quarta-feira, 26 de novembro de 2014

La guerre aura lieu



Acabei de ouvir o Dr. Mário Soares, à saída do sítio confortável, em Évora – ( a  minha filha diz que eles desfalcam a nação e têm cadeias de luxo que a nação também paga, nunca tinha pensado assim tão mesquinhamente e até me espantei com a observação) - onde estava preso o seu amigo José Sócrates e pensei quanto a sua indignação meio tartamuda correspondia a uma autêntica declaração de guerra ao actual governo, que de facto, procedeu com pouca lisura não talvez para entalar Sócrates, (que tem sempre os meios próprios para se desentalar, entre os quais os amigos de peito, por estes serem compreensivos nestas caminhadas próprias da rapaziada vivaça, como eles próprios também fizeram, pelo menos parecidas), mas para entalar Costa e os súbditos, mas ninguém me garante a verdade desta declaração.
E lembrei-me do tema da guerra, que Vieira tão excelsamente descreveu, por várias vezes, tendo-as sentido na pele, homem honrado que chega a exortar o próprio Santíssimo Sacramento, pelas guerras que consente de povos que nos tiram o que descobrimos e conquistámos com tantos sacrifícios. 

(Retiro os textos da Internet, do trabalho de Aníbal Pinto de Castro  - Univ. de Coimbra (Humanitas) «DAS INCERTEZAS DA GUERRA À VISÃO PROFÉTICA DA PAZ  NA OBRA DO PADRE ANTÓNIO VIEIRA»

Excerto do «SERMÃO HISTÓRICO E PANEGÍRICO NOS ANOS DA RAINHA D. MARIA FRANCISCA DE SABÓIA»[…] É a guerra aquele monstro que se sustenta das fazendas, do sangue, das vidas, e quanto mais come e consome, tanto menos se farta. É a guerra aquela tempestade terrestre que leva os campos, as casas, as vilas, as cidades, os castelos, e talvez em um momento sorve os reinos e monarquias inteiras. É a guerra aquela calamidade composta de todas as calamidades, em que não há mal algum que ou não se padeça ou não se tema, nem bem que seja próprio e seguro: – o pai não tem seguro o filho; o rico não tem segura a fazenda; o pobre não tem seguro o seu suor; o nobre não tem segura a sua honra; o eclesiástico não tem segura a imunidade; o religioso não tem segura a sua cela; e até Deus, nos templos e nos sacrários, não está seguro. […]
Escreve Pinto de Castro: «Daí a veemência com que no Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda ele não hesite em increpar violentamente o Santíssimo Sacramento solenemente exposto, numa atitude de quase desafio que o seu verbo exprime em arroubos de maravilha:»
«Tirais [...] o Brasil aos Portugueses, que assim estas terras vastíssimas, como as remotíssimas do Oriente, as conquistaram à custa de tantas vidas e tanto sangue, mais por dilatarVosso nome e Vossa (que esse era o zelo daqueles cristianíssimos reis), que por amplificar e estender seu império.

 Assim fostes servido que entrássemos nestes novos mundos, tão honrada e tão gloriosamente, e assim permitis que saiamos agora (quem tal imaginara de Vossa bondade!) com tanta afronta e tanta ignomínia! Oh, como receio que não falte quem diga o que diziam os Egípcios: Callide eduxit eos,ut interficeretin montibus et delerete terra (Para mal os tirou para matá-los nos montes, e para destruí-los da face da terra). Torna-te da tua ardente ira, e arrepende-te deste mal contra o teu povo.
[...]Se esta havia de ser apagae o fruto de nossos trabalhos, para que foi o trabalhar, para que foi o servir, para que foi o derramar tanto e tão ilustre sangue nestas conquistas? Para que abrimos os mares nunca dantes navegados? Para que descobrimos as regiões e os climas não conhecidos? Para que contrastámos os ventos e as  tempestades com tanto arrojo, que apenas baixio no oceano que não esteja infamado com miserabilíssimos naufrágios de portugueses? E depois de tantos perigos, depois de tantas desgraças, depois de tantas e tão lastimosas mortes, ou nas praias desertas sem sepultura, ou sepultados nas entranhas dos alarves, das feras, dos peixes, que as terras que assim ganhámos, as hajamos de perder assim! Oh, quanto melhor fora nunca conseguir nem intentar tais empresas!»

É por conta destas maravilhas de Vieira, que a catilinária do Dr. Mário Soares na entrevista que deu em Évora, a muitos jornalistas, sempre ansiosos dos pensamentos alheios, me fez recear a nossa guerra de actos e factos. Que a de palavras concludentes, temo-la diariamente, sempre com muito empenho e saber. Felizmente que ele ainda não pronunciou as palavras decisivas de Hitler em 23 de Novembro de 1939: «A minha decisão é imutável
Por tudo isso, e mais ainda por causa da peça de Jean Giraudoux “La Guerre de Troie n’aura pas lieu”, que era a ideia fixa do herói responsável, Heitor, e que acaba precisamente com as palavras opostas do mesmo : “Elle aura lieu”.
Por isto ou por aquilo, há sempre motivos e motivações para as guerras.

Também aconteceu na 2ª Grande Guerra, cheia de episódios mundiais, segundo conta Paula Almeida:

23 de novembro
1939
¾     O governo polaco no exílio instala-se em Angers, França.
¾     Na Chancelaria do Reich, num discurso perante os seus generais, Hitler afirma que elevou o povo alemão, enquanto este tem mostrado somente falta de fé. Eu sou insubstituível - defende um Hitler frustrado - atacarei a França e a Inglaterra assim que puder. A minha decisão é imutável.
¾     Hans Frank, chefe do Governo Geral da Polónia ocupada pelos nazis, ordena que todos os judeus com mais de dez anos passem a usar uma braçadeira marcada com a estrela de David.
1940
¾     O líder da Roménia, Marechal Antonescu, aceita juntar-se às potências do Eixo. Fala-se da preparação de um ataque alemão à Grécia pelas forças sediadas na Roménia. A Alemanha exerce pressão sobre todos os estados bálticos desde a invasão italiana da Grécia, na tentativa de garantir a estabilidade do abastecimento de alimentos e de petróleo.

24 de novembro
1933
¾     O governo nazi aprova uma lei contra os criminosos perigosos e reincidentes, o que permite que mendigos, sem-abrigo, alcoólicos e desempregados sejam enviados para campos de concentração.
1939
¾     O governo da Bélgica envia uma nota ao governo britânico a respeito das represálias da Grã-Bretanha face à colocação de minas pelos alemães.
1940
¾     O primeiro-ministro da Eslováquia, Vojtech Béla Tuka, adere ao Pacto Tripartido.
1941
¾     O gueto de Theresienstadt/ Teresin é criado perto de Praga. Os nazis vão utilizá-lo como modelo para fins de propaganda.
¾     Os Estados Unidos aprovam a concessão de empréstimos às forças francesas livres.
1944
¾     Oitenta e oito aviões americanos efetuam o primeiro bombardeamento de Tóquio a partir do leste e por terra.

25 de novembro
1936
¾     A Alemanha e o Japão assinam o Pacto Anti-Comintern ou Anti Comunista, direcionado contra a União Soviética e contra o movimento comunista internacional. 
1939
¾     Em Londres, os governos da Itália, Japão, Dinamarca e Suécia protestam junto do ministério dos negócios estrangeiros britânico sobre a política de represálias.
¾     Em Bucareste, um novo gabinete é formado por Tatarescu. A presença de elementos pró-germânicos é diminuta.
1940
¾     No Mediterrâneo, o navio SS Patria explode e é afundado no porto de Haifa, na Palestina, por membros da organização terrorista sionista Irgun Leumi Zvai como forma de impedir a utilização do navio para deportar judeus da Palestina.
1941
¾     Os judeus alemães na Holanda perdem a sua nacionalidade, tornando-se apátridas.
¾     A Finlândia adere ao pacto anticomunista.
1942
¾     Na Grécia ocupada, membros da resistência pertencentes a duas organizações gregas rivais fazem explodir um viaduto em Gorgopotamos, sobre a linha de caminho-de-ferro Atenas-Salónica. Esta via foi utilizada anteriormente para abastecer o exército de Rommel. A manobra foi liderada por agentes do SOE britânicos.
1943     A soberania da Bósnia Herzegovina é restabelecida no Conselho de Estado Antifascista para a Libertação Nacional da Bósnia e Herzegovina. Trata-se do mais alto órgão governamental do movimento antifascista, durante a Segunda Guerra Mundial, criado para proteger a soberania do estado bósnio.   
No Egipto termina a conferência do Cairo, onde estiveram reunidos Chiang Kai-shek, Roosevelt e Churchill. Os resultados foram pouco significativos. Não foi feita qualquer tentativa de preparação de uma força anglo-americana para o encontro com Estaline, em Teerão.  
1944
¾     Himmler ordena a destruição dos crematórios de Auschwitz

Hoje, 26 de novembro
1939 
   Na Grã-Bretanha, o primeiro-ministro Neville Chamberlain fala pela primeira vez na rádio, afirmando que os britânicos conhecem o segredo das minas magnéticas alemãs e denunciando o lançamento indiscriminado das mesmas.
1940 
     Na Polónia ocupada começam os trabalhos para a criação do gueto de Varsóvia. Os alemães pretendem reunir ali a população judaica local sob condições de vida desumanas. Esta medida é justificada por razões de saúde.
1941
¾     O presidente Roosevelt e o secretário Hull decidem enviar um memorando ao governo japonês, constituído por dez pontos; é exigida a retirada da Indochina e da China e o reconhecimento do Governo Nacionalista Chinês. O tom do documento é intransigente sobre estes pontos, mas promete negociar novos acordos de comércio e de matérias-primas. 
1942 
  Os soviéticos conquistam Krasnoye, Generalov e Selo sobre o rio Don. Continua a pressão sobre as forças alemãs no cerco de Estalinegrado. Os alemães tentam preparar um contra-ataque.
1944
A Alemanha inicia o ataque a Antuérpia, utilizando os V-1 e V-2.
 A 8ª Força Aérea dos EUA ataca pontos estratégicos em Hanover, Hamm e Bielefeld. Os norte-americanos afirmam ter destruído 138 caças alemães, tendo perdido 36 bombardeiros e 7 caças.
 O primeiro exército norte-americano conquista Weisweiler, a oeste de Colónia. 
   Os soviéticos capturam Michaloyce, no leste da Eslováquia.
Enviada: quarta-feira, 26 de Novembro de 2014 10:41
Assunto: Seminário de Formação: Paris 2015
Caros Associados, Colaboradores e amigos
No quadro do Protocolo de Cooperação assinado entre o Mémorial de la Shoah de Paris e a MEMOSHOÁ- Associação Memória e Ensino do Holocausto terá lugar um seminário de formação intitulado: A Shoah na Europa, de 15 a 18 de fevereiro de 2015 (pausa lectiva de Carnaval) para 26 professores portugueses. 
Devido ao número limitado de vagas, as inscrições serão aceites por ordem de chegada até ao dia 15 de janeiro de 2015 via correio electrónico (memoshoa@gmail.com).
Informamos ainda que para esta formação existe a possibilidade de partida de Lisboa e também pelo Porto de acordo com a preferência de cada participante.
Deste modo, enviamos em anexo a informação detalhada sobre este seminário, contando com uma possível inscrição e também com o vosso apoio na divulgação desta iniciativa.
Um Seminário a não perder!
O nosso muito obrigado.   A Direção

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