segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Um alerta


Foi-me enviado por email o texto seguinte, de José Carlos Horta, pelos vistos, conhecedor das malhas que se foram tecendo ao longo destes anos de ilusão e penúria, embora a sua denúncia se fique pelo vago das referências  ao “pessoal” ou aos “espertos” ou “eminente” ou “cowboys”. Não sei se é um grito de acusação de um mundo que virou do avesso todos os critérios de probidade, ou se é um grito de súplica a quem pudesse ainda fazer reverter o processo de destruição generalizada nesses povos libertos da tutela alheia, onde a ganância fez ignorar o trabalho árduo de uma governação segundo a causa do povo, na melhoria das suas instituições e valores, ao invés de o ser segundo os esquemas do proveito particular. O texto é  prolífico de pistas e dados que ajudam a erguer um pouco o véu sobre a “malandragem” generalizada ao mundo dos poderosos, como dos mais ínfimos. Hesitei em pô-lo no meu blog. Mas, enfim, em Moçambique nasci, gostaria que Moçambique se erguesse do chavascal de miséria e ignomínia em que está enfiado. Por esse motivo o transcrevo. Sem esperança de atingir quaisquer resultados práticos, sem Hércules para limpar tanta falta de asseio. Lá como cá.

José Carlos Horta 

Enviado do meu iPad
Iniciar a mensagem reencaminhada:
Meu Caro,
Estamos assistindo à queda do império frelo (Frelimo era outra coisa). Vai ser ruidoso. Devastador nalguns aspectos, perigoso em muitos outros. E, com um final absolutamente imprevisível. Quando este pessoal se meteu nas tão badaladas golpaças das chamadas dívidas escondidas, os tipos, ou por excesso de álcool ou por profunda ignorância, acharam-se donos do mundo, e desataram a fazer o que lhes apeteceu ou lhes sugeriram. Acontece que a finança internacional está cada vez mais regulada, as golpaças financeiras já não passam tão bem, seja na Suíça, em Moscovo ou Pequim. Mas eles ignoraram tudo isso. Agora, estão a contas também com o FBI! Estes, por inerência de funções, não podem deixar passar estas golpaças sem ver do que se trata, se não há terrorismo à mistura, lavagem de dinheiro, etc. e, nesta data,  já estão carecas de saber, quanto dinheiro foi desviado, para que contas, o que se comprou com
ele, etc., etc. Por isso, instruíram o FMI – ou se faz uma auditoria forense ou não há nada entre nós e vocês. Isto, não é um pedido, é uma ordem! O FMI é credor de Moçambique não é capanga de Moçambique. A estratégia dos “espertos” foi a da fuga para a frente. Mais uma vez, ou por efeito do álcool ou por profunda ignorância. Mas, nesta última reunião, o FMI, disse isso na cara do nosso querido presidente – amigo, esta brincadeira acabou! Chegou-se ao fim da linha. E o que vai acontecer?! A Lava Jato brasileira mostrou ser o método mais barato e pacífico de derrubar um governo com 54 milhões de apoiantes. Por isso, não tenho dúvidas que, também aqui,  alguns iminentes vão parar à cadeia! É isso que os cowboys também querem, por vingança, por causa dos subornos que tiveram de pagar pelas concessões de gás, e pelo vexame, quando o guebas os mandou à merda, quando queriam que ele lhes entregasse os barões da droga, os quais protegeu até ao fim. Os frelos estão encurralados e, com muito medo. E já não duvidam que têm a cabeça a prémio. Num encontro ocasional que tive com um eminente, dizia-lhe eu:  - façam as concessões todas que a renamo quer antes que seja tarde. Depois, todos vamos concluir que não há meios de as concretizar.  Mas isso será outra história. No próximo ano o país é ingovernável e o povo vai revoltar-se, e aí,  será  o nosso fim. Resposta: - eles querem a nossa cabeça, e isso é demais! A tão badalada aliança chinesa com que sempre sonharam, já não lhes serve de nada. Actualmente, os cowboys já não disfarçam o seu confronto político aberto com os russos e chineses, em qualquer parte do mundo. Hoje, a Síria é um claro exemplo. E está ficando claro, que inclusivamente aqui, se está montando o palco. A última cena na Base das Lages, nos Açores, é elucidativa. Os cowboys fizeram o presidente chinês esperar pela aterragem de seis dos seus aviões militares, antes de autorizarem a descolagem do avião presidencial. Em termos protocolares isso não se faz, é um insulto. A mensagem foi clara - não iludam os tugas, porque mesmo na nossa ausência, não vos queremos nas Lages! O império dos cowboys também está a cair, daí uma desmedida agressividade contra tudo e contra todos! Por isso, nestas próximas eleições, será presidente quem der mais confiança à máquina de guerra, quem estiver pronto(a) para puxar o gatilho! Se o derrube dos frelos não for pela via da auditoria, como tudo indica que será, vai por outra. A renamo foi posta em standby. Os cowboys não precisam de gastar muito para a mandar tomar o poder pela força! Mas acho que os frelos, a julgar pelo incendiário pedido de armas para o povo acabar com a renamo, consideram isto impossível, tal é a bebedeira! Em Portugal, com a mudança da direcção da Caixa Geral dos Depósitos, vieram à superfície novas escandaleiras. A recapitalização da Caixa não é um assunto pacífico, nem exclusivamente português. A União Europeia quer saber como, porquê e por quanto, o governo português precisa capitalizar a instituição. Então, a nova direcção começou a vasculha das contas – a clássica auditoria. E aí, veio a público que, afinal, há um jovem empresário moçambicano devedor à caixa por uns meros 60 – 80 milhões de euros, por um empréstimo que lhe foi concedido para comprar 18% do capital do BCI. Que o jovem não vale nem 1% desse valor todo o mundo sabe. Mas fica mais estranho que fosse acordado com os credores (a Caixa), que esse empréstimo seria garantido por acções do BCI e amortizado com os lucros / dividendos que o próprio BCI distribuísse. Como o BCI não tem distribuído lucros, o jovem mandou dizer que não paga o empréstimo. Num país normal o jovem era demitido de ministro por se considerar pouco ético e obscuros os interesses do negócio das partes. E, se Portugal fosse também um país normal, ia para a pildra o ex-conselho de administração da Caixa que autorizou um empréstimo de uma instituição pública, em tais condições. Que empresário brilhante tem Moçambique! Passei alguns anos na banca, fundei bancos e nunca consegui comprar participações desta maneira. Sou burro! Recordo-me apenas de um caso idêntico, com o falecido Champalimaud, que comprou um banco com o cheque do próprio banco! Mas isso foi no tempo da outra senhora, sem os chamados Acordos de Basileia I e II que regulam o sector financeiro internacional. Mesmo bem lida, a legislação financeira da nossa república não permite essa operação sem que o Banco Central faça muitas perguntas, e solicite respostas por escrito! Teoricamente foi contraído um considerável empréstimo externo, (quem o autorizou?) cuja garantia são acções de um banco local  (e se for à falência?), a ser amortizado com dividendos do próprio banco (quantos anos para pagar capital e juros? Os juros não pagos acrescem à dívida?). E tudo isto, todo este estranho negócio, faz-se em troca de quê, exactamente? Mas o Gove não fez perguntas porque sabia que os 18% comprados por esta via pertencem ao patrão dele, que graças a isso, o manteve governador durante o seu mandato! O jovem empresário afinal, é provavelmente dono apenas de umas quantas empresazitas falidas que nem salários pagam – dono de um imperiozito falido! Portanto, quando o nó górdio for para a cadeia, toda a teia se desfaz e, com ela, uma boa parte da actual máquina do poder! Venham as pipocas.


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