História -8º Ano
Manual: «Missão:
História» (Porto Editora)
Tema: Expansão e mudança nos séculos XVI
Tópicos:
I- A conquista
espanhola da América
1- O começo
da expansão marítima espanhola, só após a conquista do último reino Mouro em
Espanha – de Granada - em 1492, coincide com o descobrimento
da América por Cristóvão Colombo (1492).
2- Entre os
povos –ameríndios - que os espanhóis
encontraram na América, havia os Astecas na América Central
(zona do México), os Maias na América Central, os Incas
na América do Sul correspondente ao Peru. Povos ricos em ouro
e prata.
3- Sociedades
complexas as dos ameríndios, com organização política e religiosa,
conhecimentos de matemática, astronomia e medicina, vida em cidades
de enormes construções em pedra, onde guardavam requintados tesouros.
(V. Machu Picchu, dos Incas no Peru; Tenochtitián, do Império
Asteca). Mas eram sociedades tecnicamente menos desenvolvidas do que as
da Europa e Ásia, desconhecedoras dos instrumentos agrícolas de metal,
arados ou carros, armas de fogo e cavalos .
4- Exploração
espanhola liderada por conquistadores (soldados, exploradores
e aventureiros espanhóis) que buscavam metais preciosos: Entre 1519 e
1521, Fernando Cortez submete o Império Asteca (México actual);
entre 1531 e 1533, Francisco Pizarro conquista o Peru, extinguindo o Império
Inca). Outros conquistam as regiões da Bolívia e Colômbia.
II- Comércio à escala mundial
1- Abertura
de novas rotas comerciais causada pela expansão marítima – Além
da rota do Cabo que trazia os produtos orientais, as rotas
atlânticas estabelecidas entre a Europa, África e América: a rota
dos escravos e a rota do comércio triangular.
2- O desenvolvimento
do comércio leva à mundialização da economia: os Europeus
levavam para a África: tecidos, cereais,
aguardente, quinquilharias; para a Ásia, ouro, prata, cobre
chumbo; para a América, produtos manufacturados, cereais, vinho.
Traziam da África: ouro,
malagueta, marfim, escravos; da Ásia: especiarias, chá, tecidos de luxo,
tapeçarias, porcelanas, perfumes; da América: madeira,
ouro, prata, açúcar, tabaco.
3- Consequências
da mundialização do comércio no séc. XVI são também a alteração nos hábitos quotidianos:
hábitos de luxo e pompa na corte e classes sociais
mais elevadas, com novas formas de vestir, novas receitas culinárias,
novos modos de estar, falar e pensar. Difusão de novas plantas e animais, aquisição
de diferentes formas de arte, diferentes crenças, diferentes medicamentos, com
consequências sobre a evolução do pensamento e da ciência…
4- Portugal
e Espanha detêm o monopólio
comercial dos produtos do Oriente e das Américas. Lisboa
e Sevilha tornam-se as capitais dos impérios português e espanhol. Mas não
dominam a distribuição e venda das mercadorias coloniais na Europa, são
antes transportadoras de riquezas entre as suas colónias e a
Europa.
5- É Antuérpia
– localizada estrategicamente entre o Norte, o Centro e o Sul –
que tem o monopólio desse comércio de proveniência ultramarina.
6- A classe
mais fortalecida com esse comércio é a burguesia
– sobretudo da Itália e da Europa do Norte, com o
desenvolvimento de grandes companhias comerciais (como os Függer na
Alemanha e os Médicis na Itália) financiadores do comércio
colonial.
III- A presença portuguesa em África
1- Início em
África do Império colonial português.
2-
Diferentes formas de organização política e social do continente africano: em reinos;
a maioria organizada em regime tribal; alguns praticavam um seminomadismo.
3-
Estabelecimento de feitorias ao longo da costa subsariana, pelos
navegadores portugueses, para as práticas comerciais e algumas para pontos
de escala nas viagens comerciais para a Índia.
4- Principal
feitoria portuguesa: S. Jorge da Mina, fundada em 1482.
IV- Relações entre os portugueses e os povos africanos
1- Relações
sobretudo comerciais durante os séculos XV e XVI.
2-
Contributo da prática do comércio para a fixação dos portugueses em África.
3- Convivência
pacífica ou imposta (particularmente a do tráfico de escravos).
4-Estabelecimento
do tráfico dos escravos – para a
Europa e América.
5- Processo
de aculturação como consequência desse tráfico: na religião,
língua e cultura: conversão ao cristianismo dos povos africanos;
práticas religiosas africanas transportadas para a América; língua
portuguesa adoptada como língua oficial, ainda hoje mantida (PALOP – Países
Africanos de Língua Oficial Portuguesa); hábitos alimentares, e
culturais como música e dança modificados na Europa, África e América.
V- O domínio do comércio marítimo do Oriente
1-Os
Portugueses encontram no Oriente civilizações bastante antigas e
tecnicamente superiores, em alguns aspectos, às da Europa.
2- Por não poderem
colonizar os seus povos, tentam o domínio do comércio marítimo, através
da rota do Cabo, pela construção dum império comercial.
3- Têm de travar
grandes batalhas com os chefes locais (Hindus) e de lidar
com a concorrência dos comerciantes árabes e turcos, líderes do
comércio entre a Europa e o Oriente.
4- Conquistam
algumas cidades e portos e fundam feitorias.
5- O rei
português nomeia um vice-rei para governar os territórios mas
detém o monopólio comercial das especiarias orientais.
6- O primeiro
vice-rei da Índia, D. Francisco de Almeida (1505-1509) segue uma política
de domínio dos mares, estabelecendo relações pacíficas com os chefes
hindus.
O segundo vice-rei – D. Afonso de Albuquerque
(1509-1515), defende uma política de conquistas territoriais, conquistando
Ormuz, Goa e Malaca.
7- Fazem
outras viagens de conquista ou comércio a partir da Índia, pela China,
Japão, ilhas da Oceânia – Timor, Indonésia e Molucas,
formando o Império Português do Oriente.
VI – Os Portugueses e os povos do Oriente
1- As relações
entre Portugueses e populações locais muitas vezes marcadas por conflitos
comerciais ou por diferenças culturais e intolerâncias religiosas, mas
também por relações amigáveis de colaboração e troca de conhecimentos.
2- Os asiáticos mostram oposição às influências
europeias.
3- Em algumas
cidades dominadas pelos Portugueses, dá-se uma maior aculturação
e até a miscigenação da população, pelos casamentos frequentes
entre portugueses e indianas.
4- Influências
orientais recebidas pelos portugueses na literatura, ciências, artes
decorativas e hábitos alimentares.
VI- Os Espanhóis na América
1- A
estrutura política dos povos ameríndios (Maias, Astecas e Incas),
embora politicamente e socialmente organizada de forma complexa, é destruída
rapidamente pela superioridade militar dos Espanhóis.
2 – Pacíficos
os primeiros contactos, em breve se tornam marcados pela violência dos
conquistadores e também por conflitos entre diferentes
grupos índios, aliados aos Espanhóis para ascensão ao poder,
o que não acontecerá.
3- A evangelização
segue-se à conquista, com obrigação de deixarem as suas crenças.
4- A cultura
europeia é imposta, mas muitas práticas se conservam, absorvidas pela
Europa, na música, na alimentação e em costumes.
5- (V.
Retrato de Montezuma, imperador dos Astecas): O vestuário reflecte a
importância social. Os agricultores usavam tangas e mantas tecidas de algodão
com fibras de cactos. Os nobres usavam capas de algodºão com pedras preciosas,
penas e plumas de cores vivas, os guerreiros usavam jóias presas nas orelhas,
nariz e boca.
VII – A colonização
portuguesa do Brasil
1- Os povos
ameríndios do Brasil têm uma organização social mais simples que os descobertos
pelos espanhóis.
2- Nos primeiros anos o produto comercial mais
importado é o pau-brasil e outras madeiras exóticas.
3- Só quando
o comércio português com o Oriente entra em crise (meados do séc. XVI), D. João
III inicia a exploração e comercialização do Brasil.
4- A
colonização inicia-se com o sistema de capitanias. Em 1534 o
território é dividido em 15 capitanias, entregues a capitães-donatários.
Mas o sistema não resulta, por dificuldades de extensão, rentabilidade e
distância da Metrópole para o controle.
5- Em 1549,
criado o sistema de Governo-Geral. Tomé de Sousa, o primeiro
governador-geral do Brasil, embarca com mais de mil colonos europeus, com os
primeiros missionários jesuítas e muitos escravos africanos.
6- Inicia-se
a aculturação.
7- 1572:
Divisão do Brasil em dois governos: a Norte, com sede em S. Salvador da
Baía, a Sul, com sede no Rio de Janeiro. 1578: Retorno a
um só governo: sede: S. Salvador da Baía. 1608: Dois
governos. 1612: Um só governo (S. Salvador da Baía). 1763:
A capital passa para o Rio de Janeiro. (Capital actual, desde 1960:
Brasília).
VIII – Como foi feita a aculturação dos Índios
brasileiros:
1- A América
era habitada por vários povos aquando da chegada dos Europeus: América do
Norte: Esquimós (Canadá, Alasca), Sioux, Apaches, Iroqueses (…) (E. Unidos)
além dos já citados, da América Central e do Sul. O mapa mostra ainda os Araucanos do
Chile, os Karibs, os Chibchas e os Nuaruaques do norte da
América do Sul.
2- Os índios
brasileiros, cerca de 5 milhões, dividiam-se em Tupis, Iês, Guaranis.
Estavam organizados em tribos seminómadas, vivendo da recolecção, da prática da
agricultura, usando técnicas rudimentares.
3- Inicialmente
o país foi explorado pela sua riqueza em madeira e os índios usados como
escravos, para carregarem o pau-brasil para as naus.
4-
Posteriormente, outras riquezas foram exploradas – como ouro e pedras
preciosas.
5- À
intenção de enriquecer e regressar à pátria, sucede a fixação de muitos
portugueses no Brasil.
6- Carta do
padre Manuel da Nóbrega ao
superior da Congregação sobre a acção dos missionários jesuítas no Brasil:
É gente sem religião, os jesuítas construíram uma igreja e uma casa para os
doutrinarem e aprenderem também a língua deles (…). Os padres dedicaram-se às
crianças, levando-os para os colégios e internatos, por não terem êxito doutrinário
com os adultos, que adoravam várias divindades – a Lua, o Sol, o deus do Amor,
o deus dos pássaros, o da caça, o protector da floresta…
IX-A assimilação da cultura europeia
1- A
europeização faz-se sentir sobretudo na cultura, na língua e na religião:
- A língua
oficial do Brasil é o português;
- O urbanismo, as instituições, alguns costumes
e trajos e alguns ideais de vida são semelhantes às dos europeus;
- Os Europeus levaram para o Brasil culturas
agrícolas – trigo, cana do açúcar, oliveira, videira, animais como o boi
e o cavalo e trouxeram para a Europa a batata e o milho maís.
- A cristianização das populações ameríndias
pelos missionários franciscanos e dominicanos originou grande comunidade de
cristãos na América.
- A miscigenação de povos, tão visível no
Brasil, é outro aspecto a destacar no processo de aculturação (por vezes
violento, mas também pacífico.
X- Expansão e multiculturalidade
(Como a expansão contribuiu para a multiculturalidade):
1- O período
da expansão europeia marcado por contactos entre os povos: Ameríndios,
Africanos, Europeus e Asiáticos entram num processo de partilha de culturas
desconhecido até então.
2- No caso
da África e da América dá-se uma imposição da
cultura e da religião dos povos conquistadores , os Europeus.
3- As diferenças
culturais não são aceites ou compreendidas. A imposição de hábitos e
crenças religiosas é prática comum, tanto nas colónias como na Europa.
4-Em
Portugal D. Manuel I ordena a expulsão de judeus e mouros (condição
imposta por D. Maria de Aragão, filha dos reis Católicos, para se casar com ele
(segunda esposa).5- Milhares de judeus levam para ao Europa do Norte os
seus negócios. Os que ficam são obrigados a baptizarem-se e a converterem-se ao
cristianismo: são chamados cristãos-novos.
6- Algumas
comunidades conseguem manter os seus hábitos, apesar das políticas de intolerância
religiosa.
7- A
expansão promove, assim, a multiculturalidade pela fusão de
características das várias culturas – que permanecem hoje nas tradições,
na gastronomia, na música (O carnaval: fusão de
culturas índia, negra e europeia.).
8- Multiculturalidade (existência
de muitas culturas numa região, com uma predominante); difere de interculturalidade,
prática que vivemos hoje de interacção
entre os vários grupos presentes na sociedade, contribuindo para a construção
da coesão social.
XI- Escravatura: uma história que ainda não acabou
1- A escravatura
tem enorme peso na expansão europeia, mantendo-se por séculos como
prática aceite. (Escravatura: Prática social em que um ser humano
considera ter direitos de propriedade sobre outro, o escravo, impondo-lhe essa
condição pela força).
2- Já no séc. XVI os padres jesuítas
defendem os índios do Brasil, lutando contra a sua escravidão. No séc. XVIII
dão-se as primeiras campanhas contra a escravatura. (No reinado de
D. José (1761); no séc. XIX: decretos de 1854 e 1856.
Com a lei de 25 de Fevereiro de 1869 proclamou-se a abolição da
escravatura em todo o Império Português, até ao termo definitivo
de 1878.
3- Hoje, em
muitas partes do mundo a igualdade de direitos humanos ainda não foi
conquistada (tráfico de crianças, mulheres forçadas à prostituição, várias
práticas a cada passo surgidas no mundo, de tráfico e escravatura humanos)
apesar da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 decretada
pela Onu.
XII- A crise do
império português do Oriente
1- O Império
Português constituído por lugares e povos muito diversificados ; um império
essencialmente marítimo e comercial. Portugal um país pequeno, sem
meios financeiros para assegurar um império tão grande, disperso e
distante. A fixação de colonos portugueses limitada às faixas
costeiras, para fazer comércio. A partir de meados do séc. XVI a presença portuguesa começa a ser
posta em causa, sobretudo no Império Português do Oriente.
2- A crise do Império Português do Oriente devida
aos factores seguintes:
a) Política
do mare clausum definida no Tratado de Tordesilhas posta
em causa por Holandeses, Franceses e Ingleses a favor do mare liberum, apoiando os
ataques de piratas e corsários às embarcações e territórios portugueses.
b) Naufrágios
frequentes devido à sobrecarga das embarcações, aos ataques
inimigos, à falta de preparação dos pilotos e ao mau estado de
conservação da frota
c) Os
muçulmanos recuperam as rotas do
Levante; a rota do Cabo entra em crise ; os Portugueses perdem
o monopólio do comércio das especiarias orientais.
d) Os fracos
recursos financeiros de que os reis dispõem, a ociosidade, o luxo,
a corrupção dos altos funcionários coloniais tornam a administração
do Império muito difícil.
e) Consequências:
Abandono de algumas praças conquistadas (praças militares e feitorias),
sobretudo no reinado de D. João III (1521-1554)
Nota: Entretanto,
o Império espanhol atinge o máximo desenvolvimento e prosperidade. Filipe II
domina um vasto império na América, Europa e Ásia.
XIV- Da crise dinástica à União Ibérica
A crise da sucessão em Portugal
1- O rei D.
Sebastião organiza uma expedição militar ao Norte de África, movido por
dois grandes motivos: o espírito de cruzada (conquista de terras para
expansão da fé); a viragem atlântica (aposta no desenvolvimento
económico dos territórios atlânticos – abrangendo a exploração dos
territórios au Norte de África, Ilhas Atlânticas e Brasil).
2- Derrota
em Alcácer Quibir (1578),
com desaparecimento do rei.
3- Sem
descendentes, sucede-lhe novamente no trono seu tio-avô, o Cardeal D.
Henrique, que morre em 1580, gerando uma crise dinástica.
XV – Filipe II de Espanha, Filipe I de Portugal
1- Candidatos ao trono
português, descendentes
(netos) de D. ManueI I): D. António Prior do Crato (filho de D. Luís, irmão de D. João III), apoiado
pelo povo; D. Catarina, duquesa de Bragança, (filha de D. Duarte, irmão
de D. João III) apoiada por parte da nobreza e do clero;
Filipe II, rei de Espanha,( filho de D. Isabel, irmã de D. João III
apoiado pela nobreza e burguesia portuguesas.
2- Filipe II, (o candidato mais poderoso, invade
Portugal, e em 1581 faz-se aclamar rei de Portugal nas Cortes
de Tomar, com o título de Filipe I de Portugal.
3- Forma-se um
governo dualista (dois reinos governados pelo mesmo rei) - a União Dinástica
ou União Ibérica - que dura cerca de 60 anos (1581-1640)
4- Nas Cortes
de Tomar, Filipe I promete respeitar os costumes, leis e
liberdades dos Portugueses, conservar a sua moeda e o português como língua
oficial.
5- Durante o
Reinado de Filipe I, as promessas são cumpridas, a economia prospera. O
Império Espanhol (englobando o Império Português desenvolve-se também)
XVI- O Domínio Filipino
1- O reinado
de Filipe II (I de Portugal, 1581-1598) corresponde a um período de grande
prosperidade económica. Os reinados de Filipe III e IV de Espanha
(II e III de Portugal) são afectados por crise económica, que se
estende a Portugal.
2- Razões do
descontentamento popular:
a) O
incumprimento das promessas feitas na corte de Tomar em 1581. b) Filipe IV de Espanha entrega po governo do
Império Espanhol ao Conde-duque de Olivares, que o exerce de forma
autoritária; c) A Espanha envolve-se em guerras europeias (Guerra
dos Trinta Anos), entre 1618-1648, custeadas com novos impostos
cobrados aos Portugueses e com recrutamento de militares portugueses; d) Os territórios
coloniais e as embarcações portuguesas eram alvo de ataques da Holanda,
Inglaterra e França, países inimigos da Espanha.
XVII- A restauração da Independência
1- Motins
e revoltas populares contra
o domínio filipino: A Revolta
do Manuelinho em Évora (1637) estende-se a outras
regiões do país.
2- O declínio
do Império Espanhol tem reflexos negativos para o povo,
contribui para o enfraquecimento da burguesia e da nobreza
que perde cargos administrativos.
3- 1
de Dezembro de 1640: Restauração
da Independência de Portugal: 40 Conjurados invadem o Paço e elegem D. João, neto de D.
Catarina de Bragança, o 1º Rei da IV dinastia – dinastia de Bragança - com
o nome de D. João IV. Restaura-se a Independência de Portugal. Mas a
guerra da Restauração sucederá, até 1668.
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