quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Ricardo Sá Fernandes



Ouvi esta noite, na RTP, o programa “O outro lado”, moderado por João Adelino Faria, sobre dois temas que estão na ordem do dia: o futuro do PSD, com um Pedro Passos Coelho a “estender-se ao comprido” à medida que António Costa canta vitórias, e o futuro de António Guterres como Secretário Geral da ONU. A questão de Guterres  pareceu banal, falou-se nos “desafios” a que um mundo cada vez mais descontrolado impõe que se responda, sem grande esperança de sucesso, embora todos julguem a dedicação de Guterres sincera, tal como o é a do Papa Francisco.
De repente, depois de se expor sobre a corrente de opinião derrotista sobre Passos Coelho, que a imprensa cavilosamente salienta – neste caso pela voz insistente de João Adelino Faria, e a que dois dos intervenientes responderam com  maior ou menor consistência, (a questão de Rui Rio como próximo leader do PSD – lagarto, lagarto! – vindo à baila, ou outro qualquer proponente interessado no cargo), ergueu-se a voz de Ricardo Sá Fernandes, que escutei com verdadeiro fervor. Vi ali um homem corajoso defendendo outro homem corajoso – Passos Coelho – referindo o contexto de dificuldade da sua anterior actuação como ministro, que ele foi superando, o que todos fazem por ignorar, salientando o seu papel apagado de hoje, que alguns “baronetes” (expressão de Sá Fernandes) fazem manhosamente soar “na cidade”, como outrora descrevera Fernão Lopes, puras “vozes de arruído” no seu próprio partido, ao que parece. Sá Fernandes mostrou bem quanto a atitude discreta de Passos Coelho, hoje, corresponde não a uma atitude de fraqueza timorata de perdedor desistente, mas de uma atitude corajosa de quem conhece quanto de ilusório existe no clima actual de “ausência de austeridade”, (o que, aliás os outros comentadores críticos também referiram), e que, quando, provavelmente, a “geringonça” se desmantelar, ele ali estará, a tentar erguer, uma vez mais, os destroços de uma governação atamancada. Não por ambição pessoal, mas por dedicação ao país.
Fiquei admirada com o desassombro de Ricardo Sá Fernandes em defender um, não sei se amigo, mas para todos os efeitos, alguém a quem reconhece o valor de sempre, que, porque está na “mó de baixo”, todos se apressam a destruir, como na fábula do leão velho, “atacado pelos seus vassalos, fortalecidos pela fraqueza daquele” .
Ainda bem que ouvi o programa, já um  pouco tarde na noite, e apenas por acaso. Fez-me conhecer um homem de lealdade e coragem, capaz de contrariar uma corrente de opinião maldosa, rebaixadora e oportunista. Gostei.

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