segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Alternativa zero

O texto de Octávio Teixeira “Brutalidade, Irresponsabilidade e falácias”, saído na revista Visão de20/26 de Outubro pondo em causa toda a acção governativa, apela para a luta, como fazem os chefes sindicais, os chefes dos partidos mais virados à esquerda, que, aliás, desde há muito que o fazem, chamando não ao trabalho mas à destruição do país pela inércia, pela vozearia, pela greve, pelo aumento salarial e o boicote às forças do poder, que, aparentemente, pretendem levar a bom termo a solução para a crise monstruosa em que nos afundamos há 37 anos, por má cabeça de todos, que nos lançámos vorazmente sobre um osso alheio, maná no nosso deserto de mediocridade, inépcia, incompetência, ambição, vaidade, orgia, insensatez, ignorância, desonestidade, bestialidade.
E não saímos desta roda-viva, os governantes com maus governos, os governados repudiando-os na desordem e na rebeldia, ninguém se esforçando por progredir, no tempo das vacas gordas comprando, gastando os bens imóveis e os móveis, mais do que aplicando os dinheiros distribuídos segundo uma orientação de previdência e de prudência, antes curtindo o dia horaciano segundo o lema “viaje agora e pague depois”.
Chegámos ao tempo das vacas magras, e o actual governo quer sair bem na foto, pagando a dívida, acima de tudo pagando a dívida, centrado preferencialmente naqueles que não podem recusar a participação no pagamento. Os grandes responsáveis por ela mal são chamados a terreiro, protegidos pelas leis de uma Constituição há muito feita sob ideais de defesa de direitos próprios, mais do que sobre imposição de deveres segundo um ideal pátrio que mais nenhuma nação se lembraria de desprezar, como nós há muito fazemos, salvo por alturas dos jogos futebolísticos ou outros, internacionais, em que defendemos galhardamente, as mais das vezes grotescamente, as nossas cores.
O bispo Januário condena as medidas drásticas, tal como o faz Cavaco Silva, seguindo os acicatadores da desordem, sem respeito por uma orientação governativa assente, é certo, sobre um critério de força desumana, mas com um Primeiro-Ministro crente que é esse o caminho a seguir, lembrando outros países como Finlândia e Suécia que venceram idênticas fragilidades económicas.
Estranham-se, contudo, as referências de Passos Coelho a esses países de exemplo, porque não nos parece que tenhamos qualquer possibilidade de paralelismo com outros povos, pois desde sempre carentes de massa humana intelectualmente apta e responsável para que, paga que seja a dívida, nos lancemos sobre revolução económica salvadora, assente numa política de trabalho que leve à exportação e elimine a importação. Dos limões, dos alhos, das nossas comodidades gastronómicas e de prazer.
As nossas revoluções são de folclore, ruidosas e com flores. E essas, que já destruíram, vão continuar a destruir, desresponsabilizando todos, a lisura para sempre arredada das contas e do respeito humano.

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