quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Saber às pinguinhas 3



História -8º Ano
Manual: «Missão: História» (Porto Editora)
Tema: Expansão e mudança nos séculos XVI
Tópicos:
I- A conquista espanhola da América
1- O começo da expansão marítima espanhola, só após a conquista do último reino Mouro em Espanha – de Granada - em 1492, coincide com o descobrimento da América por Cristóvão Colombo (1492).
2- Entre os povos –ameríndios - que os espanhóis  encontraram na América, havia os Astecas na América Central (zona do México), os Maias na América Central, os Incas na América do Sul correspondente ao Peru. Povos ricos em ouro e prata.
3- Sociedades complexas as dos ameríndios, com organização política e religiosa, conhecimentos de matemática, astronomia e medicina, vida em cidades de enormes construções em pedra, onde guardavam requintados tesouros. (V. Machu Picchu, dos Incas no Peru; Tenochtitián, do Império Asteca). Mas eram sociedades tecnicamente menos desenvolvidas do que as da Europa e Ásia, desconhecedoras dos instrumentos agrícolas de metal, arados ou carros, armas de fogo e cavalos .
4- Exploração espanhola liderada por conquistadores (soldados, exploradores e aventureiros espanhóis) que buscavam metais preciosos: Entre 1519 e 1521, Fernando Cortez submete o Império Asteca (México actual); entre 1531 e 1533, Francisco Pizarro conquista o Peru, extinguindo o Império Inca). Outros conquistam as regiões da Bolívia e Colômbia.
II- Comércio à escala mundial
1- Abertura de novas rotas comerciais causada pela expansão marítima – Além da rota do Cabo que trazia os produtos orientais, as rotas atlânticas estabelecidas entre a Europa, África e América: a rota dos escravos e a rota do comércio triangular.
2- O desenvolvimento do comércio leva à mundialização da economia: os Europeus levavam para a África: tecidos, cereais, aguardente, quinquilharias; para a Ásia, ouro, prata, cobre chumbo; para a América, produtos manufacturados, cereais, vinho. Traziam  da África: ouro, malagueta, marfim, escravos; da Ásia: especiarias, chá, tecidos de luxo, tapeçarias, porcelanas, perfumes; da América: madeira, ouro, prata, açúcar, tabaco.
3- Consequências da mundialização do comércio no séc. XVI são também a alteração nos hábitos quotidianos: hábitos de luxo e pompa na corte e classes sociais mais elevadas, com novas formas de vestir, novas receitas culinárias, novos modos de estar, falar e pensar. Difusão de novas plantas e animais, aquisição de diferentes formas de arte, diferentes crenças, diferentes medicamentos, com consequências sobre a evolução do pensamento e da ciência
4- Portugal e Espanha detêm o monopólio comercial dos produtos do Oriente e das Américas. Lisboa e Sevilha tornam-se as capitais dos impérios português e espanhol. Mas não dominam a distribuição e venda das mercadorias coloniais na Europa, são antes transportadoras de riquezas entre as suas colónias e a Europa.
5- É Antuérpia – localizada estrategicamente entre o Norte, o Centro e o Sul – que tem o monopólio desse comércio de proveniência ultramarina.
6- A classe mais fortalecida  com esse comércio é a burguesia – sobretudo da Itália e da Europa do Norte, com o desenvolvimento de grandes companhias comerciais (como os Függer na Alemanha e os Médicis na Itália) financiadores do comércio colonial.
III- A presença portuguesa em África
1- Início em África do Império colonial português.
2- Diferentes formas de organização política e social do continente africano: em reinos; a maioria organizada em regime tribal;  alguns praticavam um seminomadismo.
3- Estabelecimento de feitorias ao longo da costa subsariana, pelos navegadores portugueses, para as práticas comerciais e algumas para pontos de escala nas viagens comerciais para a Índia.
4- Principal feitoria portuguesa: S. Jorge da Mina, fundada em 1482.
IV- Relações entre os portugueses e os povos africanos
1- Relações sobretudo comerciais durante os séculos XV e XVI.
2- Contributo da prática do comércio para a fixação dos portugueses em África.
3- Convivência pacífica ou imposta (particularmente a do tráfico de escravos).
4-Estabelecimento do  tráfico dos escravos – para a Europa e América.
5- Processo de aculturação como consequência desse tráfico: na religião, língua e cultura: conversão ao cristianismo dos povos africanos; práticas religiosas africanas transportadas para a América; língua portuguesa adoptada como língua oficial, ainda hoje mantida (PALOP Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa); hábitos alimentares, e culturais como música e dança modificados na Europa, África e América.
V- O domínio do comércio marítimo do Oriente
1-Os Portugueses encontram no Oriente civilizações bastante antigas e tecnicamente superiores, em alguns aspectos, às da Europa.
2- Por não poderem colonizar os seus povos, tentam o domínio do comércio marítimo, através da rota do Cabo, pela construção dum império comercial.
3- Têm de travar grandes batalhas com os chefes locais (Hindus) e de lidar com a concorrência dos comerciantes árabes e turcos, líderes do comércio entre a Europa e o Oriente.
4- Conquistam algumas cidades e portos e fundam feitorias.
5- O rei português nomeia um vice-rei para governar os territórios mas detém o monopólio comercial das especiarias orientais.
6- O primeiro vice-rei da Índia, D. Francisco de Almeida (1505-1509) segue uma política de domínio dos mares, estabelecendo relações pacíficas com os chefes hindus.
O segundo vice-rei – D. Afonso de Albuquerque (1509-1515), defende uma política de conquistas territoriais, conquistando Ormuz, Goa e Malaca.
7- Fazem outras viagens de conquista ou comércio a partir da Índia, pela China, Japão, ilhas da Oceânia Timor, Indonésia e Molucas, formando o Império Português do Oriente.

VI – Os Portugueses e os povos do Oriente
1- As relações entre Portugueses e populações locais muitas vezes marcadas por conflitos comerciais ou por diferenças culturais e intolerâncias religiosas, mas também por relações amigáveis de colaboração e troca de conhecimentos.
2- Os asiáticos  mostram oposição às influências europeias.
3- Em algumas cidades  dominadas pelos Portugueses, dá-se uma maior aculturação e até a miscigenação da população, pelos casamentos frequentes entre portugueses e indianas.
4- Influências orientais recebidas pelos portugueses na literatura, ciências, artes decorativas e hábitos alimentares.
VI- Os Espanhóis na América
1- A estrutura política dos povos ameríndios (Maias, Astecas e Incas), embora politicamente e socialmente organizada de forma complexa, é destruída rapidamente pela superioridade militar dos Espanhóis.
2 – Pacíficos os primeiros contactos, em breve se tornam marcados pela violência dos conquistadores e também por conflitos entre diferentes grupos índios, aliados aos Espanhóis para ascensão ao poder, o que não  acontecerá.
3- A evangelização segue-se à conquista, com obrigação de deixarem as suas crenças.
4- A cultura europeia é imposta, mas muitas práticas se conservam, absorvidas pela Europa, na música, na alimentação e em costumes.
5- (V. Retrato de Montezuma, imperador dos Astecas): O vestuário reflecte a importância social. Os agricultores usavam tangas e mantas tecidas de algodão com fibras de cactos. Os nobres usavam capas de algodºão com pedras preciosas, penas e plumas de cores vivas, os guerreiros usavam jóias presas nas orelhas, nariz e boca.
VII  – A colonização portuguesa do Brasil
1- Os povos ameríndios do Brasil têm uma organização social mais simples que os descobertos pelos espanhóis.
2-  Nos primeiros anos o produto comercial mais importado é o pau-brasil e outras madeiras exóticas.
3- Só quando o comércio português com o Oriente entra em crise (meados do séc. XVI), D. João III inicia a exploração e comercialização do Brasil.
4- A colonização inicia-se com o sistema de capitanias. Em 1534 o território é dividido em 15 capitanias, entregues a capitães-donatários. Mas o sistema não resulta, por dificuldades de extensão, rentabilidade e distância da Metrópole para o controle.
5- Em 1549, criado o sistema de Governo-Geral. Tomé de Sousa, o primeiro governador-geral do Brasil, embarca com mais de mil colonos europeus, com os primeiros missionários jesuítas e muitos escravos africanos.
6- Inicia-se a aculturação.
7- 1572: Divisão do Brasil em dois governos: a Norte, com sede em S. Salvador da Baía, a Sul, com sede no Rio de Janeiro. 1578:  Retorno a  um só governo: sede: S. Salvador da Baía. 1608: Dois governos. 1612: Um só governo (S. Salvador da Baía). 1763: A capital passa para o Rio de Janeiro. (Capital actual, desde 1960: Brasília).
VIII – Como foi feita a aculturação dos Índios brasileiros:
1- A América era habitada por vários povos aquando da chegada dos Europeus: América do Norte: Esquimós (Canadá, Alasca), Sioux,  Apaches, Iroqueses (…) (E. Unidos) além dos já citados, da América Central e do Sul.  O mapa mostra ainda os Araucanos do Chile, os Karibs, os Chibchas e os Nuaruaques do norte da América do Sul.
2- Os índios brasileiros, cerca de 5 milhões, dividiam-se em Tupis, Iês, Guaranis. Estavam organizados em tribos seminómadas, vivendo da recolecção, da prática da agricultura, usando técnicas rudimentares.
3- Inicialmente o país foi explorado pela sua riqueza em madeira e os índios usados como escravos, para carregarem o pau-brasil para as naus.
4- Posteriormente, outras riquezas foram exploradas – como ouro e pedras preciosas.
5- À intenção de enriquecer e regressar à pátria, sucede a fixação de muitos portugueses no Brasil.
6- Carta do padre  Manuel da Nóbrega ao superior da Congregação sobre a acção dos missionários jesuítas no Brasil: É gente sem religião, os jesuítas construíram uma igreja e uma casa para os doutrinarem e aprenderem também a língua deles (…). Os padres dedicaram-se às crianças, levando-os para os colégios e internatos, por não terem êxito doutrinário com os adultos, que adoravam várias divindades – a Lua, o Sol, o deus do Amor, o deus dos pássaros, o da caça, o protector da floresta…
IX-A assimilação da cultura europeia
1- A europeização faz-se sentir sobretudo na cultura, na língua e na religião:
 - A língua oficial do Brasil é o português;
- O urbanismo, as instituições, alguns costumes e trajos e alguns ideais de vida são semelhantes às dos europeus;
- Os Europeus levaram para o Brasil culturas agrícolastrigo, cana do açúcar, oliveira, videira, animais como o boi e o cavalo e trouxeram para a Europa a batata e o milho maís.
- A cristianização das populações ameríndias pelos missionários franciscanos e dominicanos originou grande comunidade de cristãos na América.
- A miscigenação de povos, tão visível no Brasil, é outro aspecto a destacar no processo de aculturação (por vezes violento, mas também pacífico.
X- Expansão e multiculturalidade
(Como a expansão contribuiu para a multiculturalidade):
1- O período da expansão europeia marcado por contactos entre os povos: Ameríndios, Africanos, Europeus e Asiáticos entram num processo de partilha de culturas desconhecido até então.
2- No caso da África e da América dá-se uma imposição da cultura e da religião dos povos conquistadores , os Europeus.
3- As diferenças culturais não são aceites ou compreendidas. A imposição de hábitos e crenças religiosas é prática comum, tanto nas colónias como na Europa.
4-Em Portugal D. Manuel I ordena a expulsão de judeus e mouros (condição imposta por D. Maria de Aragão, filha dos reis Católicos, para se casar com ele (segunda esposa).5- Milhares de judeus levam para ao Europa do Norte os seus negócios. Os que ficam são obrigados a baptizarem-se e a converterem-se ao cristianismo: são chamados cristãos-novos.
6- Algumas comunidades conseguem manter os seus hábitos, apesar das políticas de intolerância religiosa.
7- A expansão promove, assim, a multiculturalidade pela fusão de características das várias culturas – que permanecem hoje nas tradições, na gastronomia, na música (O carnaval: fusão de culturas índia, negra e europeia.).
8-  Multiculturalidade (existência de muitas culturas numa região, com uma predominante); difere de interculturalidade, prática que vivemos hoje de interacção entre os vários grupos presentes na sociedade, contribuindo para a construção da coesão social.
XI- Escravatura: uma história que ainda não acabou
1- A escravatura tem enorme peso na expansão europeia, mantendo-se por séculos como prática aceite. (Escravatura: Prática social em que um ser humano considera ter direitos de propriedade sobre outro, o escravo, impondo-lhe essa condição pela força).
2- Já no séc. XVI os padres jesuítas defendem os índios do Brasil, lutando contra a sua escravidão. No séc. XVIII dão-se as primeiras campanhas contra a escravatura. (No reinado de D. José (1761); no séc. XIX: decretos de 1854 e 1856. Com a lei de 25 de Fevereiro de 1869 proclamou-se a abolição da escravatura em todo o Império Português, até ao termo definitivo de 1878.
3- Hoje, em muitas partes do mundo a igualdade de direitos humanos ainda não foi conquistada (tráfico de crianças, mulheres forçadas à prostituição, várias práticas a cada passo surgidas no mundo, de tráfico e escravatura humanos) apesar da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 decretada pela Onu.
XII- A crise do império português do Oriente
1- O Império Português constituído por lugares e povos muito diversificados ; um império essencialmente marítimo e comercial. Portugal um país pequeno, sem meios financeiros para assegurar um império tão grande, disperso e distante. A fixação de colonos portugueses limitada às faixas costeiras, para fazer comércio. A partir de meados do séc. XVI  a presença portuguesa começa a ser posta em causa, sobretudo no Império Português do Oriente.
2- A crise do Império Português do Oriente devida aos factores seguintes:
 a) Política do mare clausum definida no Tratado de Tordesilhas posta em causa por Holandeses, Franceses e Ingleses a favor do  mare liberum, apoiando os ataques de piratas e corsários às embarcações e territórios portugueses.
b) Naufrágios frequentes devido à sobrecarga das embarcações, aos ataques inimigos, à falta de preparação dos pilotos e ao mau estado de conservação da frota
c) Os muçulmanos recuperam as rotas do Levante; a rota do Cabo entra em crise ; os Portugueses perdem o monopólio do comércio das especiarias orientais.
d) Os fracos recursos financeiros de que os reis dispõem, a ociosidade, o luxo, a corrupção dos altos funcionários coloniais tornam a administração do Império muito difícil.
e) Consequências: Abandono de algumas praças conquistadas (praças militares e feitorias), sobretudo no reinado de D. João III (1521-1554)
Nota: Entretanto, o Império espanhol atinge o máximo desenvolvimento e prosperidade. Filipe II domina um vasto império na América, Europa e Ásia.
XIV- Da crise dinástica à União Ibérica
A crise da sucessão em Portugal
1- O rei D. Sebastião organiza uma expedição militar ao Norte de África, movido por dois grandes motivos: o espírito de cruzada (conquista de terras para expansão da fé); a viragem atlântica (aposta no desenvolvimento económico dos territórios atlânticos – abrangendo a exploração dos territórios au Norte de África, Ilhas Atlânticas e Brasil).
2- Derrota em Alcácer Quibir (1578), com desaparecimento do rei.
3- Sem descendentes, sucede-lhe novamente no trono seu tio-avô, o Cardeal D. Henrique, que morre em 1580, gerando uma crise dinástica.
XV – Filipe II de Espanha, Filipe I de Portugal
1- Candidatos ao trono  português, descendentes (netos) de D. ManueI I):  D. António Prior do Crato (filho de D. Luís, irmão de D. João III), apoiado pelo povo; D. Catarina, duquesa de Bragança, (filha de D. Duarte, irmão de D. João III) apoiada por parte da nobreza e do clero; Filipe II, rei de Espanha,( filho de D. Isabel, irmã de D. João III apoiado pela nobreza e burguesia portuguesas.
2- Filipe II, (o candidato mais poderoso, invade Portugal, e em 1581 faz-se aclamar rei de Portugal nas Cortes de Tomar, com o título de Filipe I de Portugal.
3- Forma-se um governo dualista (dois reinos governados pelo mesmo rei) - a União Dinástica ou União Ibérica - que dura cerca de 60 anos (1581-1640)
4- Nas Cortes de Tomar, Filipe I promete respeitar os costumes, leis e liberdades dos Portugueses, conservar a sua moeda e o português como língua oficial.
5- Durante o Reinado de Filipe I, as promessas são cumpridas, a economia prospera. O Império Espanhol (englobando o Império Português desenvolve-se também)
XVI- O Domínio Filipino
1- O reinado de Filipe II (I de Portugal, 1581-1598) corresponde a um período de grande prosperidade económica. Os reinados de Filipe III e IV de Espanha (II e III de Portugal) são afectados por crise económica, que se estende a Portugal.
 2-  Razões do descontentamento popular:
 a) O incumprimento das promessas feitas na corte de Tomar em 1581. b) Filipe IV de Espanha entrega po governo do Império Espanhol ao Conde-duque de Olivares, que o exerce de forma autoritária; c) A Espanha envolve-se em guerras europeias (Guerra dos Trinta Anos), entre 1618-1648, custeadas com novos impostos cobrados aos Portugueses e com recrutamento de militares portugueses; d) Os territórios coloniais e as embarcações portuguesas eram alvo de ataques da Holanda, Inglaterra e França, países inimigos da Espanha.
XVII- A restauração da Independência
1- Motins e revoltas populares contra o domínio filipino: A Revolta do Manuelinho em Évora (1637) estende-se a outras regiões do país.
2- O declínio do Império Espanhol tem reflexos negativos para o povo, contribui para o enfraquecimento da burguesia e da nobreza que perde cargos administrativos.
3- 1 de Dezembro de 1640: Restauração da Independência de Portugal: 40 Conjurados invadem o Paço e elegem D. João, neto de D. Catarina de Bragança, o 1º Rei da IV dinastia – dinastia de Bragança - com o nome de D. João IV. Restaura-se a Independência de Portugal. Mas a guerra da Restauração sucederá, até 1668.

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