quarta-feira, 22 de abril de 2015

Mare eorum




Uma vasta reportagem historiográfica de António da Cunha Duarte Justo, publicada no “A Bem da Nação”, sobre as tragédias do nosso tempo, de naufragados no “mare nostrum” da lenda ou da realidade antigas que nos habituáramos a respeitar nas suas rotas de domínio que, felizmente, também nos atingiram, favorecendo o nosso progresso, e que agora vemos ignobilmente manchado de corpos que tentaram evadir-se dos seus destinos de hediondez.
Mas a tragédia dos africanos, a quem foi dito um dia que tinham direito integral ao governo do seu habitat continental, sendo da responsabilidade desses que o disseram - esquecidos muitos deles de que igualmente ocupavam continentes inteiros de “índios” primeiros, cujas civilizações foram por eles conscienciosamente destruídas, em actos de vandalismo de efeito irrecuperável - deveria ser, pois, da solução desses que favoreceram os terrorismos para expulsarem os europeus da África, e permitirem que os tais africanos singrassem na independência e na voracidade dos instintos dos seus novos chefes. As tais ideologias instigadoras do ódio e da visão parcial contra os colonizadores, resultaram - além do despotismo e crime e miséria a que fomos e continuamos assistindo - em tantas destas tragédias mediterrânicas, de hordas de desgraçados, actuais invasores de uma Europa impotente, que pretende ser generosa acolhendo-os e tentando salvá-los dos parasitários donos de embarcações que os aliciam rumo ao eldorado das suas novas esperanças, numa Europa ela própria esfrangalhada.
Um “mare nostrum” macabro, sepultura de tantos desses e dos que da Ásia tentam igualmente escapar aos crimes da loucura que se generalizou imparavelmente no mundo. Fora a que se prepara ainda numa Rússia cinicamente imperialista, que a si própria não põe travões de domínio. Assim vamos, na impotência de uns e de outros, no salve-se quem puder no meio da loucura, há alguns anos favorecida pelos tais chefes de sábias mentes criminosas, na Europa, na Ásia, enquanto na América do Sul, se vão sucedendo graves mazelas,  no seu  mundo também de malandrice e ambição.
Um mar de  ilhas e de cruzeiros, um mar de lendas e de encantamento. Um mar de corpos afundados, daqueles a quem foi dito que tinham direito a permanecer livres nas suas terras.


«700 REFUGIADOS NAUFRAGADOS NO MEDITERRÂNEO»
Drama dos Refugiados – Um Problema sem Solução?
As notícias catastróficas sobre refugiados que tentam atravessar o Mediterrâneo para a Europa multiplicam-se de dia para dia; o número de naufragados subiu, esta última semana, já para mais de mil.
Segundo a agência da ONU para refugiados do ACNUR, deu-se agora (19.04.2015) a maior tragédia no Mar Mediterrâneo com refugiados. A 10 km da Líbia afundou um arrastão com 700 pessoas a bordo, dos quais apenas 28 puderam ser salvos.
Dias antes, segundo a organização de ajuda humanitária Save the Children tinha naufragado já um navio ao largo da costa da Líbia, com 560 refugiados/imigrantes. A Guarda Costeira italiana ainda conseguiu salvar 144 dos naufragados.
Desde o início deste ano, já foram salvos 19.000 imigrantes.

Operações de salvação de imigrantes/refugiados
«Mare Nostrum» e «Frontex»
Em Novembro de 2014, a Itália deu por finda a operação (“mare nostrum”) de salvação de migrantes vindos das costas da Líbia” e iniciada depois do naufrágio de Lampedusa onde morreram 400 imigrantes líbios em Outubro de 2013. Esta operação italiana custou 114 milhões de euros e conseguiu salvar 150 mil vidas em perigo de naufragar no mediterrâneo.
Para poupar dinheiro e para, alegadamente, não facilitar o tráfego dos traficantes contrabandistas de refugiados e para não se tornar num incentivo para outros refugiados, a UE não continuou a missão salvadora “mare nostrum”, criando, em vez dela, uma patrulha (“Triton”) a operar no alto-mar mediterrânico que faz o rastreio de barcos (impedir barcos ilegais e salvar pessoas). A Marinha dos estados membros e a Agência de Patrulha de Fronteiras (Frontex) só podem operar no âmbito de 30 milhas náuticas das fronteiras da UE, o que facilita a vida aos traficantes de imigrantes/refugiados.
Entre os Estados membros não há acordo em criar estratégias mais eficientes atendendo também à situação mercantil com os refugiados e aos concorrentes interesses e compromissos históricos dos diferentes países europeus em relação a África. (A Inglaterra não participa na Frontex).
Por outro lado, uma política de distribuição equitativa dos imigrantes pelos diferentes países membros revelar-se-ia injusta. A agravar a situação está o facto de a grande maioria de imigrantes serem muçulmanos e estes se organizam em guetos que se definem, geralmente, na auto afirmação e contraposição em relação à cultura não muçulmana. Por um lado, os imigrantes/refugiados trazem sangue novo e contribuem para o rejuvenescimento de uma Europa já envelhecida, por outro trazem imensos custos, a curto prazo, no que respeita a medidas de alojamento, formação escolar, profissional e de integração no mundo social e laboral.
A UE encontra-se dividida entre o combate às organizações de tráfico (quadrilhas de contrabando) que fomentam o tráfego com refugiados cobrando entre 4.000 e 7.500 Euros por pessoa, pela sua passagem para a Europa, em condições míseras e desumanas, e o regime jurídico a aplicar: as autoridades europeias têm dúvidas sobre a definição do estatuto dos refugiados que se for de ordem económica, não dá direito a asilo, e se for de ordem política implica o direito a asilo no país onde aportarem.
Esta nova catástrofe motivou a intenção de criar novas iniciativas a nível europeu. Neste sentido pensa-se na extensão da missão de salvação “mare nostrum” a nível europeu e a medidas nos países costeiros africanos. “Mare nostrum” tinha a vantagem de detectar o perigo nas zonas costeiras da Líbia.
Muitas das famílias dos refugiados/imigrantes vivem em situações críticas no que respeita à segurança, à corrupção das autoridades da alta hierarquia e a dificuldades económicas e por isso procuram enviar os seus jovens mais robustos para a Europa para que, uma vez que tenham um lugar de trabalho, possam enviar dinheiro para elas.
As nações e a ONU enviam bastante dinheiro para projectos de desenvolvimento e de infraestruturas mas, como não há controlo, muito do dinheiro é desviado, enquanto projectos pequenos, a nível regional de Autarquias, Aldeias, no dizer de Cap Anamur, são eficientes: “à medida que se sobe na hierarquia aumenta a corrupção”.
Rotas dos refugiados ilegais
Segundo menção da imprensa alemã, as rotas de proveniência da maior parte dos refugiados ilegais, em 2014, foram: Europa de Leste com 1.270 refugiados (vindos do Vietname, Afeganistão e Geórgia), Europa do Sul com 43.360 refugiados (do Kosovo, Afeganistão e Síria), Grécia com 8.360 (da Albânia, Macedónia e Geórgia), Mediterrâneo Oriental com 50.830 refugiados (da Síria, Afeganistão e Somália), Canárias com 275 refugiados (de Marrocos, Guiné e Senegal), Mediterrâneo Ocidental com 7.840 refugiados (dos Camarões, Argélia e Mali) e Mediterrâneo Central com 170.760 refugiados (da Síria, Eritreia e Somália).
A esperança desesperada tenta a ilegalidade como meio para melhorar a vida. Fogem do Iraque, da Síria, da Líbia, do Afeganistão, do Iémen, de Marrocos, de Mali, etc. Fogem à guerra, à injustiça e à pobreza. Explorados por quadrilhas traficantes, vêem a sua vida ameaçada até atingirem a cortina europeia da Itália, Grécia, Bulgária ou Espanha. Chegados a um país europeu vêem-se confrontados com burocracias e costumes estranhos bem como com o receio de parte da população dos países de recepção que vêem a sua identidade cultural ameaçada e as finanças das comunas sobrecarregadas.
Devido à contínua afluência de refugiados à Alemanha já se observam actos de vandalismo contra casas que são preparadas para a recepção de refugiados e uma crescente oposição de grupos que se manifestam contra políticos que a nível local tomam iniciativas de criar lugares de alojamento para refugiados. Por outro lado assiste-se na população alemã a uma grande participação em medidas de ajuda concreta a refugiados.
Para não se sobrecarregar a sociedade com problemas de integração a sociedade acolhedora terá de garantir o sucesso aos refugiados que encontrem guarida entre nós, indo de encontro às suas necessidades humanas, nos diferentes níveis de acolhimento. Por outro lado os migrantes muçulmanos terão de mostrar mais vontade de respeitar a mentalidade dos países acolhedores não se rebelando contra a integração.
Num barco saído da Líbia (14.04.2015), com 105 imigrantes, tripulantes muçulmanos lançaram 12 cristãos ao mar, encontrando-se agora 15 dos prováveis assassinos (da Costa do Marfim, Mali e Senegal) a contas com a justiça italiana em Palermo. A realidade ultrapassa a nossa fantasia: no mesmo barco, na procura de salvação em terras cristãs, imigrantes muçulmanos perseguem companheiros cristãos em nome da sua religião! Em casas para refugiados na Alemanha tem havido contendas entre refugiados que se agridem devido à sua diferença religiosa.
Muitos africanos passaram o primeiro colonialismo na sonolência e agora como imigrantes têm medo de ser colonizados pelo ocidente civilizado. Antigamente os "chefes" forneciam escravos à Europa em troca de algum dinheiro e hoje fornecem-nos matéria-prima deixando os seus cidadãos passar mal.
Combater as causas e não apenas as consequências da catástrofe humana, será a grande tarefa da UE, procurando fomentar perspectivas de vida digna nos seus países de origem e criando um ambiente favorável à integração dos hóspedes chegados. Sem uma abertura mútua entre hóspedes e hospedeiros acumular-se-ão problemas e criar-se-ão situações futuras perigosas para toda a população.
António da Cunha Duarte Justo


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