sexta-feira, 17 de agosto de 2012

A gente não está lá


- Então que coisas conta hoje?
- Cada vez tenho menos. Não sabe que há crise? Isso tem influência. Por acaso, nas várias terras não se nota.
- De Portugal?
- Pois! Incluindo os festivais de marisco. Cada festa mostra aquilo que se come. Só se fala em comida. Só se cortam presuntos. Temos do melhor que há. Não haja invejas! Dito pelo estrangeiro. Mas algum país tem festas destas? Uma maravilha! Os apresentadores provam. Se querem manter a linha vão ficar desgraçados…
Consegui interromper o fluxo discursivo da minha amiga, lembrando Passos Coelho e as promessas da retoma em 2013:
- Dá para acreditar? Tudo diz que vamos cada vez pior, ele procastina, para usar um palavrão de encher a barriga…
- Passos Coelho é um bom rapazinho, a gente não pode levar-lhe a mal. Ouvi-o dizer: “Se julgam que podem continuar o forrobodó, estão enganados!”
- E os documentos dos submarinos?
- Submergiram, não se sabe onde param. Aqueles submarinos devem ter cá uma história! De vez em quando vem o assunto à baila. Acaba o assunto e o Portas continua, sorridente…
- O “Comendador Marques Correia” do Expresso, esta semana ataca-o, mas o humor dele está mais feroz ultimamente. Andamos todos assustados.
- O Portas está nos Açores e nos Açores não se fala em vigarices. É que eu já nem quero saber mais!
- É! Outros pagaram já, na Alemanha. O Portas não presta contas. Talvez esteja inocente. Não é caso deslindável. Como o de Camarate…
Mas a minha amiga também queria falar nas medidas económicas do Hollande, em oposição às teorias negativas do Vasco Pulido Valente a respeito da eficácia dele como governante:
- O Hollande mandou vender os carrões do Governo, para fazer dinheiro. Aqui ainda ninguém tomou essa iniciativa.
Defendi patrioticamente as iniciativas do nosso Governo:
- Mas há dias li que as grandes fortunas estão mais pequenas cá, o que significa que o Governo está a tomar iniciativas de vulto no sentido de os grandes pagarem a crise com resultados mais fecundos. Como o Obama…
Fala-se nas medidas do Obama e a minha amiga toda se desfaz em risos de simpatia e anuência.
Também lembrei a droga apanhada num barco abandonado em Sagres e a minha amiga disparou, inflamada:
- Os estrangeiros vêm cá fazer negócio. Descarrega-se aqui, pois têm tanto mar e a polícia não chega para as encomendas. E a droga está cada vez mais espalhada no mundo. Noutro dia deram um programa sobre a maldita droga. Agora há comprimidos, ninguém vê. No mundo inteiro. É pior que uma guerra. Não é só em Portugal. Vende-se, rouba-se, roubam tudinho… Em todas as classes sociais. Estas festas de verão… Metade daquela gente sai drogada ou bêbeda. São festivais giríssimos. Poucos os que se portam bem. A gente não está lá para ver. Estes pais de agora sofrem, mais do que no nosso tempo, pelos filhos que vão a estas festas. É natural que se entusiasmem, dão-lhes os cantores de que eles gostam, vêm cantores estrangeiros… Tudo bem. Se não houvesse a maldita droga!...

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