sábado, 9 de abril de 2011

Virou costume

Foi ao café das duas, no “Marisqueirinha”, depois de escutada a “Quadratura do Círculo”, que Morfeu não permitiu que escutasse à noite, que interroguei o meu marido sobre a seriedade de um homem que costumava admirar, quer na inteligência do seu discurso sinuoso, quer na sua aparente honorabilidade, cujo impacto no meu espírito tem vindo gradualmente a amortecer, nos últimos tempos: António Costa.

Hoje, não pela primeira vez, mas mais refinadamente, porque vi quanto batia cada vez mais no mesmo, defendendo a sua dama e contra-atacando com argumentos do seu amo PM, que eu julgava mais que ultrapassados, sobretudo pelas pessoas virtuosas, ou mais desprendidas. E nele não o foram, e exprimi a minha surpresa triste ao meu marido.

Foi então que o meu marido voltou a falar na malha, e na razão dos 33% das sondagens do país, e nos quase 100% dos partidários, a favor de um homem que há muito deu provas de que tem andado a engrolar, a ludibriar um país inteiro, sem que o país consiga dele obter as justificações que várias vezes lhe têm sido pedidas de actos condenáveis que favorecem o aprendizado nacional, com o entrelaçar e alargar da malha corrupta e bem paga.

E quando se prova a veracidade das falcatruas, os faltosos podem, é certo, ser exonerados, mas com satisfação pessoal evidente, porque libertos da justificação, e com indemnização compatível. Caso de Armando Varas, entre tantos.

Falámos também do caso que escutámos na televisão, de um tal Marcos Baptista, administrador dos CTT, para o qual ascendeu sem direito, por não ter concluído nenhum curso superior, mas justificou-se, observando que os largos anos de frequência universitária bastavam para se achar com direito a diploma, escudando-se, para tal, no processo de Bolonha, que achou favorável à sua promoção. Não sei se foi exonerado, nem isso interessa. É como o país se encontra, com exemplos dignos vindo do alto.

Mas hoje, dia seguinte, foi uma tal reunião do PS. Um estendal de discursos apologéticos de Sócrates e do governo PS. E houve lágrimas. E o PM chorou. E António Costa usou o seu tom mais tonitruante para repetir sobre as culpas do PSD nesta crise de desgoverno instalada, e vieram outros que também tonitruaram e o Ferro Rodrigues pôs o PM de olhos lacrimejantes.

Então, pensei comigo que os olhos lacrimejantes estão na moda, até mesmo entre os Brasileiros governantes que ganham doutoramentos de honra, como o nosso PM há-de um dia obter, que sabe lacrimejar. Tem o próximo governo garantido, que a nossa canção nacional é de lágrimas e todos nós a apreciamos, sensíveis que somos às lágrimas, e muitos de nós dignos comparsas da malha.

E o meu desconcerto inicial desvaneceu-se, por inútil.

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