quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

«E o dono da Tabacaria sorriu»



Uma explicação de grande clareza, que um professor universitário – Paulo Morais – não se permitiria expor se não fosse verdadeira, embora, pelo que se tem visto no nosso país de sol, que nos aquece que nem a lagartos “a quem cortam o rabo E que é rabo para aquém do lagarto, remexidamente”,  como informa um angustiado niilista, Álvaro de Campos - nele – no nosso país – muitos sejam os que condenam, em irrisórias afirmações de hombridade pessoal, os que a não têm. O que é facto é que cada texto de condenação de uns é pretexto para  trazer à liça outros mais, de quem já se falara em tempos, remexidamente em vão. Oxalá tenha razão Paulo Morais, ao afirmar que uma nova Justiça parece estar a chegar. O A Bem da Nação não se permitiria transcrevê-lo se não confiasse no seu autor:

Terça-feira, 30 de Dezembro de 2014
BEIJA-MÃO ÀS GRADES
 O ex-primeiro-ministro José Sócrates, preso em Évora, inaugurou uma nova prática: a de conceder audiências na cadeia.
José Sócrates, preso em Évora, inaugurou uma nova prática: a de conceder audiências na cadeia. As peregrinações de inúmeras figuras públicas à penitenciária de Évora, sob a capa aparente de visitas de apoio e solidariedade, mais não parecem do que exercícios de vassalagem.
Ao longo de anos e enquanto governante Sócrates garantiu ganhos milionários a alguns dos maiores grupos económicos, em particular na Finança e nas Obras Públicas. Todos aqueles que Sócrates beneficiou estarão agora a ir à cadeia beijar-lhe a mão. Será uma questão de gratidão. Por lá passaram e continuarão a passar os concessionários das parcerias público-privadas (PPP), a quem Sócrates garantiu rendas obscenas em negócios sem risco. Assim, não será de estranhar que o todo-poderoso Jorge Coelho, presidente durante anos do maior concessionário de PPP rodoviárias, o grupo Mota-Engil – tenha rumado a Évora. Também lá esteve em romagem José Lello, administrador, durante os governos socialistas, da construtora DST, que muito ganhou também com PPP.
Não deixa de ser curioso que cheguem apoiantes de todos os sectores que Sócrates tutelou. O líder do futebol português, Pinto da Costa, foi mais um dos que manifestou o seu apoio público. Afinal, Sócrates foi o ministro do desporto que trouxe o Euro 2004 para Portugal. Um Euro que valeu muitos milhões de euros aos clubes de futebol e seus dirigentes. Mais um gesto de vassalagem.
Para ser visitado e apoiado, a Sócrates bastará enviar a convocatória. Todos aqueles cujos podres Sócrates conhece, os que usufruíram de benefícios ilegítimos pelas suas decisões – todos aparecem ao primeiro estalar de dedos. Todos temem Sócrates, pois sabem que se ele resolver falar, desmorona o seu mundo de promiscuidades entre política e negócios.
Com estas convocatórias e manifestações de apoio, o ex-primeiro-ministro pretende manipular a opinião pública, vitimizando-se; bem como condicionar a Justiça, através da sua manifestação de força e influência.
Mas o que não faz e deveria fazer é aproveitar o acesso directo aos media para explicar quais os bens de fortuna que lhe permitiram, sem rendimentos compatíveis, manter, durante anos e depois de sair do poder, uma vida de ostentação.
27 de Dezembro de 2014

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