terça-feira, 10 de maio de 2011

Garantias

Disse à minha amiga que agora não se via na televisão senão comentadores sobre o estado da nossa economia e sobre a ajuda insuficiente do FMI que, ao que depreendi, não cabia na cova dum dente, tantos eram os buracos orçamentais e vários não apercebidos dos troikas, guardados escrupulosamente na nossa manga, e a minha amiga respondeu que se ia desligar, não lhe interessava o que eles diziam, eram muitos os comentadores na televisão e isso custava dinheiro…
- Custa dinheiro, sabe? – frisou, violenta, como se eu não soubesse ou tivesse a culpa disso.
Eu então retorqui que estávamos fartos do falatório, sim, e era por isso que eu andava sempre à cata de filmes nos vários canais de cinema, mas nem sempre estes faziam esquecer o stress, pois os filmes também prodigalizavam violências, algumas piores do que as que nos impõem no dia-a-dia governamental e jornalístico. O que é - ouvira a um ministro alemão, não sei se de finanças - é que eles, os fornecedores do empréstimo, tinham que ter a garantia de que o dinheiro não ia ser atirado à rua, e eu achava que à rua não fora com certeza o dos empréstimos anteriores, pois ninguém denunciara o seu achamento, eu própria, como andava pouco a pé, embora a olhar para o chão, por via dos estatelanços causados pelos pedregulhos, também não me podia gabar disso, mas tendo pena.

Muitos haveria, é certo, que o apanharam por várias vias, mas não nos convinha esmiuçar essas questões que poderiam inadvertidamente chegar à troika, além de que a minha amiga decidira desligar-se dos falatórios, muito concisa, nem sei se para poupar energias.
Mas se não fora deitado antes à rua, porque caíra em vários outros sítios, também não iria ser deitado agora, que temos que prestar contas de três em três meses, com muito rigor. O que é certo é que o empréstimo à Grécia só tem contribuído para o engordamento, diz-se, do FMI, que cobra juros salientes, e também se diz que os países que não têm capacidade para se governar na totalidade - embora se governem na parcialidade – e por isso têm que prestar contas trimestrais ao FMI, estão tramados, pois ninguém consegue pôr as contas em dia de três em três meses a um FMI tão exigente.
É certo que os chefes dos partidos bem fazem por desmascarar o PM que nos governa, mas este não se preocupa, nem se justifica, apenas agride, e o povo vota nele com confiança no carisma dele, pelo menos enquanto não vê os resultados do empréstimo, embora eu tenha captado esta ao Jerónimo de Sousa: “Hoje quem não estiver preocupado está abstraído”, e sabe-se quanto Jerónimo de Sousa ama o povo, não iria mentir.
Todavia, o FMI quer garantias, e os partidos à bulha, e com a esquerda a manipular greves e a acicatar ódios - que, aliás, todos acicatam, não quero ser chauvinista ou menos objectiva nas afirmações – não há garantia que consigamos fornecer.
Somos um caso perdido.
Mas os santos vêm aí. E temos sempre a Nossa Senhora de Fátima, já fora dos ramos de azinheira, em dimensão mundial.
Valha-nos a nossa Nossa Senhora, a nossa Mãe Clemente.

Nenhum comentário: