sexta-feira, 9 de outubro de 2015

“Príncipe Perfeito”



Acabaram agora. Três homens no bote pátrio, simbolizado pela mesa nem quadrada nem redonda moderada por Carlos Andrade, discutindo sem o humor que encontramos no livro de Jerôme K. Jerôme, deslizando no Tamisa mais o cão do narrador, na satisfação do gozo de uma vida inteligentemente descrita, com graça, sabedoria, sentido crítico. Sem as incongruências trazidas pelo ódio caseiro, ou mais rebuscado, de dois dos nossos navegantes a seco, e pelo reconhecimento de que o que propõem de facto não convém a ninguém, mas não se atrevendo a usar de transparência nesse sentido, elogiando, Jorge Coelho, o PC, que trouxe a democracia ao país, e cujos ideais ele seguira, certamente, antes de enriquecer na camaradaria PS, fazendo jus agora a esse PC, que estrebucha para se infiltrar em nova governança, de coligação com Costa, para iniciar a ditadura de esquerda que já em tempos houve - ou talvez nem isso, de facto apenas para saborearem também os eflúvios poderosos do acto de governar. E Coelho desdizendo astuciosamente – e indelicadamente -  Lobo Xavier, insistindo que não houve tal ditadura, Lobo Xavier desdizendo subtilmente Coelho, afirmando-lhe que ele estava esquecido, por ter apoiado as lutas contra as ditaduras da direita salazarista por ser mais velho. Ele, Lobo, jovem ainda,  tivera que lutar contra a ditadura do PREC  por ser mais novo, vivendo na onda libertadora que, felizmente, um Ramalho Eanes protagonizara, nos idos de 76. E Pacheco Pereira estalando de saber, na confirmação do seu anterior rectângulo de estimação, subdividido em dois de diferente tamanho, representativos de direita e esquerda, este último maior, mas não se atrevendo a decidir – nem ele nem Coelho – por uma resposta cabal à pergunta do moderador Carlos Andrade, se gostariam mais da coligação à direita se da coligação à esquerda. Não, nenhum dos dois se atreveu a confessar que lhes repugnaria a coligação à esquerda, não só porque a esquerda trataria mal os capitalistas, (entre os quais eles se deviam integrar), disso não teriam dúvidas  - (mas é uma opinião pessoal, de quem entende do clima da cobardia geral e admira Cavaco Silva que, ao contrário do que dizem, sabe muito e usa corajosamente de prudência e visão, conhecendo o povo soberano, e não pondo o pescoço na areia como dizem que ele faz, como as avestruzes - o que leio, na Internet, que não é verdade - quando pressentem o perigo. Cavaco sabe que o cutelo lhe estará sempre reservado, proceda de uma maneira ou de outra, e decide apenas pela sua cabeça, indiferente aos apupos, no sentido, muitas vezes expressado, de salvar o país.
 Tendo feito melhor as contas, ou só agora o revelando, anteriormente usando de perfídia maquiavélica, sonegando a verdade, como fazem todos os apoiantes dessa esquerda traiçoeira -  os dois críticos do PAF concordaram que a dependência económica do nosso país, da Europa, é um facto real, cujos compromissos têm que ser respeitados, digam eles o que disserem, e mais as meninas bonitas de parte dessa esquerda, e os homens enrugados da outra parte, prometendo mundos e fundos sem explicar como, e ainda os seus acólitos, que lembram os tais lagartos (ou os seus rabos) a quem se cortou o rabo - que “é rabo para aquém do lagarto, remexidamente.”
Remexidamente. É como andamos todos – uns, a tentar cortar o rabo ao lagarto, outros a tentar que o lagarto não perca o rabo que, todavia, tem vida própria. Entre estes últimos, salvadores do sáurio rabo, Lobo Xavier. Honesto, brilhante, corajoso, com sentido de humor. Como sempre o conhecemos.

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