sexta-feira, 4 de maio de 2012

Também estive na bicha


Mereci com isso ser falada,
A minha vida obscurecida
De repente foi iluminada
Pelos que teimaram em esclarecê-la
A uma luz de moralidade
Ou de preocupação,
Ou de ironia superior,
Atribuindo a minha longa espera
Na bicha, para pagar,
Quer a intuitos perversos
De açambarcar,
Quer a carências reais
Que os que filosofaram
Nunca tiveram
E por isso falaram
Troçando da mendicidade
Embora envergonhada,
Segundo explicitaram,
Implícita na atitude atribulada
De gastar horas dolorosas
Para o desconto para metade
Da despesa efectuada.
Um jovem que falou
Na “Opinião Pública” da Sic
Troçando do que viu
- Nem sei mesmo se lá esteve
Também,
Creio que não, pois não deve precisar,
Provavelmente vivendo
À custa do pai ou da mãe
Que custeiam
O seu curso de doutor,
Para assim poder caricaturar…
Mas a mesma visão parodística
Encontrei na exibição discursiva
Nada efusiva,
De Pacheco Pereira
Mais matreira que certeira…
Pois o tal jovem caricaturista
Da insólita situação
Dos Pingos Doces a abarrotar de gente
Despejando as  prateleiras,
Contou a hipotética história
De ele, como senhor doutor,
Pôr
Dois mendigos a lutar
Para ao fim lhes pagar
Um prato de sopa e um cigarro,
O que os pedintes logo fizeram
E tiveram.
Muito se discutiu pois, a acção
Da distribuição
Dos Pingos Doces da nação,
Uns criticando a concorrência desleal,
Por eles executada,
À manifestação do primeiro de Maio
Feita de reclamação,
E sem proveito algum,
E retirando toda a visibilidade
E a importância habitual
Ao Dia do Trabalhador.
Outros, falando, como eu já disse,
De mendicidade
E de falta de vaidade
- De auto-estima –
Num povinho que se esgadanha,
Ou espera com paciência,
Para obter mais barato
O seu naco de pão
Ou o caldo da sua tradição,
Embora a maioria
Levasse carregos quantos podia.
Os meus cento e  quarenta euros
Traduzidos em setenta
Foi ou não boa redução na quantia?
Obrigada, Pingo Doce, pela lembrança.
Valeu a pena.
Deves repetir a cena.
E até digo mais
Como qualquer dos Dupond/t também diria:
Bom seria
Que os vários espaços comerciais
Se revezassem ao longo do ano
Numa atractiva redução
Dos preços dos seus produtos alimentares.
Mesmo porque os outros espaços comerciais
Sobretudo de panos,
Fazem saldos pelo menos
Duas vezes por ano.
E ninguém critica
Nem filosofa
Tão displicentemente
Ou tão preocupadamente
Sobre tal fenómeno
Do nosso consumismo imprudente.
E digo mesmo: indecente.






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