagem a Sir Godfrey Huggins,
Visconde Malvern, antigo primeiro ministro da Rodésia do Sul e Federação da
África Central, Sede do Concelho da Malvérnia, Gaza, centro ferroviário
junto à fronteira com a Rodésia actual Zimbabwe.
Manica
– Manica quer dizer da tribo Nica - “Ma (os) Nica. O seu chefe mais
conhecido foi Mtassa. É uma vila de Sofala, Beira.
Manjacaze – Vem de MandlhaKazi que foi um régulo da zona e foi um cral
dos mangunes. Mandlhakazi quer dizer "poder de sangue". Os suiços
chamavam à zona de Mandlhacaze.
Maputo
- Concelho do distrito de Maputo, com sede em Bela Vista antiga
Micau. Rio com o mesmo nome vindo da África do Sul e Swazilândia onde se chama
Mpongola river, que desagua na baia da actual Maputo e ex Lourenço Marques,
antigamente chamou-se rio Machavana e depois passou a chamar-se rio Lisuto.
Nkuagobe régulo poderoso descendente dos Tembe, residia nas terras de Matutuine
na povoação de Madubula onde hoje é o cemitério real. Teve 3 filhos Npuko,
Mpaniela e Maputyo. Maputio era o filho predilecto de Nkuagobe e herdou do pai
as terras da margem direita do Rio Lisuto terra essa que hoje se chama de
Mcassane, mais tarde o rio tomou o seu nome “Maputo”, as terras de Maputio
estendiam-se desde Inhyaka (Inhaca) a norte e por conquista bélica, até
Songandabe e Mepelenda a sul. Maputio reinou muito tempo e deve ter morrido
entre 1790 e 1795 e quem lhe sucede é Macassane.
Matola
- Vem de Matsolo, tribo que se fixou na zona desde o século II.
Moamba
– Vem do nome do régulo local que se chamava Nkuamba. Nkwamba quer dizer –
colmeia, cortiço, cesto. A Moamba era habitada por tribos vindas da zona da
actual Swazilandia, os baronga ou varonga comandados pelo régulo Copo, atacaram
os primitivos da terra e venceram, pois os primitivos só tinham mocas e zagaias
de pau para lutar e os baronga traziam já machados e zagaias de ferro,
estabeleceram-se pequenas vilas com pequenos chefes.
Moçambique – a ilha foi visitada por Vasco da Gama a 2 de Março de 1498.
Foi a capital de Moçambique até 1898 e baptizada por Vasco da Gama com o
nome de São Sebastião de Moçambique. Os nativos chamavam à ilha de Muipite
e os árabes chamavam-na Mulbaiuni, O chefe da ilha chamava-se Socoeja e o
Xeique chamava-se Mussa M´Biki e Vasco da Gama deu-lhe o nome de São Sebastião
de Moçambique. Vasco da Gama foi bem recebido tanto por árabes como por
nativos porque eram pessoas habituadas a negociar com qualquer barco que ali
parasse.
Montepuez -
Morrumbene – Sede do concelho de Morrumbene em Inhambane, o seu
nome vem de “Morrombe” uma árvore.
Munhuana
– Vem de Munhuane, clã que acreditava que os seus antepassados
tinham vindo do sol. Lugar do sal por causa das lagoas salgadas.
Mutarara
-
Nacala
– Diz-se ser de origem quicuio formada por 2 vocábulos “Na Kala” que
significa “o lugar do caranguejo”. No entanto o crustáceo não é abundante
neste local a não ser que tenha desaparecido nos tempos modernos A versão mais
credível é que seja também da língua quicuia quer dizer “Quietude, Calmaria”
devido às águas do seu porto serem muito calmas
Nampula – Nome
do régulo da zona que se chamava “Mpula” que quer dizer chuva, era um
régulo muito amigo dos portugueses e a sua terra manteve o seu nome.
Acreditavam que o seu clã descendia do sol e nas suas orções era sempre
mencionado o sol e a chuva
Namialo
-
Nicuadala -
Pemba
-
Polana - O régulo Muzila, filho de
Manicusse e pai de Ngungunhana acampou onde hoje está o hotel Polana. Clã sul
africano dos ba pula, ou ba pulana.
Ponta do Ouro - Nome dado por
as suas areias serem muito finas e brilharem como ouro.
Quelimane - Há muitas hipóteses sobre a origem deste nome mas a que
parece mais certa é a que Kilimo ou Kiliane quer dizer Monte em swaili.
Os chuabos identificaram-se como sendo os do clã Limane provenientes do Monte
Limane ou Alimane, (kili-mane tal como Kili-manjaro) os
portugueses chegaram lá a 15 de Janeiro de 1498 ao fim da tarde, de
manhã foram pequenas embarcações ao seu encontro com homens mais escuros e
outros mais baços, eram muito asseados e tomavam banho por isso lhe foi dada
autorização para entrarem dentro da nau que o fizeram com o maior à vontade de
quem já conhecia naus do género. Vasco da Gama mandou-os vestir com
roupas de seda colorida e chamou-os de “a terra da boa gente” e deu à terra o
nome de São Rafael e ao Rio o nome de Rio dos Bons Sinais e deixou lá 2
portugueses. Mais tarde foi dado o nome de Vila Porto mas não pegou porque a
população chamava-se a si próprio os quilimane e os portugueses deram o nome de
Vila de São Martinho de Quelimane à zona. Outra hipótese é que a palavra
vem de kulima, kulimar (trabalhar a terra) a que se juntou o Limane
ficando Quelimane, mas para isso teria ficado Culimane e não Quelimane, faz
mais senso q seja o nome do monte + tribo. Quando os portugueses chegaram a
Quelimane pela 1ª vez, era um árabe ou seu descendente que serviu de
intérprete em nativos e portugueses e em árabe corrompido, a palavra dita
intérprete era chamada Kaliman. Quelimane não tem nada a ver com o Kill
man que se diz. Aliás o nome de Mata Homem, nunca podia estar aliado a São
Martinho de Mata homem, santo e matança não combinam, para além de nesta época
os ingleses ainda nem terem passado pela zona.
Sabié
– nasce na África do Sul onde leva o mesmo nome, entra em Moçambique
pela Moamba, o seu nome vem de “Misaba” “Misava” que quer dizer areia.
Salamanga
– vem de “ku sala” que é ficar e “manga” que é mentira, Dizem que por volta de
1830 os impies do Tchaca Zulu convidaram a população para um banquete a que
todos compareceram, depois de embriagados foram chacinados e a terra passou a
chamar-se “ficou a mentira”.
São José de Lhanguene – Lhanguene
vem de Caniçal “a nlhanga” caniço, muitos nativos desta zona acreditavam
que os seus antepassados haviam nascido de uma cana de caniço.
Sofala
– O seu primeiro nome foi Baani mais tarde foi substituído por um nome
árabe que muitos pronunciavam “Zufar” “Sofara” “Sofar” e “Sfar” mas o nome
mais correcto é “Sufalah” que quer dizer terra baixa em árabe. Os persas
chamavam-lhe “Sufalah de wak wak” que é a “Sofala dos nativos bosquimanos” Os
árabes chamavam Sofala as zonas entre os rios Limpopo e o Zambeze.
Somerschield – O médico norueguês Dr. Oscar Somerschield andou pela
África do Sul e Central e esteve em Lourenço Marques onde se tornou
concessionário da Quinta Somerschield com o seu nome, com o andar dos tempos
esta quinta foi atalhoada e veio a dar num belíssimo bairro com lindas mansões
e vivendas, muitas vezes se escreve erradamente Sommerschield, Somerchield
Somerchield, etc… mas a escrita correcta é Somerschield.
Sta Carolina Ilha - O primeiro nome
foi Ilha Carolina, mas a igreja quis que se lhe acrescentasse Santa.
Xefina ilha – O primeiro nome foi
Angili.
Xai Xai ou
Chai Chai – nome também muito usado para João Belo, vem do
zulo (shaya) que quer dizer bater – Cp Chaimite
Zambeze
– Rio que leva vários nomes ao longo do seu percurso de 2200kms que percorre
de Oeste a Leste nasce no Monte Caomba da fronteira com Angola, passa pelo
Botswana, Zâmbia, Zimbabwe e Moçambique, em todos os países teve o seu nome
nativo que está relacionado com a sua grandiosidade. O padre António
Gomes da companhia de Jesus, quando visitou o império Monomotapa viu o rio
e disse “Este é aquele rio a que os cafres chamam Reis das Águas”. Os nomes que
antes levava nas várias localidades eram: Nkossi ya mati, Hossi ya mazi, Ambei,
Engwebeni, Zambazi, Liambai (grande rio na lingua dos baroce) Luambéji, Luambési,
Ambési, Ojimbési
Um comentário:
Olá
O nome do médico era, e escreve-se, "Somershield". Sem "c" antes do "h".
Um abraço, ABM
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