quarta-feira, 16 de julho de 2014

Aula Magna



São justas as palavras de António da Cunha Duarte Justo, do texto publicado no “A Bem da Nação” Equipa alemã campeã da solidariedade. Elas apontam para a sobriedade das manifestações (de exaltação e espalhafato prévios na maioria dos povos) e de eficiência real em campo, além de tudo o que a distinguiu na realeza de gestos de solidariedade e competência, dignificando habitantes e adversários, sem excessos de emoções, hoje em dia prato forte em todo o tipo de eventos, quer os de carácter artístico, quer os de carácter reivindicativo. Habituados a cumprir, na consciência dos respectivos direitos e competências humanas, mas com a experiência das crises e divisionismos por que passaram (e talvez no arrependimento pelo que fizeram passar), os alemães deram lições no Brasil, mostrando a superioridade física e intelectual do seu lema. Devíamos aprender essa lição de sobriedade e de competência no trabalho, mas o nosso lema é o de papaguear…

«Equipa alemã campeã da solidariedade»

«O jogo (1-0) entre a Alemanha e a Argentina foi um desafio de grandes. Fica o exemplo positivo da eficiência do trabalho em grupo (um por todos e todos por um) e a advertência para as equipas e para as nações: Modernamente é imprescindível, saber e competência técnica, espírito de equipa, orientadores à altura, para que se evite que “equipas”, com grandes capacidades a nível de indivíduos, se desorientem e árbitros amadores fomentem jogos desagradáveis, em que a brutalidade tenha chance, como foi o caso do jogo entre Brasil e Colômbia com a vítima Neymar.
A selecção alemã foi um exemplo de competência e solidariedade. Soube ganhar ao valorizar o adversário. Soube ser hóspede comprando um terreno e mandando construir um campo de futebol e um condomínio para habitação, em Porto Seguro, contratando pessoas humildes da terra para construí-lo. Desde a sua chegada misturou-se com o povo participando na sua vida e nas suas festas. Depois do campeonato e de volta à Alemanha ofereceu o condomínio em que esteve instalado, para ser dedicado ao ensino dos mais necessitados e doaram também uma ambulância. Deste modo a festa valeu a pena para todos!
No campeonato, por trás dos bastidores houve, certamente, muitas coisas que enjoariam o espectador e estragariam a festa se fossem publicadas. Como em tudo, onde o ser humano entra cheira a próximo! O problema prevalece, como de costume: uns celebram a festa e outros preparam-na e pagam-na.
A realização do campeonato no Brasil contribuiu um pouco também para o grande colosso acordar e organizar manifestações cívicas capazes de formularem mais exigências políticas que, de outro modo, não seriam colocadas na ordem do dia.
A equipa alemã deu um exemplo de competência, humanidade e um grande testemunho de solidariedade; a equipa, símbolo da nação, marca presença, sabe estar com os ricos e com os pobres, do lado dos vencedores e dos vencidos. (Esta deveria ser mais motivo de imitação do que de posições e comentários ressentidos, agarrados a uma Alemanha do passado impedidores de encarar o presente!)
Talvez o que esteja por trás de uma certa inveja e ressentimento de certos resmungões, que ao contrário da Alemanha são incapazes de integrar o colectivo no sujeito e o sujeito no colectivo.
Vai sendo o tempo de abandonar a consciência da adulação dos heróis, ou da demonização dos fracos, para se passar à construção de um povo heróico. A equipa alemã não se fica pelo herói, pela tribo, pela nação porque procura integrar nela não só o mundo mas também os seus arredores.»
  António da Cunha Duarte Justo

Nenhum comentário: