quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Saber às pinguinhas, 5



História, 8º ano,(2)
Manual: «MISSÃO HISTÓRIA (Porto Editora)

Tema: «O Renascimento e a formação da nova mentalidade»

1- Confronto com novas realidades e formas de pensar, uma das consequências, enriquecedora, da Expansão marítima.
2 – Formas de pensar medievais postas em causa, devido à imposição do conceito humanista.
3- RENASCIMENTO: (Sécs. XV e XVI): Movimento de renovação cultural na Europa, inspirado nas civilizações clássicas grega e romana, e tentando abolir o conceito filosófico medieval do teocentrismo  (Deus centro do Universo, a vida vivida em função da vida eterna).
4- Ao teocentrismo, sucede assim o antropocentrismo (o Homem valorizado como centro do pensamento e das preocupações).

II- A Itália berço do Renascimento
1-  Renascimento iniciado nas repúblicas italianas mais ricas da Itália (Florença Génova, Milão e Veneza).

2- Razões desse facto:
            - Riqueza das cidades italianas (Comércio com o Oriente, por via das rotas de caravanas de mercadores vindos do oriente ou do norte de África, e de barcos chegados a Génova e Veneza, vindos de de Alexandria e Constantinopla… );
            - Mecenato de príncipes e burgueses, rivalizando em ostentação artística (palácios, ornamentações) e proteccionista - de escritores e artistas;
            - Presença em Itália de sábios gregos e bizantinos que preservaram a cultura clássica de que os seus países foram berço, juntamente com a Itália.
            - Existência de muitas  Escolas de Arte e Universidades;
            - Vestígios de monumentos romanos inspiradores dos artistas.

3- Expansão do Renascimento cultural e artístico pelo resto da Europa nos século XV e XVI .
4- Em Portugal, o Renascimento é mais tardio, em consequência dos Descobrimentos. (Foi o poeta Sá de Miranda o introdutor do Renascimento literário em Portugal  - o doce estilo novonão só nas formas poéticas (soneto, decassílabo, alexandrino, écloga, elegia, comédia…), como nas temáticas do amor, da beleza, da natureza, da mudança, da efemeridade…).
III – Os novos valores da mentalidade renascentista:

( Definição de conceitos: Humanismo: Valor da mentalidade renascentista que valorizava o ser humano e as suas capacidades. Classicismo: Tendência artística e literária inspirada nos modelos da Antiguidade clássica (civilizações grega e romana): abrange três séculos: Renascimento (séc. XVI); Barroco (séc. XVII); Iluminismo (séc.XVIII). Espírito crítico: Princípio segundo o qual não se devem aceitar teorias ou factos sem os compreender e sem apurar a sua veracidade. Heliocentrismo:  Teoria defendida por Copérnico segundo a qual o Sol é uma estrela fixa em volta da qual giram aos planetas. (Oposta ao Geocentrismo medieval (defendido por Copérnico)
Pondo a Terra no centro do Universo, eos corpos celestes, como o Sol, girando em seu redor ).

1- Interesse dos intelectuais europeus dos séculos XV e XVI pela cultura clássica, valorizando as capacidades do ser humano (Humanismo).
2- A mentalidade renascentista marcada também por outros valores, como: classicismo (regresso aos valores da Antiguidade Clássica, copiando e interpretando os temas e as formas da literatura e da arte greco-romanas; individualismo (a pessoa deve valorizar-se pelas suas qualidades e actos, com desejo de fama e glória); o espírito crítico (valoriza a razão e o pensamento, pondo em causa os dogmas e o saber livresco).
3- A mentalidade renascentista defende uma abertura face ao conhecimento e aos estudo de todas as áreas do saber; o homem reconhecido socialmente deve ser completo e perfeito, com uma boa formação cívica, intelectual e física, segundo o lema latino “mens sana in corpore sano” (=espírito  são em corpo são). O “Homem ideal” do Renascimento (“l’Honnête Homme”, em francês) deve saber estar à mesa, ser cordial, ser simultaneamente um poeta, um erudito e um guerreiro. Leonardo da Vinci e Alberto Moravia exemplos de formação integral).

4- A valorização da experiência
 - Os humanistas defendem que todo o conhecimento deve ser confirmado poela razão e pela experiência.
- A observação da Natureza e a valorização da experiência contribuem para o desenvolvimento de muitas ciências, através de descobertas como o heliocentrismo, que teve grande resistência, sobretudo da Igreja, que dominava o ensino.

IV- O Humanismo e a renovação literária
1- Restauração, tradução e comentário de obras clássicas feitos pelos humanistas, originando novos conhecimentos (enriquecidos pelas descobertas científicas que a expansão proporcionou), origem da renovação literária.
2- Exemplo de humanistas:
Erasmo de Roterdão, um dos mais importantes humanistas do século XVI. No seu livro  O Elogio da Loucura”, critica ironicamente a corrupção do clero, dos reis, cortesãos e mercadores, apelando à recuperação de valores como a humildade, caridade e fraternidade.
O inglês Thomas More escreve “Utopia”, inspirada nas ideias do filósofo grego  Platão, idealizando um reino-ilha cuja sociedade funciona de modo justo e perfeito.
Autores italianos do Renascimento: Petrarca (séc XIV); Pico della Mirandola; Baltasar Castiglione; Nicolau Maquiavel (Obra: «O Príncipe”, inspirador do absolutismo dos reis).
Autores ingleses: William Shakespeare, dramaturgo, autor de Hamlet, Otelo, Macbeth, Romeu e Julieta, O Rei Lear (inspirador de «Leandro, rei da Helíria» da Alice Vieira,).
Autores espanhóis: Miguel de Cervantes , autor de “Dom Quixote de la Mancha), o poeta Quevedo
Autores  Franceses: Rabelais, autor de Gargantua et Pantagruel, de grande mensagem crítica (Frase de Rabelais: “A ignorância é a mãe de todos os males”;  Montaigne (Ensaios”): destaca o valor da cultura, e a capacidade de saber julgar e duvidar, até mesmo a autoridade dos Antigos.
Autores portugueses: Luís de Camões, Sá de Miranda (poetas); historiadores: Damião de Góis, João de Barros; as mulheres humanistas Joana Vaz, as irmãs Luísa e Ângela Sigea, Paula Vicente, filha do dramaturgo Gil Vicente. Fernão Mendes Pinto, autor do livro de viagens pelo Oriente “Peregrinação”, embora de escrita ainda não clássica.

3- Difusão das ideias do Renascimento: Essa difusão é beneficiada pela invenção da imprensa por Gutemberg, em 1445, que permite produzir livros mais baratos e em maior quantidade.
As ideias humanistas são difundidas nas cidades europeias, como Paris, Roterdão, Oxford, Cambridge, Lovaina, Vitemberga…

Notas: A xilografia era praticada pelos Chineses desde o século VII: usavam uma prancha de madeira para gravar imagens e textos, que podiam ser reproduzidos por estampagem. No séc. XI, Bi Sheng, ferreiro e alquimista, aperfeiçoou a técnica, criando caracteres móveis.
A invenção de Gutemberg: Gutemberg pretendia apenas descobrir um processo que fosse mais eficaz na manufactura dos livros, sem prever as extraordinárias consequências do seu invento. No final do séc. XV mais de 250 cidades europeias tinham oficinas de tipografia a funcionar. (Alberto Labarre, História do Livro).

(Fonte: Internet): O primeiro livro impresso com a técnica de Gutenberg é chamado de Bíblia em Latim. O livro tinha 641 páginas que foram forjadas em letras em chumbo e arranjadas manualmente. A Bíblia de Gutenberg foi impressa com estilo de escrita gótica. Foram feitos cerca de 300 exemplares do livro, todos com detalhes minuciosos desenvolvidos pelo alemão Johannes Gutenberg.

V- A ARTE DO RENASCIMENTO
1- O Renascimento também se reflectiu na arte, quebrando a tradição medieval de religiosidade e didactismo, num retorno aos modelos clássicos greco-latinos:
1.1- Características gerais da arte renascentista:
- Classicismo: regresso à representação do nu e dos temas mitológicos.
- Novos valores humanistas, defendendo queo homem é a medida de todas as coisas”.
- Novas soluções técnicas: perspectiva; preocupação com o rigor e a perfeição.
- Novos cânones (ou seja, regras e proporções) para a construção de edifícios, assim como para a criação de esculturas e pinturas.
- Naturalismo e realismo: as figuras esculpidas em semelhança com a realidade.
- Proporcionalidade: as esculturas podem atingir grandes dimensões, mas respeitam sempre as proporções dos corpos.
-Composições geométricas: as esculturas inserem-se em formas geométricas, como pirâmides, quadrados ou rectângulos (Ex: Pietà de Miguel Ângelo (composição inserida em pirâmide): exposta na Basílica de S. Pedro no Vaticano (1499). O artista tinha 23 anos, foi a sua primeira grande encomenda religiosa. (pág. 66)

1.2- Principais características da arte renascentista presentes na arquitectura, escultura e pintura: harmonia, equilíbrio e ordem.
(Este movimento surgiu em Florença, no início do séc. XV e espalhou-se na Europa.

a) Arquitectura renascentista:
Aplica um conjunto de elementos inspirados nas construções clássicas, sobretudo romanas: Monumentalidade dos edifícios, arco redondo, cúpulas de sobreposição de ordens (dórica, jónica, coríntica).
Principais características da arquitectura renascentista:
- Uso de arcos de volta perfeita ou redondos; utilização de cúpulas e cobertura em abóbada de berço; aplicação de frontões triangulares nas fachadas;  uso de colunas e pilastras (=pilar fundido numa parede) com capitéis clássicos (das ordens dórica, jónica e coríntia: uso de cornijas e balaústres a coroar os terraços. A impressão de horizontalidade nas construções.
Pág. 64: 1- Foto da Catedral de Santa Maria das Flores, em Florença (exterior e interior) (1420 e 1436): A sua cúpula serviu de inspiração a Miguel Ângelo para construir a cúpula da Basílica de S. Pedro, no Vaticano.
2- Elementos estruturais da arquitectura renascentista representados num edifício em corte.
b) Principais características da escultura renascentista:
1 - Corpo humano representado com rigor anatómico, (devido aos progressos da medicina). Os principais temas da escultura eram inspirados na Antiguidade clássica. O gosto pelo nu explica-se pelo desejo de representar a perfeição do corpo humano.
2 - A escultura deixa de ser apenas um elemento  decorativo da arquitectura e passa a ter valor por si e os escultores valorizados como artistas: Andrea Verrochio, Donatello e Miguel Ângelo - alguns dos principais escultores da Renascença italiana.
c) A pintura renascentista
1- O Renascimento foi um dos períodos mais ricos da pintura na Europa, com novas técnicas e formas de representação da realidade.
2- Principais temas inspirados na Antiguidade: cenas da mitologia, mas também temas religiosos e, motivada pelo individualismo e pelo mecenato, a pintura de retratos.
3- Os principais pintores renascentistas italianos: Botticelli, Leonardo da Vinci, Miguel Ângelo e Rafael. Da Flandres: Van Eyck, Jerónimo Bosch e Brueghel. Da Espanha: El Greco. Da Alemanha: Dürer e Holbein. De Portugal: Nuno Gonçalves.

Pág. 66:  Retrato da Gioconda:
Características:
Novas técnicas como a pintura a óleo (inventada pelos pintores flamengos. Representação da terceira dimensão através da perspectiva. Aplicação da técnica do sfumato, envolvendo os espaços e figuras mais afastadas numa espécie de névoa. Realismo e naturalidade das figuras. Proporcionalidade das formas (aplicação de cânones).

VI- Como se caracteriza a arte portuguesa dos séculos XV e XVI:

1- Os séculos XV e XVI marcados pela permanência de formas e modelos da arte gótica.
2- No reinado de D. Manuel I desenvolveu-se estilo arquitectónico chamado de arte manuelina (baseado na estrutura gótica, mas com uma decoração naturalista e alusiva às viagens marítimas da expansão e aos símbolos nacionais do reinado de D. Manuel I)
3- Os elementos decorativos mais usados ligam-se ao contexto dos Descobrimentos e de afirmação do país: elementos marítimos (redes, cordames, conchas, barcos, algas, incrustações de coral) e símbolos nacionais (esfera armilar, cruz da Ordem de Cristo, escudo real). Há também muitos elementos naturalistas (raízes, troncos, folhagens) que já existiam no estilo gótico.
4- Principais edifícios com elementos do Manuelino são: o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém, em Lisboa, o Convento de Cristo (Janela) em Tomar, e o Convento de Jesus em Setúbal (Imagens na pág. 68)

VII- A arte renascentista em Portugal
1- A arte renascentista em Portugal foi mais tardia, só se desenvolveu a partir do reinado de D. João III (1521-1557).
2- Alguns dos monumentos mais representativos da arquitectura renascentista em Portugal são: Ermida de Nossa Senhora da Conceição, em Tomar (imagem p. 69: características renascentistas de horizontalidade, frontão triangular, arco redondo), a Igreja da Graça em Évora, os claustros do Convento de Cristo em Tomar, e os claustros do Convento da Assunção em Faro. Nas sés de Miranda, Portalegre e Leiria são também notórias influências renascentistas.
3- A pintura recebeu influência dos flamengos, talvez porque Portugal tinha uma feitoria na Flandres.
4- A escultura e as artes decorativas receberam influência italiana.

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