segunda-feira, 8 de junho de 2015

Quo vadimus, Domine?




Um artigo excelente - “QUOTA PARA REFUGIADOS”  -  de António da Cunha Duarte Justo, publicado no “A Bem da Nação” – na profundidade da sua análise sobre a política de acolhimento europeu dos povos que a fome ou a desavença interna expulsa dos seus países. Uma Europa eivada de preconceito de imediatez solidária, sem analisar outras alternativas de auxílio, uns Estados Unidos responsáveis pelo deflagrar das guerras nalguns desses países, indiferentes às consequências sobre uma Europa revoltada e cada vez mais fragilizada ante as hordas de “invasores” que o “sentido humanitarista” dos governos faz acolher - forçadamente, para ficar bem na fotografia- distribuindo-os segundo as conveniências das nações mais desenvolvidas – refractárias, naturalmente, à aquisição dos fugitivos de condição cultural inferior – segundo um conceito de apuramento rácico e segregacionismo cultural, como no tempo da minha escola primária – hábito que se perdeu – distribuindo-se os alunos por filas de maior ou menor sucesso escolar: a fila dos bons, a dos suficientes e as do medíocres. Resta-nos a nós continuarmos na fila dos terceiros, e aceitarmos os náufragos da mesma fila, sofrendo as consequências de uma falta de ilustração de longa data, protegida por chefes pouco sensíveis a essa, em troca de outros apanágios de maior brilho e visibilidade, que para todos os efeitos ainda permanecem. E permanecerão, se não forem vandalizados por quem de direito, nessa altura:

«QUOTA PARA REFUGIADOS »
A EUROPA RICA RECRUTA IMIGRANTES QUALIFICADOS E EMPURRA REFUGIADOS DESQUALIFICADOS PARA OS PAÍSES POBRES DO SUL
Quota para Refugiados revela Abuso cínico da Palavra Solidariedade
A Comissão Europeia para a Migração pretende que se faça a redistribuição de 20.000 refugiados que se encontram na Europa, tencionando para Portugal uma chave de recolocação correspondente a 3,89% e para a Alemanha e França 10%. Uma tal medida aumentaria a quota de desemprego nos países do sul que se sentem já vítimas de uma economia da UE pró nórdica. Portugal seguirá, como de costume, uma atitude de “Maria-vai-com-as-outras”.
Portugal que exporta para a Alemanha, França, Inglaterra, Suíça, etc. os seus emigrantes qualificados que não encontram condições suficientes de vida em Portugal deve passar a receber dos países islâmicos imigrantes sem qualificação.
Muitos cidadãos europeus têm dificuldade em compreender que os seus países tenham de aceitar os refugiados de guerra interna islâmica entre xiitas e sunitas e que países islâmicos como a Arábia Saudita não aceitem refugiados vítimas da guerra religiosa ou da economia.
Na França, Alemanha, e noutros países europeus aumenta no povo a resistência à aceitação de refugiados. Muitos alegam que têm medo de receber os refugiados porque estes, na sua grande maioria são muçulmanos e uma vez hospedados num país organizam-se em guetos e não se integram; outro argumento que se ouve com frequência é a realidade de uma vez reconhecidos servirem de ponte para novos imigrantes e o facto de entre os refugiados se encontrarem terroristas do Estado Islâmico. Também se encontram políticos na Alemanha que dizem que a Alemanha “não é a repartição de segurança social da humanidade” e também pessoas pobres que reclamam por cada vez verem mais reduzidos os apoios sociais sem entenderem que o Estado empregue milhões de euros no acolhimento de refugiados. Não notam a corresponsabilidade das potências no fenómeno nem a irresponsabilidade da classe política em relação à paz social na Europa.
Em 2014 a Suécia recebeu 8,4 refugiados por cada mil habitantes, a Áustria 3,3 por mil, a Suíça 2,9, a Alemanha 2,5, a Itália 1,1, a França 1, a Inglaterra 0,5, a Espanha 0,1.
A Inglaterra, a Polónia a Hungria, a Eslováquia e a Chéquia revelam-se contra o intuito da Comissão Europeia de introduzir quotas de refugiados a distribuir para todos os membros da UE. A Alemanha faz força para que todos os países sejam obrigados a receber refugiados. Os países economicamente fortes da Europa não se querem ver sozinhos com os problemas da imigração por razões de estabilidade social e por razões económicas. A Alemanha, em 2014 recebeu 173.070 requerimentos de refugiados.
Por outro lado funcionários da economia alegam que a Alemanha para cobrir a quebra da natalidade da população precisaria de 400.000 imigrantes por ano. A Alemanha prefere recrutar imigrantes qualificados porque não provocam custos de integração e formação e além disso integram-se melhor e elevam o nível social popular.
Quota não é solução e seria injusta para com os países pequenos que não entram em guerra nem fazem parte dos países desestabilizadores que lucram com exportação de armas nem com a reconstrução dos países de intervenção. Os pontos quentes são a Síria, o Iraque, a África do Norte, o Afeganistão e a Líbia. A Líbia tornou-se num ponto de fuga dos refugiados para a Europa. Para acrescentar a insegurança surgem organizações extremistas muçulmanas na Europa que, ao afirmarem que com a emigração muçulmana e a sua fecundidade restabelecerão seus antigos domínios na Europa, fomentam mais o medo e o preconceito de muitos cidadãos europeus confrontados já com os problemas dos guetos.
A informação pública foca apenas o aspecto emocional dos refugiados não contribuindo para uma discussão séria e objectiva sobre o assunto.
A política da Comissão Europeia não está interessada no diagnóstico e no tratamento das causas que provocam a emigração em massa; parece apenas interessada em tratar as feridas mas não querer solucionar o que provoca o flagelo hodierno das lutas entre xiitas e sunitas e o fenómeno dos refugiados. A preocupação europeia deveria ser o fomento da estabilidade e do bem-comum da população nos países de proveniência dos refugiados (a preocupação pelo bem-comum universal). As medidas pretendidas de destruição dos barcos dos contrabandistas não resulta porque a pobreza e as rivalidades entre os grupos étnicos continuarão com o apoio directo ou indirecto do Ocidente. Urge uma política de ajuda para a auto-ajuda das pessoas nos seus países; para os que já se encontram no mundo livre devia dar-se-lhe uma formação qualificada para poderem, mais tarde, fomentar as economias dos países donde vêm.
Não é justo que as potências que participaram para a instabilidade do Afeganistão, do Iraque, da Líbia, da Síria não assumam a responsabilidade de terem provocado uma consequente perseguição aos cristãos e a outras minorias étnicas na região e que agora países terceiros tenham de acarretar com os problemas que imigração muçulmana acarreta consigo (Não se trata só de fugitivos mas de pessoas). As administrações dos USA têm actuado irresponsavelmente, conscientes de que quem mais sofre as consequências da sua política fracassada é a Europa e que a Europa fraca e decadente - irmã menor dos USA – se limita a uma política ritual irresponsável e carpideira sem encarar a peste que vitima fugitivos no mar Mediterrâneo e infesta o clima social europeu.
António da Cunha Duarte Justo

Nenhum comentário: