terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Com petróleo é outra coisa

Foi no domingo passado que passámos à pátria onde um primeiro Pedro nosso - Cabral de apelido - aportou, corajosamente. Pátria donde extraímos riquezas a seu tempo, que um outro Pedro – o IV da nossa História houve por bem libertar, já então imbuído de doutrinação libertária, granjeadora - um século e meio depois - de bons acólitos doutrinários, de uma doutrinação relativamente parecida, e que se pode resumir em duas penadas: “Afastai de mim os governantes anteriores, que agora vou eu governar em proveito próprio, deixando em cada terreno por mim desprezado, outros governantes do próprio proveito. Amen.”
Mas isto é apenas uma introdução, de nunca esquecidas mágoas, ao discurso que a minha amiga iniciou nesse domingo passado, dia 2 de Janeiro deste ano da graça, que a maioria no nosso terreno actual agoira desgraçada, sobre a nova presidente do Brasil, Dilma Rousseff, depois de lhe escutar o discurso de posse:
- Não ouviu?
- Ah! Sim!
– apressei-me a anuir, sem muita convicção, todavia, mas para preservar o meu brio, que ela tem a mania de que só ela é que ouve, só porque eu já lhe disse que me dá engulhos ouvir seja o que for, presentemente, e que por isso me refugio nas histórias fantasiosas, ou nas explicações do Dr. José Hermano Saraiva, mesmo sobre o Natal, o que não quer dizer que não faça excepções a essa regra, desde que não adormeça pelo meio. A minha amiga continuou com donaire:
- Saiu-lhes o euromilhões. Têm uma mulher a tomar conta. Estou convencida de que vai fazer obra. Justiça seja feita ao Lula da Silva, que fez um bom trabalho antes. Também tem uma coisa a favor dela: tem petróleo. Com petróleo é outra coisa. Mas era preciso que acabasse com aquela pobreza. Não mete raiva um país rico ter pobres? Mas aquele Brasil foi muito roubado. Estes é que estão a fazer tudo para serem sérios. E as mulheres é que deviam governar. Com petróleo é outra coisa.
Estabeleci paralelos. Podemos não ter petróleo, como eles, mas temos o Cavaco. Temos força nas palavras, temos promessas de hombridade, temos uma governação que promete outros combates, outros alicerces.
Nada fez, concordámos, no primeiro mandato, contra as nossas misérias sociais e administrativas, mas promete que vai interferir no segundo.
Quanto a alicerces - os dele, pelo menos - estão bem fundos. E muitos mais fundos bem fundos cá há, que tivemos a revolução do proveito próprio.
Vou votar em branco, pela primeira vez. Com desgosto.
Votaria numa mulher. Mas foi rejeitada. Fica-nos a matar, a palhaçada.

Nenhum comentário: