quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Ai pernas, quanto vos quero!



A entrevista de Marcelo Rebelo de Sousa a Cristiano Ronaldo devia ser gravada e levada às escolas, como propósito educativo de incutir na juventude coragem,   confiança e vontade de progredir em qualidade e seriedade.
Fiquei admirada, pois apercebi-me de quanto Ronaldo evoluíra, não só nas suas qualidades desportivas que o levaram a tornar-se crack do futebol mundial, mas como ser humano que defende valores importantes de educação cívica.
Sem rebuço nem falsa humildade, considera-se o melhor naquilo que faz, mas explica que isso não está só no seu génio, mas no seu próprio esforço. Fez por atingir o máximo e vai continuar a fazê-lo, porque é isso que quer: ser o melhor no que faz. O êxito acompanhou-o, mas ele mereceu-o. E a sua passagem pelo mundo ensinou-o – em convicta expressão – a confirmar aptidões que já a infância revelara. Mais amadurecido, exprime-se bem, explicando quanto deve aos países onde esteve – Inglaterra e Espanha. Admira, nos Ingleses, a seriedade, o profissionalismo, a pontualidade, a decisão. (E tem razão, que tais atributos, entre outros, fizeram dos Ingleses o povo superior cuja  língua avassalou o mundo, ao longo da sua expansão pela Ásia, África, América, Oceânia, além do seu próprio espaço na Europa: onde se implantou, deixaria poderosa marca civilizacional, que a sua língua universal atesta).
Ronaldo, todavia, escolheu Espanha, talvez por motivos práticos da sua própria ambição, talvez porque aí tenha encontrado um povo mais expressivo em afectos e entusiasmos que consolam, na ausência do espaço paterno.
O certo é que Ronaldo exprime bem a sua realidade de ser humano com objectivos máximos e que se esforça por os atingir, como fizeram os ingleses nas suas conquistas, os espanhóis nas suas navegações.
Uma entrevista, afinal, de uma pessoa inteligente – Marcelo Rebelo de Sousa – a um jovem que soube dar a resposta exacta, não só em relação a si próprio, mas como doutrina a seguir por todo aquele que se preze.
Os cépticos considerarão que o mundo deve tanto a tantos cérebros que o vão tornando cada vez mais requintado, quer nas perfeições quer nas imperfeições. E deve a muitos mais que, na obscuridade das suas vidas, vão fazendo por cumprir o que lhes é – ou não – exigido. Com o seu cérebro, com o seu corpo, com a sua vontade. Com visibilidade ou sem ela.
Mas as pernas contam muito, na visibilidade, o cérebro mantém-se na sua obscuridade, ante o espectáculo das pernas em campo de futebol, sobretudo quando pertencem a um génio. E dão dinheiro a valer, afinal o que mais conta.
É certo que há os casos dos cérebros superiores que entendem não precisarem de visibilidade para obterem dinheiro, até mais do que as pernas. Preferem mesmo a obscuridade concentrada e modesta, própria de um cérebro que se preze.  Às vezes, também dão espectáculo. Mas posterior.

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