terça-feira, 12 de julho de 2011

A propósito de uma frase

Uma frase já antiga, da revista Única do Expresso de 10/6, extraída da “Pluma Caprichosa” de Clara Ferreira Alves: “É preciso odiar muito um partido e no que ele se tornou para eleger Passos Coelho”.
Mais de um mês passou sobre as asserções de Clara Ferreira Alves que incluíram as opiniões dos canais reputados de língua inglesa – CNN e BBC – a respeito das escolhas portuguesas do novo leader, o significado do termo socialismo, os concorrentes à liderança do PS que requerem um carisma superior ao de Coelho para de novo se instalarem na banca do poder fazer e, finalmente, o inimigo público número um, Passos Coelho, entre os diversos inimigos públicos referidos por CFA, que incluem os socialistas, concorrentes ou não, cujo ego ofusca os nobres ideais do socialismo de antanho, como fora – certamente que na opinião de Clara - o de Mário Soares, cuja nobreza de ideais ainda hoje o trazem à tona noticiarística para dizer o mesmo que sempre disse, resumido, se bem me lembro, aos conceitos badalados de liberdade e democracia e apimentado com as informações sobre os seus conhecidos e as suas amizades como o fizera sempre. De resto, fazendo o que todos fizeram, no contributo para a redução do Estado e do povo portugueses à situação de mendicidade sem tréguas, e provavelmente sem conserto.
Porque o fazer, com poder, tem uma maleabilidade de superior alcance, que nos levou, de há longa data, mau grado os ideais benfazejos do socialismo, que Clara Ferreira Alves recorda dos seus tempos idealistas da jovem bem-intencionada que fora, a esta situação degradada, materialmente e espiritualmente.
De resto, concordo com ela nas afirmações sobre António José Seguro, que só um partido “tosco” pode apoiar.
Tudo isto vem à baila, apesar do texto “Inimigos Públicos” ser já antigo, porque me chocou a frase referida, das doutorais CNN e na BBC, citadas por Ferreira Alves, de que “os portugueses apearam José Sócrates porque as medidas de austeridade que este tentou impor foram consideradas insuficientes”, e escolheram “Passos Coelho porque este prometeu medidas mais duras”, o que me parece ser desprezível falsidade, aproveitada constantemente ainda, pelos vários opositores, para ocultarem os motivos reais da escolha – o regime de fraude e de dolo permanente instituído por José Sócrates, de contínuo empenhamento ao estrangeiro seguido de falsas promessas de pagamento da dívida, e de insistência em medidas ruinosas, deixando recair sobre o novo governo a responsabilidade e o odioso de medidas ainda mais drásticas, antes que o lixo dos julgamentos fizessem afundar de vez o país.
E assim nos vamos entretendo, neste país de galhofa, onde a superioridade consiste não em ajudar à construção, mas em atirar pedras sobre o moribundo, coveiros que somos, por falta de ideais. Reais.

Que me parecem contudo, existir, no Governo de Passos Coelho.

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