terça-feira, 17 de novembro de 2015

Liliput




Na I de 14/15 de Novembro 2015 vem uma grande entrevista a António Barreto, cuja foto ocupa igualmente a capa da revista, com dizeres em relevo, chamariz da atenção para aquela, com textos de Isabel Tavares e José Cabrita Saraiva e fotografias de António Pedro Santos.
Começamos pela informação de que António Barreto está reformado dos seus compromissos da Fundação Francisco Manuel dos Santos, que, segundo leio na internet, tem como missão estudar, divulgar e debater a realidade portuguesa, ao que parece, sem fins lucrativos. E vê-se por esta entrevista, que António Barreto também sempre gostou de a debater, a realidade. É, aliás, uma ocupação muito nossa, debater, que começa com o “Como vai isso?” ou o “Como está?” das nossas falas de intróito educativo comezinho, ponto de partida para os contactos mais aprofundados. Por vezes estes descambam nos tais debates, uns indiscutivelmente mais lucrativos do que outros, mas para todos os efeitos, tão inúteis uns como outros, o verdadeiro lucro consistindo, para os defensores da energia e do bom senso, no trabalho sério de produção dos bens materiais ou espirituais, mas as excepções também demonstram que esses dados não são taxativos, vistas as nossas outras formas de obtenção de lucro a que o secretismo preside.
A longa entrevista da I a António Barreto está, pois, marcada por grandes fotos de Barreto e transcrições em letra mais ampla de frases sonoras que ele pronunciou para mostrar que é pessoa que defende conceitos morais que nos calham e de que transcrevo alguns, como “Este acordo é monstruoso e absurdo”, embora, à pergunta sobre se “a moralidade do governo PS é discutível?“ tenha respondido incongruentemente com outra pergunta que me deixou de pé atrás: “O que é moralidade em política?”.
É por isso que não transcrevo mais nenhuma das suas frases de homem vistoso e virtuoso, que fez e desfez, que diz e desdiz – parece que foi um dos fautores da Reforma Agrária, que corrigiu depois com a “Lei Barreto”, que não sei se resolveu algum dos seus sonhos. Quanto a outros dados biográficos, tudo isso faz parte do zum zum próprio do nosso narcisismo e debilidade, que estamos fartos de ouvir, por aí.

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