sábado, 2 de abril de 2011

Aquela coisa

- Devia pôr-se em destaque o governante que roubou menos desde o 25 de Abril. Merecia galardão. A SIC às vezes descreve aquilo que tem sido roubado. Eu devia ter apontado. Tenho que passar a tomar nota. O Estado cria empresas com montanhas de directores, subdirectores, secretários, subsecretários, um espanto, para não chamar outra coisa. Ali metem a malta toda. Há quem diga que os outros também fazem…

Eu não pude deixar de acompanhar a minha amiga na sua diatribe:

- Pois é! O rotativismo tem raízes. É por isso que as pessoas estão todas muito descrentes, muito pessimistas. Mas não se fala noutra coisa, parece que vai ser assim durante a crise. Que não vai parar.

- Governar um país de trafulhas não é fácil.

Comentei sobre o exagero de tal generalidade, ofendida na parte que me tocava, embora compreendesse que só o desespero poderia estar na base de observação tão drástica. A minha amiga interroga:

- Onde é que estava aquela coisa, para assim esbanjarem?

E esfregou o polegar pelos dois dedos seguintes da mão direita a subentender o “rico bago” de que falava o exaltado e sempre nas lonas Ega, ao seu amigo Carlos da Maia.

E continuou:

- Ou são doidos ou é como se estivessem a falar para uma cambada de burros.

- Isso é - digo. E não somos?

Mas a minha amiga não gostou da generalidade das inclusões e no dia seguinte trouxe-me a Revista “SÁBADO” que postou triunfalmente na mesa da bica, diante dos meus olhos deslumbrados:

- Veja.

Vi a capa, em letras de peso muito coloridas, que percorri docilmente: OS EMPREGOS DE LUXO DOS BOYS DO PS, Ex-qualquer coisa: Ex-Ministro, (529.000 E), Ex-Secretários de Estado (desde 184.000 E a 285.384 E), Ex-Chefe de Gabinete de José Sócrates (83.170 E)…

Com explicação na página 10.

Na página 32, mais notícias, o título MILHÕES DE SUBSÍDIO encimado pela foto de Silva Pereira e a legenda: O ministério de Silva Pereira distribuiu milhões de euros.

Mais adiante, na página 49, mais explicações com o grande José Sócrates, nas páginas seguintes, com a foto deste e dos compadres em seu redor, com os seus vencimentos de luxo de fazer inveja.

Revi Maria de Lurdes Rodrigues em alta, muitos nomes conhecidos nadando em poder, alguns jovens ainda, Sócrates fora-o também e assim gratificara quem o apoiara…

Um flash de impotência, do nosso espanto de donas de casa poupadinhas, tentando seguir as pisadas do nosso PR, embora sem poupanças.

Mas, de repente, reparei que a Revista era de Outubro do ano passado e foi a minha vez de censurar:

- Ora! Isso já passou. É uma revista antiga.

A minha amiga explicou que a revista lhe fora emprestada por uma vizinha amiga, não reparara na data.

Mas sossegámos, e dissemos virtuosamente que nunca nos devíamos precipitar nos julgamentos alheios sem primeiro ver a data das notícias. Porque as coisas mudam.

A esperança, essa não muda.

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