Uma análise política de Manuel
Maria Carrilho extremamente bem concebida, sobre as profundas transformações
que a sociedade humana tem sofrido, assente em equívocos de que o professor
universitário extrapola os princípios, as causas e a gravidade. O artigo
provocou um conjunto de comentários a que reconheço o interesse, e com gosto os
transcrevo também, feliz por poder parafrasear António Nobre, acrescentando, ao
seu populismo saudoso e maravilhado no encanto do mundo dos simples, o lote das gentes intelectuais,
atentas ao mundo, que bem gostaria que fosse de igual tamanho ao do mundo menos
sofisticado que Anto preferiu, de poveirinhos e romarias, na solidão do seu “SÓ”.
A aposição do "pensamento" de Einstein em epígrafe, servindo de fio condutor do texto de Carrilho, aponta para outros ideais de soluções que provavelmente só encontrarão cepticismo pela frente. Aguardemos.
Uma notícia entretanto, que leio na internet, informa que Putin e Donald vão desenvolver os seus arsenais nucleares...
Os equívocos de Sampaio, e não só!...
Público, 10 de Dezembro de 2016
“Não se
resolve um problema com as ideias que o criaram"
Einstein
A
decisão do povo italiano no referendo deste último domingo é mais um forte
elemento a confirmar que estamos na concha de uma imensa vaga, que ninguém sabe
para onde se dirige. Reconhecê-lo humildemente é, a meu ver, a
condição sine qua non para se tentar pensar não só o mundo que
lá vem, como o que, embora ainda em boa parte invisível, já aí está,
configurando uma situação histórica completamente inédita.
Os
artigos que no mês passado foram sendo publicados no PÚBLICO, primeiro o
longo texto de Jorge Sampaio, depois os de Santos Silva, Manuel Alegre ou
Catarina Martins, entre outros, são uma boa ilustração das dificuldades
actuais em seguir esta via. Melhor, eles são, embora de modos diversos, uma
excelente síntese dos principais lugares comuns que se vêm repetindo há anos,
indiferentes à extrema singularidade histórica que vivemos, impedindo de pensar
o mundo de hoje e conduzindo aos mais graves e paralisantes equívocos.
Estes equívocos são muitos, destacarei aqui apenas seis: o equívoco
europeu, o equívoco da globalização, o equívoco do crescimento, o equívoco da
democracia, o equívoco do populismo e o equívoco da esquerda. E fá-lo-ei de
um modo necessariamente breve, porque cada um deles merecia, por si só, um ou
vários artigos.
Estes
equívocos delimitam o círculo vicioso do politicamente correcto dos nossos dias.
E formam o caldo onde se revela a mediocridade dos agentes políticos e
mediáticos, onde se esconde o poder financeiro e onde ferve a cólera dos povos.
E o melhor modo de iluminar estes equívocos é confrontando-os, um por um, com
uma tese clara que, por contraste mas não só, ajude a compreendê-los e a
ultrapassá-los.
O equívoco europeu
Comecemos
pelo equívoco europeu. A minha tese é que o projecto europeu
está, desde 2010, em decomposição. Essa decomposição iniciou-se com a
crise grega e não parou mais. Nem vai parar, todos os sinais são no sentido que
ela vai continuar até ao seu previsível colapso. Como diz o provérbio, penso
que asiático, pode-se prever uma avalancha, mas não se pode evitá-la. É essa a
situação da Europa, e muito particularmente da Zona Euro.
A
sua decomposição não é um mistério nem devia ser uma surpresa. Ela é a
consequência normal de um facto muito simples, que foi o de durante dez anos se
ter prometido aos europeus que, com a moeda única, haveria mais equilíbrio das
contas públicas, mais solidariedade entre os povos e maior crescimento
económico. E de, em vez disso, ter acontecido exactamente o contrário, isto é,
temos hoje maior desequilíbrio das contas públicas, nenhuma solidariedade entre
os povos e um crescimento quase nulo. Sem que destes factos os responsáveis
se mostrassem capazes de extrair a mais elementar lição. Ou seja, enquanto os
povos europeus perceberam tudo isto, a generalidade dos políticos e
dos media persistiram, e persistem ainda, na propaganda e na
mentira, bloqueando assim todas as soluções políticas para a crise,
nomeadamente as saídas - que tiveram talvez o seu tempo - mais ou menos
federalistas.
O
que aconteceu foi que, na verdade, a moeda única estrangulou o projecto
europeu reduzindo-o, na década de 90 do século XX, a um economicismo cego, desperdiçando
o enorme potencial histórico e cultural da Europa, isto é, das nações
europeias. Nenhum espaço público comum foi criado, nenhum símbolo colectivo se
impôs, nenhum quadro partilhado de valores foi assumido, e isto num momento em
que o financismo transformava profundamente – em rigor, revolucionava – o
capitalismo tradicional.
E
também nenhum povo europeu se constituiu entretanto, o “povo europeu” não se
transformou numa entidade política, mas apenas na metáfora de uma
irredutível pluralidade de povos. E, por isso, a crise do euro é também a
crise de uma moeda sem soberano, ou seja, de uma moeda em rigor impossível. E
agora os povos querem voltar para casa, tudo indicando que não vão parar até o
conseguirem.
O equívoco da globalização
Este
equívoco conduz directamente ao equívoco da globalização. A minha tese, aqui, é
que ao contrário do que quase sempre se diz, a globalização não foi um
processo contra a Europa mas, em grande parte, uma obra da própria Europa. E
que é uma falsificação grosseira apresentar a globalização como algo exterior à
Europa, tantas vezes mesmo como o “inimigo externo” a que a Europa iria fazer
frente, tendo-se até chegado a pretender fazer da Europa um “escudo” contra a
globalização!
A
verdade é, contudo, bem diferente: a União Europeia foi um diligente e
eficaz operador da globalização nos finais do século XX e começos do século
XXI. Mas como o processo tinha custos (nomeadamente em termos de emprego),
foi-se diabolizando a globalização num imaginário tão sedutor como irrealista,
fingindo ignorar os seus aspectos positivos (os preços mais baixos, diminuição
global da pobreza, etc.) e acentuando os negativos.
Em
rigor, a “construção europeia” da última década do século XX não foi mais do
que a realização, digamos, regional, da globalização: ambas confluíram na
anulação das soberanias democráticas, ambas apostaram na liberalização de
circulação de tudo ( pessoas, bens, capitais, etc.) e ambas aumentaram a tutela
do financismo sobre a vontade dos povos.
O equívoco do crescimento
O
terceiro equívoco é o do crescimento - e, aqui, a minha tese é que, se
quando se fala de crescimento se pensa em valores de 3% para cima, o
crescimento acabou. Este equívoco nasceu do facto de se ter tomado aquilo
que foi uma situação absolutamente excepcional na história da Europa entre 1948
e 1973, ou seja, um crescimento a rondar valores de 3% a 5% ou mais, como a
norma que regeria as nossas economias para todo o sempre.
Ignorou-se
assim o essencial, isto é, que esse crescimento foi a consequência de um vasto
conjunto de revoluções irrepetíveis e de imenso impacto (nomeadamente, entre
outras, a industrialização, a urbanização, a emancipação feminina, como
bem mostrou Robert J. Gordon no seu magnífico The Rise and the Fall of
American Growth, publicado em Abril passado), e beneficiou de um contexto
singular: o pós-guerra, o plano Marshall, a explosão do consumo, etc..
Contexto em que, é preciso lembrá-lo, se procedeu ainda a uma ampla anulação
das dívidas do passado, nomeadamente da Alemanha, que teve em 1953 a sua enorme
dívida suspensa até à reunificação das duas Alemanhas, em 1990.
O
problema, que é o verdadeiro nó górdio da política actual, é que a grande
novidade do pós-guerra do século passado, foi que se fez do crescimento a
matriz nuclear da própria política, pelo que a crise hoje é, antes do mais, a
crise do papel político do crescimento.
O equívoco da democracia
O
quarto equívoco, o da democracia, conduz-me à tese que estamos a
entrar numa era em que há cada vez mais política fora da democracia. A
articulação inaugural da instituição da democracia foi a que ligou a liberdade
individual e o poder colectivo. Ora hoje vivemos, numa atordoante permanência, o
paradoxo de sermos individualmente cada vez mais livres mas, ao mesmo tempo,
sermos colectivamente cada vez mais impotentes.
Ou
seja, vivemos numa cada vez mais funda desarticulação do que foi sempre a articulação
nuclear da democracia, que ligava estreitamente a liberdade dos indivíduos e o
poder do colectivo. Esta desarticulação é o vulcão em que assentam as
nossas sociedades, que exactamente por isso não conseguem - pela primeira vez
desde há séculos - ter uma ideia global sobre si próprias, vivendo como que
atordoadas pelo torrencial fluxo de acontecimentos que não compreendem.
Como
há meses Yascha Mounk e Roberto Stephen Foa mostraram, no seu excelente artigo
“The Democratic Disconnect”, a vertiginosa queda da percentagem de cidadãos
que, nos Estados Unidos e na União Europeias, acham “essencial” viver num
país democrático, bem como o aumento percentual daqueles que se revelam abertos
a soluções políticas cada vez mais autoritárias, são sinais que anunciam
grandes e imprevisíveis mudanças no horizonte, sobretudo se tivermos em conta
que isso acontece principalmente com os cidadãos mais jovens.
Também
aqui, a “construção europeia” intensificou o problema em vez de o minimizar,
ao diminuir, ou mesmo eliminar, no âmbito da decisão política a margem de
manobra que existia nos espaços nacionais. Esta Europa foi tomada por
uma ambição claramente pós-política, a de reduzir a democracia ao exercício
cada vez mais amplo das liberdades individuais.
O equívoco do populismo
O
quinto equívoco é o do populismo, e a minha tese é que a invocação do
populismo traduz hoje, sobretudo, medo do povo. Este medo decorre de o
povo ser o recalcado de um vanguardismo que acabou por tomar conta de todas as
políticas e de todos os políticos e, simultaneamente, o negativo da democracia
representativa, de todos os fracassos e impasses que levaram à generalizada
desconfiança, quando não à mera rejeição, que ela suscita.
Em
rigor, o populismo devia significar a defesa do poder do povo. Mas
a história do século XX, com as suas experiências totalitárias (fascismo,
comunismo, etc.), por um lado, e a contínua degradação da representação
política, por outro lado, acabaram por fazer dele um sinónimo de manipulação
da vontade popular. Dever-se-ia mais propriamente falar de demagogia,
do que de populismo. Mas os dados estão há muito lançados, a palavra está
marcada, contaminada pelo seu uso dominante.
Este uso tornou contudo o populismo, mais do que num
equívoco, numa palavra-fetiche sem qualquer conteúdo preciso, onde hoje
se penduram todos os políticos e todos os media que, presos a lentes
cada vezes mais opacas de há 30 ou 40 anos, pretendem desqualificar todos os fenómenos
que abalam os seus dogmas. Políticos e media que parece
terem feito do “estado de surpresa” a sua condição e profissão, sempre
incapazes de compreenderem as verdadeiras causas históricas - sejam de ordem
política, económica ou cultural - desses fenómenos, sejam eles o “Brexit”, a
Marinne Le Pen, o Donald Trump ou o Beppe Grillo, como de novo se viu agora em
Itália.
O equívoco da esquerda
Por
fim, temos o equívoco da esquerda, cujo corolário em termos de tese é simples
de enunciar: a esquerda acabou. Se ressuscitará ou não ninguém
sabe, mas a esquerda como corpo doutrinário ou ideológico, coerente e
mobilizador de valores, capaz de estruturar convicções e projectos alternativos
à “ordem dominante”, desapareceu.
Essa
esquerda foi-se progressivamente dissolvendo nas últimas décadas no magma
ideológico e imaginário da direita, rendida e submissa ao “ar dos tempos”,
procurando fazer prova de vida com algumas tentativas pueris de fazer melhor do
que a direita - com mais jeito, com alguns remendos, com outros ritmos, mas
nada mais.
É
sobre estes equívocos, pelo menos sobre estes, que se impõe trabalhar. E
trabalhar não é lamuriar, é estruturar alternativas de facto, isto é, tanto de
ideologia como de imaginário, que hoje simplesmente não existem. Deste
ponto de vista, é verdadeiramente colossal a diferença entre o deserto de
ideias da crise actual e a vitalidade das primeiras décadas do século XX,
quando as alternativas jorravam, mobilizando em todos os sentidos - uns
melhores do que outros, como se sabe - os povos da Europa.
Só
um lúcido esclarecimento destes equívocos nos pode fazer sair do colete de
forças do politicamente correcto, que hoje marca transversalmente tanto a
direita como a esquerda. E assim permitir que enfrentemos o facto essencial da
nossa época, que é o de, se por um lado o capitalismo se revela incapaz de
encontrar soluções para a crise, por outro lado também não vemos aparecerem
quaisquer alternativas estruturadas e credíveis que o desafiem.
Há,
claro, razões conhecidas para isto. Em primeiro lugar, generalizou-se
a ideia de que a queda do Muro de Berlim, em 1989, foi a vitória de uma forma
de democracia que encontrava a sua forma final na sua pura e simples
identificação com o mercado. Seguidamente, não se compreendeu que
a globalização minava na sua raiz o compromisso social-democrata entre o
trabalho e o capital, deixando o trabalho preso às suas raízes nacionais
enquanto o capital se tornava cada vez mais solto num tabuleiro cada vez mais
mundial. E a terceira razão encontra-se na identificação dos
valores da modernidade com os da metamorfose do capitalismo na sua versão
financista — e aqui a terceira via, inspirada pela dupla Anthony Giddens/Tony
Blair, teve especiais responsabilidades.
O "endividualismo"
Mas
para lá de todos estes factores, há um outro a que é preciso dar toda a
atenção, e que, infelizmente, tem sido sistematicamente ignorado ou desprezado.
Trata-se do que eu tenho chamado o “endividualismo”, fenómeno que
cresceu com o paradigma do ilimitado - da energia, do consumo, dos
direitos, da dívida - e triunfou com a convergência das metamorfoses do
indivíduo e do consumo nas últimas décadas do século XX. Foi na verdade
este endividualismo que deu forma, tanto ao ultraliberalismo como ao mini
socialismo dos nossos dias.
O
endividualismo é um novo tipo de individualismo, um “individualismo
de massas” que, nas últimas décadas, foi impondo grandes mudanças no
tabuleiro e nas próprias regras do jogo político. Foi ele que inculcou,
transversalmente ao espectro político, valores e aspirações comuns, tornando
as diferenças muitas vezes indiferentes, quando não insignificantes. É
justamente por isso que agora, mesmo quando há mudanças, tudo muda tão pouco.
E que se enfatizam tanto as variações de estilo, ao contrário do que
acontece com as de substância ou de conteúdo.
O
endividualismo é o produto das últimas metamorfoses do indivíduo moderno, do
desenfreada expansão sua afirmação. Mas ele é também o resultado da
sua funda cumplicidade com o "paradigma do ilimitado" que
marcou todo o século passado, sobretudo a segunda metade, garantindo a todos
uma energia inesgotável, um consumo interminável e um crédito sem fim.
Dito
de outro modo: o endividualismo sinaliza uma nova era, a do jubilatório
apogeu do indivíduo que se realiza pelo crédito, isto é, pela dívida.
Ele tornou-se, no mundo de hoje, no pilar mais generalizado - e talvez no mais
resistente! - deste paradigma em crise. Ele decorre da convergência de três
factores: primeiro, da afirmação sem limites dos direitos dos
indivíduos. Depois, da progressiva identificação do direito com a
proteção da esfera do privado. Por fim, da rasura sem precedentes
das referências a valores ou convicções de ordem coletiva.
Mas
se a atenção a este endividualismo é pouca, ainda mais escassa é a atenção que se
dá ao fundamental facto de ele ter sido, e continuar a ser, viabilizado e
estimulado - ao contrário do que frequentemente se diz e por mais paradoxal que
tal possa parecer - pela poderosa afirmação de um Estado Social que, como bem
mostrou Marcel Gauchet, libertando pela primeira vez na história os
indivíduos da necessidade de terem de preparar o seu futuro e o dos seus
(garantindo-lhes reformas, educação, saúde, etc.), os tornou em soberanos
cada vez mais centrados em si próprios.
O
endividualismo acelerou, por isso, o processo atrás referido de desarticulação
interna das democracias, cavando um abismo cada vez maior entre a afirmação da
liberdade individual dos cidadãos e a sua capacidade de ação coletiva,
tornando-os cada vez mais livres, sem dúvida, mas também mais incapazes.
É
isto que faz da batalha das ideias o maior desafio do nosso tempo, para a qual
não se vislumbram ainda, ao nível político, capacidade intelectual ou
instrumentos analíticos à altura dos problemas do mundo contemporâneo, seja no
plano dos valores, da estratégia ou dos instrumentos de acção. É por aqui que,
a meu ver, é preciso começar.
Os comentários
· castro guedes
11.12.2016
Manuel
Maria Carrilho, constrói aqui um conjunto de 'desmontagens' do que, em seu
entender, são os 'equívocos' contemporâneos. Retenho com particular interesse o
que nos diz sobre o equívoco da democracia, quando afirma: "A articulação
inaugural da instituição da democracia foi a que ligou a liberdade individual e
o poder colectivo. Ora hoje vivemos, numa atordoante permanência, o paradoxo de
sermos individualmente cada vez mais livres mas, ao mesmo tempo, sermos
colectivamente cada vez mais impotentes". Julgo que vale a pena reflectir
sobre o dito no conjunto, independentemente daquilo em que nos possamos rever
ou discordar. É um útil e refrescante convite a pensar-pensar fora da 'pandemia
(des)ideológica que tornou inerte, viciado e vicioso, o discurso político e
sociológico em geral.
filomsousa
10.12.2016
Parece-me
que MMC foi criativo ao identificar vários dos sintomas/equívocos da doença
perigosa de morte. Parece-me que descreve bem o indivíduo individualista e
consumista. Até aqui estaremos todos de acordo com o que MMC nos elucidou. Mas
penso que MMC pecou por não tentar identificar as causas da doença. A partir
daqui, começariam as divergências. Uns acreditarão nas virtudes terapêuticas da
refundação do referido compromisso social-democrata, outros, descrentes, pensam
que o poder já não pertence à democracia, mas ao capital transnacional. Que os
governos eleitos já não têm poder; que os povos se revoltam (populismo) contra
a impotência e a farsa das instituições que os governam. Óscar Mota .
Amora
Bruegas
10.12.2016
Interessante
e diversificado artigo..., só não entendo a ênfase sobre Sampaio, amigo que foi
do déspota socialista Nicolae Ceausescu e seu regime, além de apoiante de Otelo
Carvalho (o das FP25Abril) a presidente em 1976. Infelizmente a esquerda não
acabou, nomeadamente pelo materialismo que tem abastardado a Direita, que tem
apunhalado os Valores Morais que no pós-II G.Guerra a fortaleceram. A esquerda
só tem valores relacionados com a repressão dos Direitos Humanos, da Justiça e
da liberdade, como se vê nos regimes de Cuba, Coreia do Norte, Angola,
Moçambique, Venezuela, etc... -Quem quer estes valores?
Zépedreiro
10.12.2016
"O
endividualismo acelerou, por isso, o processo atrás referido de desarticulação
interna das democracias, cavando um abismo cada vez maior entre a afirmação da
liberdade individual dos cidadãos e a sua capacidade de ação coletiva,
tornando-os cada vez mais livres, sem dúvida, mas também mais incapazes."
Só vejo uma forma de reduzir o abismo entre a afirmação da liberdade individual
dos cidadãos e a sua acção coletiva: é mudar o regime político, é meter sobre
tutela permanente o poder executivo à voltade popular, a democracia direta.
Luís
Moniz Pereira
10.12.2016
Boa
revisão da matéria dada, sr Prof! Mas já é dada há muito tempo e, como diz, não
há novos programas. O espaço está ocupado por algoritmos encrostados, e não há
reset possível. Excepto o da Natureza e o do Globo. Somos uma espécie
condenada, auto-canabalista, e decadente. É de começar a discussão por estes
pontos. Mas já lá vai o tempo em que os problemas se discutiam e resolviam pela
via da racionalidade. A apetência para a racionalidade argumentativa está lá,
como sempre esteve. E por isso as discussões espaço e tempo invasivas sobre
desporto. As outras desembocam na hipocrisia da sofística política e do
manobrismo manipulativo eleitoral. Do faz-de-conta e da reality show dos mídia.
A democracia pelo voto sem marketing sujo é cada vez mais ficção. A turbulência
inevitável, e a nave vai cair.
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