Uma estrutura compassada, num
ritmo de asserções e demonstrações encaminhando-se gradualmente para o
pensamento negativo final, embora o seu autor, António Barreto, pareça admirar a forma como o PS,
no início aparentemente manipulado pelos parceiros esmoleres da sua coligação,
consegue, em ginástica contorcida de gato melífluo, deslizando, cedendo aqui e
além aos parceiros irrequietos e contentes com as suas breves vitórias. Estas não
impedem, todavia, o prosseguimento das manobras principais, de ligação à Europa,
e, afinal, o protelamento do desastre, a cada passo desmascarada a sua
profecia, de aparente irrelevância. Mas andamos com o coração nas mãos, como
parece que anda António Barreto, frisando bem a necessidade do
desenvolvimento económico como ponto central para o avanço da nação.
António Barreto põe o acento nesse desenvolvimento
económico que não se faz, renitentes os investidores a investir numa nação manobrada
por gente desordeira, que a cada passo a desorganiza e empobrece com as suas
paragens ao trabalho, num reclamar manipulado. António Costa, dividido
entre os dinheiros da nossa necessidade e os votos da sua própria, lá vai à
bolina, aparentemente seguro e dando esperança. Merece, talvez, não a
equiparação, mas apenas o desaguar na leitura do poema S. Leonardo da
Galafura, que a nós levanta o moral, pela beleza do quadro que Miguel
Torga sublinha em toda a sua espiritualidade e dimensão telúrica:
São
Leonardo da Galafura
Miguel
Torga (Diário IX)
À
proa dum navio de penedos,
A
navegar num doce mar de mosto,
Capitão
no seu posto
De
comando,
S.
Leonardo vai sulcando
As
ondas
Da
eternidade,
Sem
pressa de chegar ao seu destino.
Ancorado
e feliz no cais humano,
É
num antecipado desengano
Que
ruma em direcção ao cais divino.
Lá
não terá socalcos
Nem
vinhedos
Na
menina dos olhos deslumbrados;
Douros
desaguados
Serão
charcos de luz
Envelhecida;
Rasos,
todos os montes
Deixarão
prolongar os horizontes
Até
onde se extinga a cor da vida.
Por
isso, é devagar que se aproxima
Da
bem-aventurança.
É
lentamente que o rabelo avança
Debaixo
dos seus pés de marinheiro.
E
cada hora a mais que gasta no caminho
É
um sorvo a mais de cheiro
A
terra e a rosmaninho!
Os votos e os euros
António Barreto
DN, 6/11/16, “Sem Emenda”
Os
governos "ganham" sempre os debates orçamentais. Assim
fez o PS. Revelou compaixão e vontade de distribuição de rendimentos.
Não soube mostrar investimento ou crescimento, mas não era esse o objectivo. O
governo conseguiu disfarçar a sua excessiva dependência do Bloco e do PCP. Saiu
airosamente do debate. O PCP e o Bloco exibiram a sua enorme influência sobre o
governo. O PSD e o CDS não acertaram no modo, nem no estilo. Não argumentaram e
não conseguiram mostrar o que querem.
Era
tema adequado para uma discussão séria. Havia diferenças bastantes para que os
afrontamentos, sem deixar de ser enérgicos, fossem civilizados e
intelectualmente estimulantes. Mas foi como se não houvesse matéria. Os
protagonistas entregaram-se voluptuosamente ao berreiro habitual, com a nova
agressividade que passa por pensamento político elevado. Inventaram, mentiram,
acusaram, denunciaram e prometeram com igual exuberância e sem hesitação!
Falaram para os crentes e os crentes aplaudiram. Acreditam em António Costa os
que acreditam em António Costa. Acreditam em Passos Coelho os que acreditam em
Passos Coelho.
Houve
meios e alguma habilidade para fazer um Orçamento que aguente a aliança e dê um
pouco de conforto a quem mais precisa: pensionistas, doentes, idosos, crianças
e desempregados. Mas toda a gente sabe que esta ginástica não pode
ser repetida muitas vezes. Vai ser preciso mais dinheiro. Vai ser necessário
investimento. É indispensável o crescimento.
É
o problema do presente. Quem quer governar tem de arranjar prosperidade, o que
quer dizer rendimento, o que significa emprego, o que implica investimento.
Para haver investimento, tem de se procurar quem tem capital. Os privados ou
o Estado. Dentro do país ou no estrangeiro. Com meios próprios ou fiado.
Ora,
por cá, as coisas estão mal. Falido, o Estado vive do crédito, paga milhares de
milhões de juros, aumenta os impostos a pagar por uma população fiscalmente
exaurida. Crédito há cada vez menos, cá dentro nenhum, lá fora
ainda algum cada vez mais caro. Dinheiro português quase não há, acabaram-se
praticamente os capitalistas portugueses, a poupança segue o mesmo caminho.
Mais impostos parecem impossíveis. Dinheiros públicos, só os da União Europeia,
apesar de tudo insuficientes, mas que se destinam a infra-estruturas, pouco à
economia produtiva e muito pouco à competitividade. A conclusão é simples: ou
dinheiro privado internacional ou nada!
O
problema é que o dinheiro privado internacional põe condições, incluindo
políticas. Exige vantagens e benefícios. E requer condições gerais favoráveis à
actividade económica privada.
Apesar
de acreditar mais no investimento público, o PS gosta tradicionalmente de
investidores privados. A maior parte das vezes para poder criar emprego,
desenvolver a economia e manter-se no poder. Os seus aliados, PCP
e Bloco, detestam o investimento privado, a não ser que seja pequeno e
obediente. Abominam o investimento externo, qualquer que seja.
O
problema é que o dinheiro privado internacional põe condições, incluindo
políticas. O governo sabe que, se conseguir euros, acabará por ter
votos. Mas também sabe que se conseguir muitos euros os seus
aliados tiram-lhe os votos. Os euros podem produzir votos, mas os votos
não produzem euros.
As
fantasias das nomeações para a CGD deixam qualquer pessoa perplexa. Uma
trapalhada que só governos inexperientes eram capazes de organizar. Mas
conseguiram. Ao mesmo tempo, por acaso ou por deliberação,
aprende-se mais uma vez que a CGD fez favores e se entregou a negócios ruinosos
de licitude duvidosa. Mais casos para ilustrar a promiscuidade entre público e
privado. Mas ficámos a saber que aqui não há inocentes: público e privado;
capitalistas e políticos. Se, ao menos, houvesse Justiça!
Pior
é que, sem banca à altura, pública e privada, a economia não vai conseguir. O
país também não.
E já agora, caso não nos sirva o poema de pacificação
de Torga, aceitemos humildemente a receita para as escaldadelas com água a
ferver, que acabo de receber por email e não quero deixar de difundir. Creio
que não serve para o caso dos fritos, nas queimaduras com azeite ou óleo. Mas
talvez António Costa conheça alguma panaceia milagrosa, ainda que contorcida,
para os fritos da sua caçoila enviesada:
Farinha de trigo
Leiam
com atenção - Não deixem de ler, poderá
ajudar alguém!
Uma vez eu estava a cozinhar milho verde e quando coloquei o garfo na água a ferver para ver se o milho estava pronto, sem querer, acabei queimando a mão toda com água fervente...
Um amigo meu,
que era veterano de guerra no Vietname, estava lá em casa e perguntou-me se eu
tinha e onde estava a farinha de trigo...
Eu
indiquei-lhe e ele, tirou o pacote e enfiou a minha mão toda dentro da
embalagem e disse para eu conservar a mão na farinha por 10 minutos,
o que eu fiz.
Disse-me ele que, no Vietname, um soldado estava todo a arder e, em pânico, os camaradas jogaram um saco inteiro de farinha por cima dele todo, o que apagou o fogo.
Isso não só apagou o fogo, mas, depois, reparámos que ele não ficara sequer com uma simples bolha!!!!
Disse-me ele que, no Vietname, um soldado estava todo a arder e, em pânico, os camaradas jogaram um saco inteiro de farinha por cima dele todo, o que apagou o fogo.
Isso não só apagou o fogo, mas, depois, reparámos que ele não ficara sequer com uma simples bolha!!!!
Encurtando a
história, eu pus a minha mão no saco de farinha por dez minutos, e quando a
retirei não tinha nem uma mancha vermelha, nem bolha e NEM DOR ALGUMA!!!
Agora, eu mantenho um pacote de farinha de trigo no frigorífico e, sempre que me queimo, uso a farinha de trigo e NUNCA tive uma bolha, nem cicatriz, nem nada.
A farinha gelada é melhor ainda do que a que está à temperatura ambiente.
Mantenha um saco de farinha de trigo no seu frigorífico, como precaução.
Agora, eu mantenho um pacote de farinha de trigo no frigorífico e, sempre que me queimo, uso a farinha de trigo e NUNCA tive uma bolha, nem cicatriz, nem nada.
A farinha gelada é melhor ainda do que a que está à temperatura ambiente.
Mantenha um saco de farinha de trigo no seu frigorífico, como precaução.
Experimente e
verá que é verdade.
Lembre-se de
pôr a parte queimada diretamente na farinha, não enxague em água fria primeiro.
DIRETO NA FARINHA POR DEZ MINUTOS E VOCÊ
EXPERIMENTARÁ ESTE MILAGRE.
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