quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Leituras febris



Os artigos de Alberto Gonçalves sobre os temas das suas iras, neste domingo, 25 de Outubro, naturalmente não diferem do tom habitual, de frontalidade crítica, de  indignação ou de uma ironia sagaz.
“Portugal e o Futuro” glosa o título do livro de Spínola, com a ferocidade de quem, não crendo em nenhum dos comparsas, quer da governação quer da oposição, põe em destaque o que é e o que foi o assalto rotativo à governação, quer da banda da ala liberal, quer da banda da área que se diz virtuosamente defensora dos direitos do povo e que toda a gente acusa de desígnios mais pessoais, em que o compadrio contou como panorâmica apoiante, constante e esbanjadora. 
Apesar de tudo, eu creio nas intenções de recuperação deste actual Governo, e espero sempre em inversão destes factos negativos do nosso descontentamento
. Quanto ao caso animalesco das vaias dos sindicalistas aquando dos discurso de homenagem aos mortos da 1ª Guerra, entendo o desprezo de Alberto Gonçalves, tal como as chufas a Sócrates e aos seus apoiantes. Leiamos, sem mais comentários:

Portugal e o futuro
por ALBERTO GONÇALVES25 outubro 2014
Um destes dias, ao pequeno-almoço, uma diplomata estrangeira pediu-me a opinião sobre o futuro de Portugal. Até tive vergonha, por um lado porque sou modesto, por outro porque a situação assim o exige.
Excluindo os próprios envolvidos, os compadres, os amigos de ocasião e os fanáticos, ninguém confia no governo. De trapalhada em trapalhada, a pedir desculpas ou paciência, o bando liderado pelo Dr. Passos Coelho arrasta-se como o Benfica na "Europa", rumo ao desastre final. Dizer que em três anos o bando refreou o défice à custa da receita é a única coisa parecida com um elogio que estes senhores suscitam. O resto, a austeridade sem retorno ou uma desmesurada carga fiscal acompanhada por zero reformas dignas do nome, provou que nem o machado da troika corta a raiz do pensamento pátrio.
Excluindo os próprios envolvidos, os compadres, os amigos de ocasião e os fanáticos, ninguém confia na oposição. Especialista em intercalar o silêncio com as mais descaradas asneiras produzidas para cá de Caracas, o Dr. Costa, rodeado por puros malucos e oportunistas de carreira, já fareja o poder e ameaça usá-lo com a voracidade dos famintos. Em 2014, continua a haver malária, esclavagismo e, no que nos toca de perto, quem defenda o "investimento" público e o crescimento por decreto sem corar de embaraço.
Mesmo estafados, certos clichés do Parque Mayer, incluindo o do "tacho", merecem recuperação: partidos à parte, toda esta gente luta por um objectivo comum, o de alimentar o Estado de modo a dispor dele. A novela da PT em curso é exemplar, principalmente se atendermos à procissão de vultos que agora reclama a respectiva nacionalização e à procissão de familiares dos vultos que antes conseguiu lá emprego.
Existem diferenças? Algumas, que só importarão aos picuinhas: o PSD disfarça, o PS assume. O PSD explora a absurda aura "liberal" que lhe colaram, o PS jura-se de esquerda. O PSD nega o evidente assalto ao contribuinte, o PS promete-o com orgulho. O PSD mata com álibi, o PS esfola por missão. O PSD finge salvar o país da ruína, o PS não distingue a ruína da salvação. E o povo, pá?, perguntava uma cantilena. O povo, quando não conta os cêntimos, saltita entre a crendice e o desnorte, a resignação e o berreiro, a esperança e a realidade. Mas, quando conta os cêntimos, o povo pressente que o pior ainda não chegou
Domingo, 19 de Outubro


A péssima educação
O primeiro-ministro foi a Coimbra homenagear os soldados mortos na I Guerra. O apreço que o governante inspira é discutível, mas nenhum homem decente discute a consideração devida aos desgraçados que, enviados por tiranetes para defender valores que lhes eram obscuros em lugares que ignoravam, aí terminaram os seus dias. Claro que o conceito de decência não inclui as "dezenas de professores e encarregados de educação" (cito as notícias) que aproveitaram a oportunidade para vaiar o Dr. Passos Coelho.
O tema não favorece ironias: os manifestantes, que provavelmente não representam nada além da boçalidade terminal, também não suscitam outra coisa que não o nojo. Dado que terão abundante tempo livre, são igualmente livres de insultar os senhores no poder quando e onde lhes apetecer - excepto em momentos assim. As suas causas, importantíssimas ou ridículas, não valem um fio de cabelo de cada militar caído na Flandres. E nem sequer tem graça constatar a grotesca contradição dos slogans que empunhavam: "Não há progresso sem conhecimento", ou "respeitar os portugueses exige outra política". Conhecimento é justamente o que essa repugnante gente não possui, e respeito é o que não merece.

Segunda-feira, 20 de Outubro
Os ingratos
Numa nação habituada a desprezar os seus melhores em vida para consagrá-los na morte, consola assistir ao exemplo dado pela Câmara Municipal da Covilhã, responsável por atribuir ao Eng. Sócrates a chave da cidade e uma medalha.
Aos distraídos ou incrédulos, convém informar que, ao contrário do que poderia parecer, o Eng. Sócrates está vivo, tão vivo que aproveitou a deixa para brindar a humanidade em geral e os covilhanenses em particular com diversas pérolas de sabedoria: "O interesse individual existe, é certo, mas existe também o interesse colectivo."
É triste que semelhante portento intelectual receba apenas uma chave e uma medalha municipais, em vez de ter as serralharias e os gravadores de Portugal inteiro a fabricar-lhe resmas de penduricalhos. Se pensarmos bem, o que é que o Eng. Sócrates legou à Covilhã? Que eu saiba, nada, além da honra para a autarquia em contar com ele como técnico enquanto assinava projectos belíssimos na vizinha Guarda. Em troca, a Guarda ofertou-lhe o quê?
O mesmo desprezo que o país, que nem faz o favor de seguir a eucaristia dominical do homem na RTP (aliás abaixo das audiências da própria Eucaristia Dominical, na TVI). E a injustiça dói mais se recordarmos que o homem fez à arquitectura da Guarda o mesmo que fez à economia do país. Desgraçadamente, muitos portugueses teimam em colocar o seu interesse individual à frente do interesse colectivo do Eng. Sócrates: a presidência de todos nós. Ou isso ou uma estátua.»

E para finalizar, lembremos:
Notícias da 2ª Guerra, por Paula Almeida:
Hoje, 29 de outubro/ 1941 No Gueto de Caunas (Lituânia) mais de 10.000 judeus são mortos pelos ocupantes alemães, um massacre conhecido como a "Grande Ação"/ 1942 No Reino Unido, membros importantes do clero e da política realizam uma reunião pública para manifestar a sua indignação face à perseguição dos judeus da Alemanha nazista/ 1944 A cidade holandesa de Breda é libertada pela 1ª Divisão Blindada do exército polaco. O Exército Vermelho entra na Hungria/
Paula Almeida Técnica Superior

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