quinta-feira, 21 de março de 2013

“Vá lá que não se enganou!”


A questão da eleição papal foi debatida com o necessário fervor pela minha amiga e por mim, aquela, em todo o caso, em termos de preocupação pelos dinheiros gastos e as horas perdidas pelos milhares de espectadores esperando o fumo branco na Praça de S. Pedro e posteriormente a presença papal. “Toda a gente para estar ali tem que ter dinheiro”, disse ela antes do “Habemus Papam” sacramental, e, passado este, muitas cerimónias e notícias jornalísticas depois, confirmou a sua simpatia e a sua dúvida: “Este é o melhor Papa. Porque este fala nos pobres. Só que ele tem que viver como rico. Vive no Vaticano. Não vai para uma pensão.”
             
Eu sou, decididamente, menos radical do que a minha amiga e regozijei-me por o Papa não ter que se albergar numa pensão, como fazia lá na Argentina e se chamava Jorge Mario Bergoglio, arcebispo de Buenos Aires, deslocando-se de autocarro para melhor conviver com “le creature” que São Francisco amou -« messor lo frate sole, sora luna e le stelle, frate vento et onne tempo, sor’aqua, la quale è multo utile et humile et pretiosa et casta, frate focu, per lo quale ennallumini la nocte, et ello è bello et iocundo et robustoso et forte, nostra matre terra, la quale ne sustenta et governa, et produce diversi fructi con coloriti flori et herba, quelli ke perdonano per lo tuo amore, et sostengo infirmitate et tribulatione, sora nostra morte corporale… Laudate et benedicete mi’ Signore' et ringratiate et serviateli cum grande humilitate», todos esses que «il poverello d’Assisi» amou, acrescidos, neste nosso século, por tantos milhões de outros que necessitam do amor de Francisco Papa e que para já têm o seu sorriso e o seu calor humano.

Entre eles, bafejado pelo acolhimento da doçura papal, o nosso P.R. acompanhado da esposa, que - vejam lá! – foi bafejada primeiro que seu marido presidente, dado que o santo Pontífice fora informado do aniversário natalício da D. Maria Cavaco Silva e endereçara-lhe primeiro a ela o sorriso papal, certamente que envolto nos “parabéns a você” da simpatia universal, antes mesmo de dirigir a palavra ao nosso Presidente. Este frisou muito esse facto de prioridade papal, e em seguida falou na janela de esperança que este Papa Francisco Primeiro traz ao mundo, informando que pensou logo no povo português, tão necessitado dessa janela.

Eu ainda ia a considerar que do que se precisa é de certeza, não é de esperança, que essa é mesmo a última a morrer, segundo o consenso popular, mas a minha amiga nem me deu tempo a que desenvolvesse o raciocínio, pois logo disparou com a observação da sua violência que nada desculpa, que não é da casta do Santo Papa:

- “Pensou logo no povo português! Vá lá que não se enganou e não falou no povo inglês!”

           


 

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