domingo, 28 de fevereiro de 2010

Sabias e não disseste?!

Estávamos à mesa do café quando apareceu a nossa amiga. A nossa amiga é uma pessoa que opina muito, e geralmente se aponta como modelo de conduta a seguir. Falámos – ou antes - eu sou mais de escutar - a minha amiga é que falou mais, com a nossa amiga, sobre uma amiga de ambas que pedira à nossa, também amiga dela, que não contasse determinado seu segredo que a nossa não nos transmitiu, nem a ninguém, de resto, presa ao seu juramento quase diria hipocrático, tão solene foi a declaração da nossa amiga sobre a não divulgação dele, nem de nenhum dos que lhe contam, como é habitual nela. Mas, escandalizada, declarou que, apesar de ela o ter calado criteriosamente, o segredo em pouco tempo já andava nas bocas do mundo, o que significava que a sua amiga contara a outras amigas que não se calaram como fez a nossa. E o segredo correu.
Então, eu lembrei que essa história era bem imagem do que se estava a passar connosco, portugueses faladores, que contam uns dos outros e pedem segredo a cada amigo a quem contam e esses contam a outros, pedindo igualmente segredo e a notícia vai-se espalhando, porque somos uns portugueses desocupados, embora de língua não, em coisas comezinhas. Por isso os nossos segredos correm. Como as enxurradas na Madeira.
A nossa amiga estava indignada também porque soubera que o segredo que julgava só dela, como privilégio especial de amizade, passara a outros ouvidos e chegara novamente a ela, e reforçou a ideia da sua honestidade nisto de não divulgação, contando que um dia, por não ter informado um familiar de uma pessoa que tivera um acidente, fora criticada por esse familiar quando este soube que ela soubera e não lhe contara.
Foi então que a minha amiga ponderou, no seu saber de experiências similares, que isso acontece frequentemente e exemplificou com a expressão do nosso quotidiano: “Sabias e não me disseste?” demonstrativo da sua frequência entre nós, que até gostamos de ser compinchas no falatório.
Daí eu ter reforçado a minha opinião sobre as nossas escutas de telemóvel que essas, sim, se expandiram depressa e a uma distância à escala global, envolvendo os segredos do nosso PM, sem lhe darem tempo para ele se aplicar a outras questões mais ponderosas – as da nossa sobrevivência como nação. Todavia, ele também não deve estar muito ralado com a sobrevivência, que isso é complicado - e a dele para todos os efeitos está garantida - porque se submeteu docilmente à solicitação de uma comissão parlamentar de ética, em que tem que se demonstrar se neste país de murmúrios e segredos a nossa liberdade de expressão está ameaçada.
E todos nós brincamos agora ao diz-que-disse, de cabeça perdida, com o avolumar da intriga, em entrevistas tribunícias soturnas e macaqueadoras inverosímeis, que a televisão nos impinge. “Quousque tandem abutere, Catilina, patientia nostra?”
E afinal, o Catilina somos todos nós.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

“Ventas de caneco”

Ainda não tinha ouvido esta.
A minha Mãe estava no seu quarto do Hospital à espera de ser operada hoje ao colo do fémur que partiu. Neste momento está a ser operada e escrevo isto para lhe transmitir “in mente” a minha mensagem de que tem de ultrapassar a barreira.
Pareceu-me que rezava e aproximei o ouvido. Estava em conciliábulo com o Pai do Céu – devoção que pratica habitualmente, sobretudo quando sente alguém ao pé, que a minha Mãe gosta de fazer show. Explicava ao Senhor que nunca tinha ofendido ninguém por palavras – creio que nem por obras, embora não garanta os pensamentos, que a minha mãe é um portento de força anímica.
Garantia ela que só uma vez é que cometera o tal pecado da ofensa verbal e fora quando chamou “ventas de caneco” a um rapaz do seu tempo que estava a regar a terra dele com a água que pertencia à terra da minha mãe.
Por que motivo lembrou o caso tão recuado não sei. Agora lembra mais os casos recuados, é quando se sente feliz, revivendo-os, com os seus quase 103 anos. Creio que desejou limpar a alma, pedindo perdão dos seus pecados a Deus, mas pelos vistos não se achava detentora de muitos, ao considerar o “ventas de caneco” o mais grave de todos. Nesta coisa dos pecados, convém restringirmo-nos ao elementar, quando são os nossos, para não sobrecarregarmos a sacola que Júpiter nos colocou às costas.
Percebi o seu medo da operação mas mandei um “Deixa-te disso, Mamã!”, e partiu dali para avivar outros dados ligados aos sabores antigos das figueiras e pereiras do seu Carregal da infância.
A senhora da cama ao lado garantiu que a minha mãe era muito lúcida e tive ocasião de lhe ouvir palavras de calibre técnico, como “rumo”.
Aproveito para desejar à minha Mãe a continuação do seu “rumo” por muitos anos ainda, embora a próxima fase do seu recomeçar a andar se apresente baça.
Mas baço é também o rumo do nosso País, com esta contínua troca de acusações, no nosso à deriva económico, com greves e buzinões populares ajudando ao estardalhaço parlamentar, ninguém sabendo que rumo tomar, porque rumo certo não há, só o do despenhadeiro, com ressalva para a reconstrução na Madeira, feita ao modo decidido de Jardim que é dos que não se coibiria de usar a expressão que a minha Mãe empregou em rapariga: “Ventas de caneco”.
Mas canecos já não deve haver para a água, que a maioria das casas a têm encanada, além de que Alberto João Jardim não deve conhecer a expressão antiga, jovem que é.
Entretanto, soube, telefonicamente, que a operação da minha Mãe foi bem sucedida.
Assim se resolvesse o rumo do nosso País, "c’um caneco!”.





quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Página de Grelha (26)

TÓPICOS DA HISTÓRIA CULTURAL PORTUGUESA
SÉCULO XX

Características:
- Actualidade marcada por uma progressiva e poderosa intervenção dos meios mediáticos - o 4º poder - na vida social e política da nação.
Daí:
- Denúncia de escândalos envolvendo corrupção de nível vário – fraude, extorsão, evasão fiscal, cunha, dolo, violação do segredo de justiça, pedofilía, tráfico de influências, tráfico de droga...
- Manipulação de promoções ou ostracismo de figuras ou obras de acordo com simpatias ou empenhos...
- Banalização narcísica e ruidosa do espectáculo televisivo, muitas vezes palco improvisado de manifestações populares afectivas, os noticiários de cariz sensacionalista e perverso, amontoado de informação sem dimensão, denunciando o fraco nível da nossa cultura e o descontrole da nossa emoção.

- Por outro lado, como factor positivo, os debates, as entrevistas televisivas ou radiofónicas para esclarecimento do público e reconhecimento do carisma das nossas figuras públicas ou das nossas figuras intelectuais, além de programas revivalistas sobre artistas do passado, e outros sobre a história, a geografia, o folclore, a culinária, em que se destaca, como comunicador e amante da sua pátria, José Hermano Saraiva.

- Importante seria o estabelecimento de um serviço público que, menos condicionado por programações de tipo novelesco ou de intervenção juvenil pouco educada e serena, contemplasse propósitos formativos mais culturais e mais sérios, com programas divulgadores da actividade cultural do país, ou programas de animação cultural sobre a língua, a literatura, a ciência em geral, a música clássica ou ligeira, a arte em geral - sem o carácter esporádico ou tardio com que por vezes se afirmam, e acompanhados de exemplificação imagística ou musical esclarecedoras

LITERATURA

JOSÉ SARAMAGO,
Prémio Nobel da Literatura, 1998:

A sua obra ficcional forma panorama amplo de originalidade, humor satírico, informação livresca, agudeza psicológica e crítica, imaginação amplificadora, universos alucinantes, conhecimento humano, traduzidos num discurso desconcertante, pela irregularidade da sua estrutura frásica com a ausência da pontuação clássica, técnica que exige do leitor uma atenção permanente e participante na descodificação dos registos linguísticos – do narrador ou das personagens. Como se este estilo “acumulativo” de registos, de Saramago fosse símbolo da nossa época mediática, ruidosa e veloz, em que as vozes chegam e se impõem na força da sua oralidade, sem tempo para apresentações, ou para respirar pausadamente, e simultaneamente permitindo a percepção e desmontagem dos comportamentos e temperamentos das personagens, juntamente com o riso sardónico do seu narrador. Dir-se-ia que, para além da vastidão de elementos culturais e de conceito que informam a complexidade da sua obra, esta deve a sua originalidade também à matéria-prima humana que nela se realiza através do discurso poderoso, na sua unidade estilhaçada em fragmentos semânticos a descobrir, bem longe da técnica do discurso semidirecto ou indirecto livre de Eça, que já no seu tempo constituíra original forma de expressão, sem nunca perder, todavia, o equilíbrio gramatical, nem a clareza, nem o destaque psicológico das personagens, com a ocultação do narrador. Mas nestes séculos XX e XXI, cada vez mais marcados pelo tecnicismo, pela especialização, pela variedade, pela transformação, não espantam tais características de uma escrita exigente da participação do leitor, progressivamente mais apto, não só em consequência da ambiência de registos a descodificar que desde a infância o envolvem, como ainda pelo desenvolvimento dos estudos linguísticos e semânticos que possibilitam uma análise mais esclarecida de cada escritor.


ARTE

MÚSICA CLÁSSICA ACTUAL:
- A Música Atonal:
Expressionismo..
Escola de Viena
Futurismo
O Folclore.
Neoclassicismo.
- A influência do jazz (de raízes africanas).
- Os instrumentos de percussão (exóticos).
- A música serial, concreta, electrónica.

Compositores Portugueses:
António Fragoso, António Victorino de Almeida, Carlos Seixas, Fernando Lopes Graça, Filipe Faria, Joli Braga Santos, Viana da Mota...

Intérpretes:
Piano:, Sequeira Costa, , Maria João Pires, Domingos António...
Violino: Vasco Barbosa
Violoncelo: Paulo Gaio Lima
Guitarra Portuguesa: Carlos Paredes
Acordeão: Eugénia Lima...

A MODA: Estilistas:
Ana Salazar , a pioneira, 1978; Manuel Alves /J. M. Gonçalves, 1984;
Manuela Gonçalves, 1978;
Olga Rego, 83, estilista. do Porto; José António Tenente,1986; Fátima Lopes; Augustus.
Nuno Gama, Luís Buchinho; Miguel Vieira....

1977: O MUSEU NACIONAL DO TRAJE, instalado no antigo Palácio Angeja-Palmela, (de arquit. pombalina e interior rocaille, e com o Parque do Monteiro-Mor, projecto do botânico italiano Domenico Vandelli), localiza-se no Paço do Lumiar. A colecção inicial - (de cerca de 7000 trajes e acessórios, em parte da Casa Real) - proveio do “Museu Nacional dos Coches”. 90% das colecções são provenientes de ofertas, as restantes de aquisições, legados e depósitos. Exposições regulares de trajes históricos e etnográficos e de obras de artistas e designers contemporâneos.

...............

Final :

ALGUMA BIBLIOGRAFIA

Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura” da “Verbo”.
A Arte Portuguesa do Século XX” de Rui Mário Gonçalves (Círculo de Leitores).
A Arte em Portugal nos sécs. XIX e XX”, (3 vols.) de José Augusto França (Bertrand Ed.)
PORTUGAL” – Distri Editora.
Os mais belos Palácios de Portugal” da “Verbo”.
Os mais belos Castelos de Portugal” da “Verbo”.
Movimentos de Arte Contemporânea - SURREALISMO – por Fiona Bradley (Editorial Presença)
Movimentos de Arte Contemporânea – MINIMALISMO – por David Batchlor (Editorial Presença).
Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa (Assembleia Distrital de Lisboa”, 2000): LISBOA, vol. V, quarto tomo, 1ª Parte.


“História da Literatura Portuguesa” de António José Saraiva e Óscar Lopes. (“Porto Editora, Lda”).
“Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa” de M. Ferreira, Col. Biblioteca Breve
..............................


“História de Portugal” de A. H. Oliveira Marques (Palas Editores).
História Condensada de Portugal” de José Hermano Saraiva (Publicações Europa-América).

História do Cinema Português”, de Luís de Pina, “Publicações Europa-América”.

De: “MOMENTOS: 25 ANOS INESQUECÍVEIS” (do “Expresso”):
“Os Principais Factos da História Política Portuguesa”.
“Os Edifícios que marcaram”.
“Os Filmes mais importantes”.
“Os Caminhos da Moda”.
“Os Grandes Duelos do Desporto”.
“As Principais Descobertas da Ciência”.


NOTA sobre MÚSICA CLÁSSICA ACTUAL:

A Música Atonal:
Expressionismo:
(Schonberg, Bartok, Shostakovich).
Escola de Viena Futurismo (Exaltação dos ruídos, das máquinas, das vozes...):
- O Folclore: (Debussy, Stravinsky, Ravel, Heitor Villa Lobos, Manuel de Falla, Bela Bartok).
Neoclassicismo: Prokofief, Debussy, Ravel, Stravinsky.
- A
influência do jazz (de raízes africanas).
- Os instrumentos de percussão exóticos.
- A música serial, concreta, electrónica
.

Página de Grelha, (25)

TÓPICOS DA HISTÓRIA CULTURAL PORTUGUESA
SÉCULO XX
Visão Global:

Desenvolvimento do País ao nível das infra-estruturas: Comunicações, auto-estradas, portos, aeroportos, hospitais, universidades...

No plano político: Institucionalização de uma democracia participativa, baseada na alternância democrática, na divisão e interdependência de poderes, no pluralismo partidário...

No plano internacional: Portugal participante na UE, na ONU, NATO, na CPLP (Comunidade dos Países da Língua Portuguesa), desde 1996, na Comunidade Ibero-Americana; estreitamento da relação com a Espanha...

Mas:
Baixo nível de vida, atrasos na educação, assimetrias regionais, deficientes serviços de saúde, baixa produtividade, encerramento de empresas, despedimentos, inflação, sinistralidade nas estradas, aumento da criminalidade e da corrupção ...

LITERATURA

Literatura Africana de Expressão Portuguesa:

Antecedentes:

- Literatura das descobertas e Expansão: No contexto histórico dos Descobrimentos (s. XV/XVIII), dentro de um objectivo de dilatação da Fé e do Império, e no reconhecimento do direito à dominação.
- Literatura Colonial: A partir do séc. XIX, com o desenvolvimento da actividade cultural, trazida com o estabelecimento do ensino oficializado ou particular e instalação do prelo: De sentido racista, vinculada ao homem europeu e não ao homem africano.

- Paralelamente, já na 2ª metade do s. XIX, surge uma literatura de apontamento de uma sociedade africana ganhando consciência nacional, racial, uma literatura de sentido anticolonialista.

Algumas características da nova literatura:

- Abandono dos temas obrigatoriamente europeus.
- Renúncia às estruturas poéticas tradicionais.
- Penetração definitiva no universo humano e telúrico africano. A negritude. O mulatismo.
- Os dramas sociais: seca, fome, isolamento, desalento, tristeza.
- Carácter de intervenção, de militância – Contexto do neo-realismo, de ideologia marxista: O discurso da revolta, de recusa à situação social marcada pelo colonialismo, de defesa do ideal de libertação e independência, de esperança / certeza no amanhã...
- Formalmente: Integração de palavras da língua-mãe.

Os fundamentos de uma Literatura de Expressão Portuguesa definidos a partir de:

Cabo Verde: Revista “CLARIDADE” (1936/52
S. Tomé e Príncipe: O Livro de Poemas “ILHA DE NOME SANTO” (1943) de Francisco José Tenreiro.
Guiné: Antologia “Mantenhas para quem luta” (1977)
Angola: Revista “MENSAGEM” (1951/52)
Moçambique: Revista “MSAHO”, (1952)

Os Escritores:

De Cabo Verde:
Lírica: Jorge Barbosa, Manuel Lopes, António Nunes, Aguinaldo Fonseca, Corsino Fortes, Osvaldo Osório, Amílcar Cabral (fundador do PAIGC).
Narrativa: Manuel Lopes, Baltazar Lopes, Luís Romano, Teobaldo Virgínio, Gabriel Mariano, Nuno Miranda, Teixeira de Sousa, Orlando Amarilis...

De São Tomé e Príncipe:
Lírica:
Francisco José Tenreiro; Alda do Espírito Santo...
Narrativa: Viana de Almeida; Mário Domingues...

Da Guiné:
Lírica:
Fausto Duarte, António Cabral, Hélder Proença.

De Angola:
Lírica:
Henrique Guerra, José Luandino Vieira, João Abel, Arnaldo Santos, António Cardoso, Costa Andrade, Ruy de Carvalho, Agostinho Neto...
Narrativa: Castro Soromenho, Lília da Fonseca, Luandino Vieira...

De Moçambique:
Lírica:
Rui deNoronha, Ilídio Rocha, Glória de Sant’Ana, Alberto Lacerda , Irene Gil, Rui Knopfli, Noémia de Sousa, Marcelino dos Santos, Rui Nogar, José Craveirinha, Guilherme de Melo, Reinaldo Ferreira...
Narrativa:
João Albasini, Vieira Simões, Nuno Bermudes, João Reis, Luís Bernardo Honwana...
Actualmente: Mia Couto e um novo modelo de escrita.


ARTE

Música


Cantores líricos:
Carlos Guilherme, Maria Helena Vieira...
Vozes magníficas da Escola de Música do Conservatório Nacional...

Grupos musicais:
Trio Irmãs Meireles”, “Duo Irmãs Muge” ”Trio Odemira”, Duo “Ouro Negro”, Grupos “Santo Amaro de Oeiras”, “Brincando aos Clássicos” de Ana Faria, “Ala dos Namorados”, “Broa de Mel”, “As Doce”, “Gemini”, “G.N.R.”, “Xutos e Pontapés”, “Os Trovante”, “Os Madredeus”, “Delfins”, “Santos e Pecadores”, “Rio Grande” “António Mafra”, “Típico”, “Ronda Típica da Meadela “Rancho do Douro Litoral”, “Grupo Folclórico da Casa do Povo de Cano”, “Grupo Folclórico de S. Torcato”, Corais alentejanos de Serpa, Cuba, Pias, Figueira de Cavaleiros, Beja (“Trigo Limpo”), Aljustrel, Odemira (Canto do Baldão) ......

Compositores de música ligeira:
Artur Fonseca, Frederico de Freitas, João Freitas Branco, José Luís Tinoco, José Nisa, Nuno Nazareth Fernandes, Raul Ferrão, Raul Portela, Maestro Jorge Machado, Sérgio Godinho, Tó Zé Brito, Verónica, Zeca Afonso......

Página de grelha (24)

TÓPICOS DA HISTÓRIA CULTURAL PORTUGUESA
SÉCULO XX/XXI
OS FACTOS

1994: Lisboa, Capital Europeia da Cultura.

1995:
Publicação de “O Erro de Descartes” pelo cientista António Damásio.

António Guterres eleito 1ºMinistro.

Casamento de D. Duarte Nuno de Bragança.

1996:
Inauguração do “Parque Arqueológico do Côa”.

Jorge Sampaio
eleito 5º Presidente da República.

Fernanda Ribeiro: Terceira Medalha de Ouro olímpica portuguesa (Corrida dos 10 mil metros em Atlanta).

1998:
Inauguração da “Expo 98”, que assinala o 5º Centenário da chegada de Vasco da Gama à Índia.
Prémio Nobel da Literatura para José Saramago.

1999:Transferência de Macau para a China.

2001: Coligação PSD e CDS-PP ganha as eleições legislativa: Governo de Durão Barroso e Paulo Portas.

2001: Porto, “Capital Europeia da Cultura”.

Construção de 10 estádios para o “Europeu de Futebol 2004”

2002: O euro adoptado como moeda em onze países da UE.



LITERATURA

ESCRITORES ACTUAIS:
Luísa Beltrão:
a saga da família, o romance histórico, cíclico; o romance policial.
Agustina Bessa Luís e o primor da escrita.
António Alçada Baptista e a dimensão memorialista.
Manuel Alegre, Lídia Jorge, António Lobo Antunes, Rita Ferro, Miguel de Sousa Tavares, Augusto Abelaira, Maria Filomena Mónica, João Aguiar ...


O humor na Crónica Jornalística:
Agustina Bessa Luís, Clara Ferreira Alves, Eduardo Prado Coelho, Henrique Monteiro (“Comendador Marques de Correia”), Inês Pedrosa, Isabel Stilwell, Miguel de Sousa Tavares, Vasco Pulido Valente...


As Revistas Literárias e a sua importância na Metrópole e no Ultramar, na difusão de movimentos literários ou de novas ideologias.

Literatura Feminina: (de valor social, sobre a condição da mulher...)
Irene Lisboa, Maria Lamas, Fernanda de Castro, Maria Archer, Judite Navarro, Ester de Lemos, Luísa Dacosta, Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta, Maria Velho da Costa, Maria Judite de Carvalho, Teolinda Gersão...


O ROMANCE DA ADOLESCÊNCIA:
José Régio
: “Romance da Cabra-Cega”, “A Velha Casa”, “O Príncipe com Orelhas de Burro”.
Branquinho da Fonseca: “Bandeira Preta”.
João Gaspar Simões: “Internato”..
Soeiro Pereira Gomes: “Esteiros”.
Vergílio Ferreira: “Manhã Submersa”.
Manuel da Fonseca: “Chiquinho”.
José Marmelo e Silva : “O Ser e o Ter”.
Mário Zambujal: Crónica dos bons malandros”
Esther de Lemos:Dezoito Anos”, “Rapariga”, “Companheiros”...

Literatura juvenil:
Virgínia de Castro e Almeida:
Céu Aberto”, “Em Pleno Azul”...
“Sophia de Mello Breyner”: “O Rapaz de Bronze”...
Alice Vieira; Isabel Alçada e Ana Maria Magalhães; José Jorge Letria, Luísa Ducla Soares, Esther de Lemos....


ARTE

CANTORES:
Alberto Ribeiro, Adelaide Ferreira, Ágata, Alexandra, Alfredo Marceneiro, Amália Rodrigues, Anabela, Ana Faria, Ana Moura, Anita Guerreiro, António Calvário, António Mourão, António Pinto Basto, António Variações, Argentina Santos, Armando Gama, Artur Garcia, Beatriz Costa, Berta Cardoso, Beto, Bonga (de Angola), Camané, Carlos Alberto Monis, Carlos do Carmo, Carlos Paião, Carlos Ramos, Celeste Rodrigues, Cesária Évora (de Cabo Verde), Cidália, Corina Freire, Deolinda Rodrigues, Dina, Dom Vicente da Câmara, Dulce Guimarães, Dulce Pontes, Eduardo do Nascimento, Emanuel, Ercília Costa, Fernanda Baptista, Fernanda Maria, Fernando Farinha, Fernando Santana, Fernando Tordo, Florência, Francisco José, Frei Hermano da Câmara, Geninha Melo e Castro, Gonçalo da Câmara Pereira, Hermínia Silva, Isabel Silvestre, Janita Salomé, João Braga, João Ferreira-Rosa, João Maria Tudela, Jorge Fernando, José Cid, José Gonzalez, , Júlia Barroso, Lara Li, Lena d’Água, Lenita Gentil, Lucília do Carmo, Luís Piçarra, Luís Represas, Madalena Iglésias, Mafalda Arnauth, Mafalda Veiga, Manuela Bravo, Manuel Freire, Marco Paulo, Margarida Bessa, Maria Amélia Canossa, Maria Ana Bobone, Maria Armanda, Maria Clara Maria da Fé, Maria de Lurdes Resende, Maria Guinot, Maria João, Maria José Valério, Maria Teresa de Noronha, Mário Gil, Mariema, Mariza, Max, Miguel Ângelo, Miguel Dias, Mísia, Mónica Sintra, Natalino Jesus, Nuno da Câmara Pereira, Nuno Guerreiro, Paco Bandeira, Paula Ribas, Paulo Bragança, Paulo de Carvalho, Pedro Abrunhosa, Pedro Barroso, Rita Guerra, Rodrigo, Rui de Mascaranhas, Rui Ferrão, Rui Veloso, Rute Marlene, Samuel, Sara Tavares, Sérgio Godinho, Simone de Oliveira, Teresa Salgueiro, Teresa Silva Carvalho, Teresa Tapadas, Tomás Alcaide, Tonicha, Tony de Matos, Tó Zé Brito, Toy, Tristão da Silva, Victor Espadinha, Vitorino...

Fado de Coimbra:
Augusto Camacho, Edmundo de Bettencourt, Fernando Rolim, Luís Góis, Machado Soares, Menano, Paradela, Zeca Afonso...






quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Uma página de grelha (trocada)


TÓPICOS DA HISTÓRIA CULTURAL PORTUGUESA
SÉCULO XX- CORRENTES ACTUAIS

OS FACTOS


1976: “Constituição” da Repúbl. Portug.

Deterioração da situação política, económica. e social.

27/6/1976: O Gen. António Ramalho Eanes, 3º Presidente da 3ª República, 1º eleito por sufrágio universal democrático, após 50 anos.

1978: Alberto João Jardim eleito Presidente do Governo Regional da Madeira.

1979: Formação da “Aliança Democrática” (Diogo Freitas do Amaral do CDS, Francisco Sá Carneiro do PSD, Gonçalo Ribeiro Teles do PPM). Objectivo: Criar um governo estável, segundo o lema: “Um governo, uma maioria, um Presidente”. Em Dez.: Maioria absoluta da AD: Governo de Sá Carneiro.

1979: Governo PS de Cem Dias, com Maria de Lurdes Pintasilgo como 1º Ministro.

1980: Desastre de Camarate: Morte de Sá Carneiro e do Ministro da Defesa Adelino Amaro da Costa.

Pinto Balsemão assume a presidência da Coligação e do Governo.

Ramalho Eanes ganha as eleições presidenciais contra o general Soares Carneiro, candidato da AD.

1982: Revisão da “Constituição de 1976”.

1982: Atentado contra João Paulo II em Fátima, pelo padre espanhol Juan Krohn.

1983-85: Governo do Bloco Central PS-PSD (Mário Soares e Mota Pinto).

1984: Carlos Lopes ganha a primeira Medalha de Ouro olímpica portuguesa (Corrida da Maratona, em Los Angeles).

1985: Aníbal Cavaco Silva eleito presidente do PSD no Congresso da Figueira da Foz. Em Outubro de 1985 ganha as legislativas e é eleito 1º Ministro, cargo que ocupará durante 10 anos – (reeleito em 1987 e 1991, por maioria absoluta). “A era do cavaquismo”.

1986: Mário Soares, 4º Presidente da terceira República., reeleito em 1991..

1986: Adesão de Portugal à Comunidade Europeia (CEE). Mário Soares, o 1º subscritor do Tratado, em 10 de Junho.

1986: A “lei do mecenato” favorece a multiplicação das galerias de arte.


LITERATURA

As correntes actuais da poesia:

- Poesia independente: (“Cadernos de Poesia”), anos 40: A contenção das emoções (Jorge de Sena, Sophia, Eugénio de Andrade.

- A poesia existencialista: (A palavra como símbolo): Sebastião da Gama, António Ramos Rosa.

- A Poesia da “Távola Redonda”- Anos 50: (Liberdade na Arte): David Mourão Ferreira.

- Poesia da Revista “Novo Bloqueio” (1957/62): Conciliação entre Neo-realismo e Surrealismo: Manuel Alegre, Assis Pacheco.

- Poesia Experimental e Concretismo (Anos 60): Poesia de vanguarda: Vocabulário minimalista, linguagem condensada: Ernesto Manuel de Melo e Castro, Ana Hartherley, Rui Belo, Herberto Hélder, Maria Alberta Meneres, Pedro Tamen...

- A estética surrealista (Abjeccionismo) – O triunfo do inconsciente: António Pedro, Alexandre O’Neill, Egito Gonçalves, Mário Cesariny de Vasconcelos.

- A partir dos anos 70: Poesia discursiva, marcada pela intelectualidade: Luís M. Nava, Nuno Júdice, Natália Correia.

Poetas de vanguarda:
Ruy Cinatti, Sophia de Mello Breyner Andresen Eugénio de Andrade, Natércia Freire, Jorge de Sena...

Vitorino Nemésio
, poeta de expressão introvertida, condensada e alegórica. A imagística de inspiração popular. Os ritmos irregulares.

António Ramos Rosa:
Poesia existencialista, situada a meio termo entre a arte empenhada e o surrealismo. Poema: Espaço de uma cosmogonia, universo de criação, pela palavra, onde criador e criatura se confundem.

António Gedeão: Poesia de expressão conceituosa, numa temática variada, fruto de conhecimento humanístico, aguda percepção existencial, e sentimento de inadaptação às prepotências e injustiças sociais, um discurso original, de vocabulário específico, extraído por vezes de matérias da ciência ou do compêndio escolar, em ritmo predominantemente heptassílabo nas primeiras obras: e gradualmente mais amplo.

MIGUEL TORGA (1907/1995): Singularidade e universalidade de uma poesia de tensão e revolta, no desespero humanista contra as limitações, de ressentimento e desafio contra o transcendente que repele e procura, o sentido telúrico da sua temática e da sua imagística de forte impacto. A dimensão humanista e poética da obra-prima em prosa “Bichos”.


ARTE

ARQUITECTURA:
Características:
(Em relação com a evolução tecnológica e a explosão demográfica: Construção de gares, aeroportos; prédios de acordo com as novas concepções sanitárias; Novos materiais - aço, betão armado, matérias plásticas; Novas técnicas de construção; Construção standard; Estilo geométrico; Gigantismo (universo concentracionário).

(O Instituto Superior Técnico, fundado em 1911 por Alfredo Bensaúde, em 1930 integrado na Universidade Técnica de Lisboa, teve grande importância na realização de grandes obras de engenharia, impulsionadas pelo Ministro das O.P. Duarte Pacheco.)

1953: “Museu Fundação Ricardo Espírito Santo” (de Artes Decorativas).
- Casino do Estoril”
- Casino da Figueira da Foz


1959: “Monumento a Cristo-Rei
” (altura total 109m), arq. Francisco Franco, António Lino.

1959: Inauguração da rede de metropolitano com as estações decoradas por Maria Keil. Sucessivos alargamentos. – 1966 /72/ 88/ 93/95/97 - c/ a participação de Sá Nogueira, Júlio Pomar, Cargaleiro e Maria Helena Vieira da Silva, o escultor Charles Correia na decoração das novas e antigas estações.

1963: “Ponte da Arrábida” sobre o rio Douro (Projecto de Edgar Cardoso, execução de José Zagalho).


1966: Ponte sobre o Tejo (=“Salazar”,=“25 de Abril”). (Projecto de uma empresa norte americana)

1968: “Monumento dos Descobrimentos” (de Leopoldo de Almeida)

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

A Educação na Democracia

A minha amiga falou no Jardim:
- O Jardim deve estar de rastos.
Eu discordei:
- Quem pode estar de rastos são as pessoas que sofreram sob todos os modos. E o governo português vai levar a bolada que se recusava a partilhar.
E continuámos a falar na economia nacional também de rastos e com poucos restos já, que os rostos calam, a não ser para ajudar à esperança dos restantes rostos, com a oposição a gritar que é patranha essa do apoio à esperança, na ocultação de tanta verdade, de que se anda à procura sem resultado prático.
Mas debruçámo-nos sobre o DESTAK de 22/2, que colhemos na CGD.
O artigo da página 2, de Filipa Estrela, continha informação sobre o livro “O Não também ajuda a crescer” de Maria Jesus Álava Reyes, de que transcrevo a síntese “Os principais erros dos pais” e “As regras fundamentais de educação”.

Eis os erros dos pais:
- Actuam como amigos. É importante que os pais sejam pais e não tentem ser colegas.
- Protegem excessivamente. Se lhes tiram a possibilidade de criar as próprias defesas, não vão ser capazes de vencer as dificuldades sozinhos.
- Favorecem o consumismo. Se desde pequenos lhes dão tudo o que pedem, não vão dar valor às coisas e às pessoas.
- O pai e a mãe não estão de acordo. Um progenitor não pode contradizer e desautorizar o outro na presença da criança.

Eis as regras:
- Aprender a observar a conduta.
- Aprender a actuar de forma imediata quando há alguma coisa importante.
- Assumir posições incómodas, como dizer não quando é preciso.
- Impor limites e regras, em função da idade.
- Ser mais perseverante do que as crianças.
- Saber usar o senso comum.

No mesmo Jornal vem a Editorial subscrita por Isabel Stilwell que transponho integralmente:

Maltratados pelos próprios filhos
“Há pais que são espancados, roubados e insultados pelos próprios filhos. Preferimos pensar que é mentira, um exagero, coisa de toxicodependentes desesperados ou de doentes mentais. Por outras palavras, o assunto é tabu. Os dados de uma linha de apoio a pais, a Parentline Plus, vieram agora revelar, através da BBC, que no Reino Unido há três pais por dia que se queixam de maus tratos por parte dos seus filhos. Cerca de 90% dos agredidos são mães, de todas as classes sociais, e muitas confessam que têm medo de ficar em casa com o filho agressor.
O que se calhar o leitor não estava à espera, eu pelo menos não estava, é que estes filhos tivessem idades entre os zero e os 25 anos de idade, e que a maioria dos casos (60%) acontece com “criminosos” dos13 aos 18 anos. Nova surpresa: são as raparigas as mais violentas, ao ponto de usarem facas para ameaçar as mães, e aquelas que recorrem aos piores insultos. “Ter uma filha violenta é o tabu dos tabus. Há mães que nem são capazes de o revelarà família próxima. Mas se analisarmos bem é natural: as raparigas exteriorizam a sua frustração dentro de casa, os rapazes fazem-no no bar ou na rua”explica um dos especialistas da linha.
Mas se tuido isto choca, choca ainda mais quando se percebeque há queixas de mães de crianças com menos de três anos (são 11% as queixas de pais com filhos com menos de 9 anos!) A falta de autoridade é chocante e começa no berço, exclamam os especialistas ouvidos pela BBC. Estas mães, por alguma razão, são incapazes de colocar limites. “Convencidos de que têm a obrigação de amar os filhos incondicionalmente, aceitam ser tratadas sem qualquer respeito. Só quando as conseguimos fazer perceber que têm direitos é que começamos a ser capazes de as ajudar a reconstruir uma relação mais equilibrada,
dizem os responsáveis pela Parentline. Mas deixam um aviso importante: é urgente apoiar estes pais, mas deixando claro que são responsáveis pela situação em que se encontram. E por sair dela.”

A minha amiga naturalmente, concorda, e aponta o dedo aos media. Viu ontem um filme na TVI de uma violência estarrecedora com sangue, muito sangue, muitas armas, como exemplo para o actual encaminhamento educativo das crianças. E acrescenta:
- O menino, quando se irrita vai lá e mata a professora. O mundo virou sem educação.
Contou que o neto foi com o pai jogar com outros meninos da sua escola. No Algarve. Miúdos de 9 anos, os pais que se insultam, na defesa dos seus filhos nas evoluções do jogo, em versão menos cómica "Sr. Anastácio" / "Sr. Barata" no jogo de futebol do filme "O Leão da Estrela".
- Como é que aqueles miúdos são educados? E que professor nenhum se zangue com o filho deles, que eles vão lá e arrasam!

Falei também num email de um professor francês indignado, que contou o caso dos meninos franceses de uma escola, os quais exigiram a expulsão da professora, por ter impedido um aluno de usar telemóvel na aula.
E explorámos assim a globalização da má criação, embora eu tivesse considerado o sistema democrático mais propenso a esse fenómeno, pelo incitamento à liberdade e ao gozo sem controlo das felicidades causadas pelo egoísmo e o consumismo materialista.
E a esse propósito citei um texto de Henrique Salles da Fonseca, no blog “A Bem da Nação”, que comentei. Era o texto “Outros Mundos” sobre a questão do significado da verdade, nos três tipos de verdade que cita: a material, axiomática, a espiritual, em função dos sentimentos, a verdade científica – falível – que resulta da congeminação humana.
Eis o comentário:
"O Homem é um ser de tal modo extraordinário que fez tudo isso, criando nomes convencionais para as coisas, criando termos de absoluto, relativamente aos conceitos de sentidos opostos - o Bem e o Mal, o Belo e o Feio, o Justo e o Injusto, a Sinceridade, a Falsidade... - criando explicações científicas como verdades em movimento... Conseguiu, assim, pensar em termos de abstracções de sentido universal, que codificou nos mitos, nas religiões... Acho espantoso isso, essas verdades do espírito, criadas desde as origens, que ajudaram a formar a razão humana num sentido de respeito - ou desprezo - pelos valores absolutos, dificilmente definíveis, mas que intuímos como algo a atingir ou a banir. Há quem apode ironicamente isso de radicalismo, de maniqueísmo, e semeie outras hipóteses mais confortáveis, de negação e fuga, por conveniência própria, semeando a dúvida, criando a incerteza, conduzindo à anarquia, à perda de dignidade, à opção de recusa dos tais valores que definiam o “honnête homme” clássico, porque os valores da materialidade se impuseram, a espiritualidade foi eliminada pela brutalidade, pela aceleração, pela ambição e o egoísmo."
Achei que o comentário vinha a propósito das nossas reflexões e dos textos citados sobre Educação.
A verdade em democracia? A que esconde as trafulhices que há longos anos se vêm cometendo entre nós – quem se lembra mais do caso Melancia? – e cujo deslindar fica no segredo do poder e da Justiça aliada a este?
A Democracia serve para eliminar a bitola dessa verdade criada pelos homens sobre valores absolutos, a coberto dos direitos de igualdade, liberdade e fraternidade, também por eles generosamente concebidos, na realidade todos esses direitos referenciados sob uma paleta de cinismo dos ambiciosos e dos poderosos.
E tudo isso tem a ver com Educação, uma verdade quase sem sentido já. Mau grado os dados construtivos do livro “O Não também ajuda a crescer”, que ambas subscrevemos integralmente.
Um livro destes traz um retorno da esperança. Esperança na mudança. Podemos mantê-la ainda? Os professores continuam a marcar passo, ao compasso das suas reuniões, que não ajudam à "especialização" nas matérias do seu foro docente, e o empobrecem irremediavelmente.
O "tempo", a quarta dimensão subentendida no texto de Salles da Fonseca, se encarregará de revelar os efeitos perversos resultantes das actuais normas ministeriais de condução educativa.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Página de Grelha (21)

TÓPICOS DA HISTÓRIA CULTURAL PORTUGUESA
SÉCULO XX- CORRENTES ACTUAIS

OS FACTOS
1987: Concurso para revitalização da zona ribeirinha de Lisboa, pela construção de um Centro Cultural em Belém (CCB), promovida pelo Estado, para albergar a Presidência das Comunidades Europeias em 1991.

1987: Morte de Zeca Afonso, autor da canção “Grândola, Vila Morena”, símbolo da luta pela liberdade.

1988: Rosa Mota: Segunda Medalha de Ouro Olímpica portuguesa (Maratona de Seul)

25/8/1988: Incêndio no Chiado
, zona emblemática da capital. Criado o “Gabinete de Reconstrução do Chiado” a cargo do arq. Siza Vieira - (Presid. da Câmara eng. Krus Abecasis).

1989: 2ª Revisão da “Constituição de 1976”.

15/9/1990: O Engenheiro Sousa Veloso, apresenta o seu último “TV Rural” (o programa de maior durabilidade televisiva –1961/1990)
.
1990: Amália Rodrigues condecorada com a Grã-Cruz da Ordem de Santiago de Espada.

1992:
A Assembleia da República ratifica o Tratado da União Europeia aprovado em Maastricht.


SIC e TVI, primeiros canais privados televisivos.

Entrada do escudo no cabaz de moedas do Sistema Monetário Europeu (SME).
Álvaro Cunhal renuncia ao cargo de dirigente do PCP a favor de Carlos Carvalhas.

LITERATURA

Poetas:

Sophia de Mello Breyner Andresen, e a sua arte de contenção verbal:
Poesia: Arte encantatória universo de nudez, luminosidade, fantasia, irrealidade e magia. Os signos na sua pureza real e valor simbólico. Os ritmos variados, o processo aliterativo, a expressão do futuro. A temática clássica, a temática de intervenção contra as injustiças e desigualdades sociais. O recurso aos mitos clássicos

Eugénio de Andrade
, poeta de expressão intensa e desinibida: Temática do amor e do erotismo, do desgaste, da frustração amorosa, da beleza feminina, do amor à vida, da liberdade, do empenhamento social, da semântica das palavras... Riqueza imagística, que substitui a eufonia da rima. Versilibrismo.

David Mourão Ferreira e a dimensão erótica e linguística do lirismo.


O NOVO ROMANCE / (ANTI-TEATRO) (anos 60): (Universo do non-sens, traduzindo o vazio universal, a abjecção humana – (o “insecto humano”). Desarticulação dos esquemas tradicionais, ao nível da Linguagem, da Acção, das Personagens (“robots”): Alfredo Margarido, Artur Portela Filho, Herberto Hélder Álvaro Guerra, Mário Dionísio, Virgílio Ferreira (“Nítido Nulo”).

TEATRO:

Os Grupos de Teatro Experimental.


BERNARDO SANTARENO: “O Crime da Aldeia Velha”, “A Promessa; “O Judeu” -(Pertencente ao tipo de teatro épico, narrativo - ao modo de Brecht) - constitui “metáfora do tempo presente do autor” – no paralelo crítico identificador de duas épocas igualmente prepotentes, de fanatismo, intolerância, exploração, de miséria e ignorância do povo – o séc. XVIII, tempo de D. João V e dos autos-de-fé, o séc. XX, época das ditaduras e do anti-semitismo, os efeitos luminotécnicos e de sonoplastia, contribuindo para a recriação de ambientes e símbolos identificadores. Personagem central: António José da Silva, o Judeu.

LUÍS STTAU MONTEIRO:
Felizmente há Luar(Teatro épico, intervencionista, “metáfora” do tempo vivido pelo autor – salazarismo - no seu paralelo crítico com o tempo da acção do drama – a condenação de Gomes Freire de Andrade, 1817.


ARTE


1969: “Museu Calouste Gulbenkian”. Sua integração no parque.

1974: Museu Nacional de Arte Antiga (M. das Janelas Verdes)

77/88 Museu de Amarante - antigo Convento de S. Gonçalo de Amarante. - arq. Alcino Soutinho.

1983: Remodelação da Casa dos Bicos (por Manuel Vicente e José Daniel Santa Rita) para a “XVII Exposição de Arte e Ciência Europeia”.
1983: Centro de Arte Moderna (na Fundação C. Gulbenkian) .
1983: Pousada de Guimarães arq. Fernando Távora (Grande Prémio de Arq.) reconstrução de antigo convento. Influência sobre arquitectura de posteriores pousadas conventuais.
85: Conjunto das Amoreiras - arq. Tomás Taveira
.

Monumento ao 25 de Abril por Cutileiro.

1987: CCB, em pedra lioz, arq. Vittorio Gregotti e Manuel Salgado.
1987: Construção do edifício-sede da CGD, arq. Arsénio Cordeiro, com obras de arte – tapeçarias de Júlio. A “Culturgest”.

Estátua de Fernando Pessoa, no Chiado, por Lagoa Henriques, em comemoração do 1º centenário do nascimento do poeta (1989).

O Museu do Chiado
(Renovação do "Museu Nacional de Arte Contemporânea”).

Museu do Teatro.

1989: Fundação Casa de Serralves (Porto).

1991: “Pólo IIde Coimbra novo espaço universitário, arqs. Gonçalo Byrne e Manuel Mateus.

1997: O Oceanário (“Pavilhão dos Oceanos” durante a Expo), p/ arq. norte-americano Peter Chermayeff).
1998: Inauguração da Ponte Vasco da Gama (18 km), projecto da Lusoponte.
2003: Inauguração da linha de metro no Porto...

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Página de Grelha (20)

TÓPICOS DA HISTÓRIA CULTURAL PORTUGUESA
SÉCULO XX- CORRENTES PRÓXIMAS

OS FACTOS

1974: General António de Spínola, 1º Presidente da Repúb. Democrática
- Período de turbulência: Demissão de Spínola durante a crise do 28 de Setembro de 1974.

17/7/74: Spínola anuncia o direito à autodeterminação imediata dos povos colonizados para uma independência a longo prazo.

2º Governo Provisório (Julho 74), presidido por Vasco Gonçalves, que presidirá os três seguintes: 3º: Set. 74; 4º: Março 75; 5º: Agosto 75.

1974/1975: General Costa Gomes, 2º Presidente da República.

1975: “O Verão Quente”: Iniciado com o “golpe de Estado” (fracassado) do 11 de Março, das forças da direita (em torno do ex-presid. Spínola) contra os RALIS (Regimento de Artil. Ligeira).
Consequências: Fuga de Spínola para Espanha; o pacto MFA / Partidos com a imposição das forças da esquerda: vaga de nacionalizações expropriação e ocupação de proprieds exílio de industriais e outros...

1975: Independência dos Territórios Ultramarinos.

Vida política organizada a partir dos partidos. O factor partidário volta a ser factor de instabilidade. Questões políticas prioritárias no conjunto das questões públicas. Acentua-se a clivagem entre os que defendem uma democracia aberta e pluralista e os que defendem uma democracia popular, de inspiração comunista.

Restauração das liberdades e direitos fundamentais
.

15/4/75: Revisão da Concordata : Direito ao divórcio. (Salgado Zanha).

Reforma Agrária.

25 de Novembro de 1975: O fim do PREC (“Processo Revolucionário em Curso”): Golpe militar contra as forças da Esquerda, perpetrado pelas forças moderadas - (O Grupo dos Nove) sob o comando de Ramalho Eanes. Otelo Saraiva de Carvalho fora substituído, em 17, pelo Major Vasco Lourenço na chefia do COPCON (“Comando Operacional do Continente”), força militar para impor as regras do Conselho da Revolução. Com o Golpe de 25/11, Ramalho Eanes. passa a chefiar o exército e o COPCON é dissolvido.


LITERATURA

A Poesia “engagée”

A poesia de “exaltação interventiva” de José Gomes Ferreira.

Outros Poetas intervencionistas:

José Carlos Ary dos Santos
: “Insofrimento in Sofrimento”...
António Gedeão: “Movimento Perpétuo”, “Teatro do Mundo”, “Máquina de Fogo”...
José Afonso, o bardo dos tempos modernos.
António Aleixo, e as quadras da sabedoria popular.


A NOVELÍSTICA PORTUGUESA CONTEMPORÂNEA:

Características:
- O rompimento com a herança realista – a fuga da realidade quotidiana, a desvalorização da diegese.
- O simbolismo e a corrente da consciência: O predomínio da análise do “eu”. A recusa da cronologia linear. A multiplicidade de planos temporais. O tempo da memória.

- O realismo ético e a escrita elegante de José Rodrigues Miguéis: “Saudades para D. Genciana”, “Léah e outros contos”...

- O experimentalismo estético de Vergílio Ferreira (neo-realismo, existencialismo, “novo romance”): “Manhã Submersa”, “Vagão J”, Nítido Nulo”, “Conta Corrente”, “Aparição”- (O romance da problemática metafísica, em efeitos simbólicos e poéticos).

- Agustina Bessa Luís e a confluência de correntes várias em “A SIBILA: O romance rural, a corrente simbolista, o neo-realismo.
- Uma estrutura circular, com, todavia, mobilidade constante do eixo da história, numa arquitectura labiríntica, fragmentária, ziguezagueante, com progressão temporal, mau grado o ritmo descontínuo, perturbado por digressões, analepses, prolepses...
- Um discurso digressivo, de grande riqueza, complexidade, densidade e propriedade vocabulares, pontuado por reflexão e ironia.
- Uma “arte da rosácea”, como pólo unificador dos mundos temporal e espiritual.
- Universalidade e intemporalidade da obra, pela dimensão múltipla do Homem nela retratado.

Outros Ficcionistas:
- José Cardoso Pires, Augusto Abelaira, Luís de Sttau Monteiro, David Mourão Ferreira, Miguel Torga.




ARTE

De José Fonseca e Costa: “Kilas, o mau da fita”(1981), “Cinco Dias, Cinco Noites”, “Sem Sombra de Pecado” (83).
De Luís Filipe Rocha: “Cerromaior”(1981), “Adeus Pai” (1995).
De Joaquim Leitão: “Adão e Eva” (1996) e “Tentação” (1997).

ACTORES:

Alexandra Lencastre, Amélia Rey Colaço, Ana Bola, Ana Bustorff, Ana Zanatti, António Feio, António Pinheiro, António Silva, António Vilar, Armando Cortês, Artur Agostinho, Artur Semedo, Aura Abranches, Beatriz Costa, Camacho Costa, Camilo de Oliveira, Canto e Castro, Carla Andrino, Carlos Areia, Carlos Cunha, Carlos Miguel, Carlos Quintas, Carmen Dolores, Chaby Pinheiro, Costinha, Cremilda de Oliveira, Diogo Infante, Duarte Silva, Eduardo Brasão, Elvira Velez, Erico Braga, Estêvão Amarante, Eunice Muñoz, Fernanda Borsatti, Fernanda Lapa, Fernanda Serrano, Fernando Assis Pacheco, Fernando Curado Ribeiro, Fernando Mendes, Florbela Queirós, Glória de Matos, Guilherme Leite, Helena Isabel, Henrique Santana, Henrique Santos, Henrique Viana, Herman José, Humberto Madeira, Igrejas Caeiro, Io Apolloni, Irene Cruz, Irene Isidro, Irmãos Rosa, Ivo Canelas, Ivone Silva, Jacinto Ramos, João de Carvalho, João Dias, João Lagarto, João Villaret, Joaquim Monchique, Josefina Silva, José Pedro Gomes, José Raposo, Laura Alves, Laura Soveral, Leonor Maia (Tatão), Lia Gama, Lídia Franco, Luísa Durão, Luís Aleluia, Lurdes Norberto, Madalena Sotto, Margarida Carpinteiro, Maria do Céu Guerra, Maria Dulce, Maria Eugénia (Geninha), Maria João (Raposo), Maria Matos, Maria Olguim, Maria Ruef, Maria Vieira, Marina Mota, Mário Viegas, Miguel Guilherme, Milu, Mirita Casimiro, Natália Sousa, Nicolau Breyner, Octávio Matos, Óscar Acúrcio, Óscar Branco, Palmira Bastos, Paulo Renato, Raul Solnado, Ribeirinho, Robles Monteiro, Rogério Paulo, Rosa Damasceno, Rosa do Canto, Rui Castelar, Rui de Carvalho, Rui Mendes, Varela Silva, Vasco Santana, Victor Sousa, Virgílio Castelo, Virgílio Teixeira.

Gavetas da alma, numa Avalom de bruma

Os pais leram à Beatriz o bonito livro que compraram para ela. A Beatriz levou o livro para a escola e as professoras leram a história para todos os meninos. “O Pássaro da Alma”. Um livro de gavetas, onde o Pássaro enfiava não papelada ou talheres ou peúgas, mas as disposições de espírito dos meninos e meninas: A gaveta das alegrias, das tristezas, da amizade, das zangas...
A Beatriz estava a brincar com o pai, que a atirava ao ar ruidosamente. Mas ia começar o jogo do Benfica com um clube alemão, o pai parou de brincar:
- O Papá agora quer ver o jogo do Benfica, vê tu o canal Panda, no teu quarto.
A Beatriz suplicou, o Pai foi irredutível. A Beatriz apareceu tragicamente na sala:
- Mamã, Papá, estou triste.
Os Pais olharam-na admirados, riram-se, mas continuaram nas suas lides respectivas. A dada altura, notando o silêncio e a ausência da Beatriz, o Pai foi ao seu quarto. A Beatriz estava encostada à cama, com ar amarfanhado:
- O que foi, filha?
- O Pássaro da Alma abriu a minha gaveta da tristeza.
A Beatriz reconquistou a sua gaveta da alegria, com a desistência momentânea do Pai de continuar a ver um Benfica também mergulhado nalguma gaveta de inércia, pois terminaria desastrosamente empatado. Voltaram as brincadeiras, a felicidade iluminou novamente a vida da Beatriz, instalada na gaveta respectiva.
Os Pais riram muito, o Pai telefonou à Avó – Eu – contou a história, admirou a finura da filha, a sua saída repentista, subentendendo uma espontânea adaptação da história das gavetas ao seu próprio estado de alma, com a escolha da gaveta própria. Eu também admirei a percepção dos quase quatro anos e meio da Beatriz, na sua pronta reacção, colaborei nos elogios à minha neta e aos pais que lêem histórias à filha, além das que ela própria ouve na escola e nos canais ou CDs do seu usufruto televisivo monopolizador, embora já tenha televisão própria, porque acha “injusto” ser excluída do convívio com os Pais, à hora do noticiário.
A gaveta da tristeza! Criança sofre!

Um dia, a Beatriz terá outras gavetas. As das suas lutas, dos seus sacrifícios, das suas incompreensões do mundo. Que o Pássaro não deixará de abrir para ela.
Gostaríamos que não fossem gavetas como as do nosso viver quotidiano, recheadas dos receios desse viver fragilizado pelo absurdo.
E, embora o nosso presente não inspire tanta confiança assim, talvez o Pássaro da Alma traga à Beatriz, como a todos os nossos meninos, no seu futuro, gavetas repletas de harmonia.
Há sempre uma gaveta de esperança, mesmo numa Avalom de bruma.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Página de Grelha (19)

TÓPICOS DA HISTÓRIA CULTURAL PORTUGUESA
SÉCULO XX- CORRENTES PRÓXIMAS

OS FACTOS

- 1955: 1ª edição de “História da Literatura Portuguesa” por António José Saraiva e Óscar Lopes.
-1956: Início das emissões da RTP.

Programa segundo a fórmula: “Evolução na Continuidade”:
- Plataforma de união da camada burguesa liberalizante (progressista) e a conservadora.
- Aceleração da industrialização.
-Projecto de Sines.

-Agravamento da Questão Ultramarina.
(Portugal recusa a tese do direito à autodeterminação dos povos (Contida na “Carta das Nações Unidas”.
Tese Portuguesa: Portugal é um Estado pluricontinental e plurirracial).
- 1973: A importância do livro de Spínola “Portugal e o Futuro” para a mudança do regime e o findar do império.

25 de Abril de 1974: “A Revolução dos Cravos”:
O “Movimento das Forças Armadas” (MFA) derruba o Regime, marcando o início da 3ª República – (Salgueiro Maia, dirigente das operações, junto ao Quartel da GNR no Largo do Carmo, onde Marcello Caetano entrega o poder ao General Spínola.

3ª REPÚBLICA:

Programa do MFA -“Junta de Salvação Nacional”:
Extinção da polícia política – DGS, do partido único – ANP, abolição da censura, dissolução do Parlamento, amnistia aos presos políticos, saneamento das forças armadas, admissão dos vários partidos
.

1974: General António de Spínola, Presidente do 1º “Governo Provisório”, presidido por um democrata civil, o advogado Adelino da Palma Carlos.


LITERATURA

2º Modernismo:

A GERAÇÂO DA “PRESENÇA”
Caracterização:
Regresso a uma estética neo-romântica, de conciliação entre a modernidade e o classicismo. Poesia narcisista, de introspecção, arte neutra do ponto de vista ideológico, alheada de propósito intervencionista, defende a originalidade e a sinceridade. Movimento de recuo em relação ao “ORPHEU”, menos irreverente e mais equilibrada. Contribuiu para a projecção do “ORPHEU”.

Revistas:
Presença”( Revista coimbrã, 54 números – de 1927/40).

De carácter mais intervencionista:
Sinal” 1930, (Torga);
Manifesto”1936/38, 5 números.

Intervenientes:
JOSÉ RÉGIO
(1899/1969) - (poeta, novelista, dramaturgo): e o retorno à poesia introspectiva e de conflito.
Adolfo Casais Monteiro
Branquinho da Fonseca (1905/74) e a originalidade da narrativa de mistério - “O Barão” (conto).
João Gaspar Simões : Também crítíco literário e investigador.
Pedro Homem de Melo.
Carlos Queirós: A poesia intimista. A expressão elíptica e epigramática.

António Botto, poeta e contista, um escritor à margem: a temática da pederastia em expressão singular.

III – DO NEO-REALISMO À ACTUALIDADE:
O Neo-Realismo intervencionista, de ideologia marxista (1939/1950):

Ferreira de Castro e o romance de inquérito social (“A Selva”, 1930), de problemática moral (“A Curva da Estrada”, 1950).

Os novelistas da “escola”:
Soeiro Pereira Gomes
(“Esteiros”)
Alves Redol: “Fanga”, “A Barca dos Sete Lemes”, “O Cavalo Espantado”, “Barranco dos Cegos”...
Fernando Namora: “Fogo na Noite Escura”, “O Trigo e o Joio”, “Retalhos da Vida de um Médico”...
Manuel da Fonseca:O Fogo e as Cinzas”....

Os Poetas intervencionistas do “NOVO CANCIONEIRO” (Colectânea de 10 livros de poesia publicada em Coimbra, entre 1941/44):

Fernando Namora, Mário Dionísio, João José Cochofel, Joaquim Namorado, Manuel da Fonseca, Carlos de Oliveira, Sidónio Muralha, Francisco José Tenreiro, Políbio Gomes dos Santos.


ARTE

Anos 60: O Cinema novo:
1962: “Retalhos da Vida de um Médico” (J. Brum do Canto).
1963:“Verdes Anos” (Paulo Rocha).
1963: “Acto de Primavera” (Manoel de Oliveira) - Medalha de ouro do “Festival de Siena” de 64.
1964: “O Crime da Aldeia Velha” (António da Cunha Teles).
1965: O Trigo e o Joio” - Manuel Guimarães
1966:”Domingo à Tarde” - António de Macedo - c/ Rui de Carvalho.

Anos 60: O Antigo Cinema:
1967: “Sarilhos de Fraldas” (Constantino Esteves).
1970: “A Maluquinha de Arroios” (Henrique Campos).

Anos 70:
1970: “O Destino marca a Hora” (H. Campos). Com Tony de Matos.
1971- “O Zé do Burro” (Courinha Ramos).
1972: “O Passado e o Presente” (Manoel de Oliveira).
1973: “Benilde ou a Virgem Mãe” (Manoel de Oliveira).
1973: “Cântico Final” (Manuel Guimarães).
1974: “A Promessa” (António Macedo).

1974/81: O período áureo do Cinema político

Filmes dos anos 80 e 90:
De Manoel de Oliveira: “Amor de Perdição”(78), “Inquietude”, “Francisca” (81), “Benilde ou a Virgem Mãe”, “Non ou a Vã Glória de Mandar, “Viagem ao Princípio do Mundo” “Le Soulier de Satin” (“Leão de Ouro” do Festival de Veneza 1985)...

De João Botelho: “Aqui na Terra”.

De Fernando Lopes:Crónica dos Bons Malandros

1984: De António Pedro de Vasconcelos: “O Lugar do Morto” com Pedro Oliveira e Ana Zannati.

De João César Monteiro: Recordações da Casa Amarela e “A Comédia de Deus”.

De Lauro António: “Manhã Submersa” (1980).

De Luís Galvão Teles: “A Vida é Bela!” (1982).

Testemunho de um texto “educativo”

É, de facto, um texto sobre Educação. A nossa Educação. Foi-me enviado por email. Não precisa de comentário. Insere-se na linha de “fantasia avaliativa” com que o Governo tem gradualmente destruído a “Educação” e o Professorado em Portugal. Uma Avaliação desonesta, que não incide sobre as competências culturais de professores e alunos, mas que sobretudo favorece as competências galhofeiras dos fabricadores da tal “tralha” inútil. Dentro de um “plano” governativo que me apetece apodar de esquizofrénico, tão convulso e descoordenado parece, nos seus objectivos de dilapidadores sociais, após a dilapidação económica da Nação.
Vale a pena ler o texto:

“A Tralha que atrapalha”

“6.1.10 Publicado por: Ramiro Marques”
«Por que será que a opinião pública tem sido pouco alertada para a tralha que atrapalha? Por que será que o processo negocial, que se arrasta há quase dois meses, não inclui a questão da tralha que atrapalha?
Não há um único professor no país que não saiba qual é a tralha que atrapalha.
Até os inspectores - guardiães da tralha que atrapalha - sabem qual é a tralha que atrapalha.
Até os burocratas que trocaram a sala de aula pelas equipas de "apoio" às escolas sabem qual é a tralha que atrapalha.
E até mesmos os aposentados que integram o CCAP sabem qual é a tralha que atrapalha. Não porque conheçam a realidade das escolas - já que fugiram delas em bom tempo - mas porque ouviram falar da tralha que atrapalha.
Mas, admitindo que haja algumas almas bem intencionadas, embora ignorantes, nas equipas de avaliação externa das escolas, no CCAP, nas equipas de "apoio" às escolas, na DGRHE ou nas DRE, deixo aqui a lista da tralha que atrapalha:

Os projectos curriculares de escola. Não servem para nada: só atrapalham sobretudo porque há quem os altere todos os anos. Já contaram as milhares de horas perdidas pelas equipas e comissões permanentes de revisão dos projectos curriculares de escola e dos projectos educativos de escola?

Os projectos curriculares de turma. Servem para alguma coisa? Sim: para perder tempo.

Os planos de recuperação. Servem para quê? Socializar os prejuízos e privatizar os benefícios. Desculpabilizar e construir sucesso educativo de forma fraudulenta.

Os planos de acompanhamento. Idem.

Os planos de "melhoramento". Idem.

Os relatórios sobre os planos de recuperação e de "melhoramento" (sic). Idem. Monumentos à novilíngua e à trafulhice pedagógica.

Acabem com a tralha que atrapalha. A opinião pública compreenderá que a tralha que atrapalha é nociva ao ensino.
Gostava de ouvir os responsáveis do ME a falar na redução ou eliminação da tralha que atrapalha. Não ouço. A tralha que atrapalha obedece ao plano.»

Fui orientadora de Estágio. Sei o fosso que existe, por vezes, entre o aparato dos dossiers e a execução de uma aula. Mas no meu tempo, havia, de facto, planificações, ao nível da aula, da direcção de turma e da escola. O mais importante centrava-se nos planos das aulas e sua execução.
Agora fazem-se “Projectos”. É tudo projecto, tudo bonitinho, tudo cheio de clichés, de retórica provinda dos dossiers ministeriais, feitos por pessoas que, bem instaladas nos seus cargos de promoção, se esquivaram às realidades escolares, que se limitam a adoptar deslumbradamente dos textos pedagógicos estrangeiros. Fazem um vistão. E impõem os mesmos clichés, geralmente inanes, geralmente risíveis no repetitivo dos chavões, para preencher com cruzes.
Chamam a isso rigor. Parece-me antes folclore. E falta de seriedade. Porque só se pode avaliar com rigor aquilo que foi transmitido com rigor e que foi captado com atenção.
Mas a permissividade da desatenção, da insubordinação, da indisciplina, da falta de comparência e de pontualidade, da falta de educação cada vez mais pronunciada, condenam o ensino.
E ninguém se propõe modificar. Porque a Democracia é o estandarte empunhado por gregos e troianos para impedir a seriedade, no nosso país de opereta. Ou, mais ao nosso jeito, de folclore.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Página de Grelha (18)

TÓPICOS DA HISTÓRIA CULTURAL PORTUGUESA
SÉCULO XX- MODERNISMO

OS FACTOS

Medidas:
- Reorganização dos serviços de administração central e local.
- Reorganização das Obras Públicas.
- Reformas Financeiras.
- Rede de estradas.: De 13000 Km. a 30000.
- Barragens hidroeléctricas.
- Repovoamento florestal.

1940/1943: Balança Comercial: Pela 1ª vez, desde finais do séc. XVIII, saldos positivos.

1940: O apogeu do Estado Novo

A “Exposição do Mundo Português”: Comemoração do 8º Centenário da Nacionalidade e o 3º da Restauração.

- Neutralidade portuguesa durante a 2ª Guerra Mundial.
- Cedência aos Aliados de Bases nos Açores.
- Desde 1944: O General Santos Costa, o “homem forte” de Salazar.
-1945: Fundação do MUD. Oposição ao Regime. Campanha da Candidatura do General Norton de Matos. Perseguição aos subscritores.

Mecanismos repressivos:
- 1945: PIDE.
- Censura.
- Campos de Concentração do Tarrafal em Cabo Verde.


- Questão Monárquica: Autorização de residência no País de D. Duarte Nuno (Neto de D. Miguel II)

- 1949: Portugal, membro fundador da OTAN (NATO).
- 1949: Prof. Dr. Egas Moniz (1874/1955) distinguido com o “Prémio Nobel” da Medicina.
- Alteração de “Acto Colonial” de 1938: “Colónias” designadas “Províncias Ultramarinas”.

- 1953: “Disposição Testamentária” do capitalista arménio Calouste Gulbenkian ( 55) para a criação de uma “Fundação” com o seu nome

- 1955: Admissão de Portugal na ONU

LITERATURA

Primeiro Modernismo : Geração de ORPHEU

Revistas:Orpheu”, 1915 (2 números, um 3º não editado); “Centauro”, 1916, 1 número ; “Exílio”, 1916, 1 número; “Portugal Futurista”, 1915, 1 número; “Athena”, 1924, 1925.

Intervenientes:

MÁRIO DE SÁ CARNEIRO (1890/1915 , por suicídio, em Paris)
A expressão frenética do sentir, em poesia de auto-análise narcísica e autoflagelação, no requinte de uma expressão artística original.

Almada Negreiros, (1893 /1970) e a poesia virulenta dos seusManifestos”( Ex: “Manifesto Anti-Dantas”, “Cena do Ódio”). Também pintor.

FERNANDO PESSOA (1889/1935) e a dimensão superior de uma poesia ortónima e heterónima pautada pela intelectualidade e a lucidez.

Poesia ortónima:
“POESIAS
”: Poesia existencialista, no debate íntimo sobre o sentido do “Ser” e o consequente sentimento de angústia, em expressão dialéctica que focaliza a unidade dos opostos (pensar /sentir, sinceridade / fingimento, vontade / pensamento, desejo / acção, consciência / inconsciência, esperança / desilusão... , por meio de paradoxos. De verso tradicional e ritmo musical.

MENSAGEM”: O sentido épico nacionalista, glorificador do passado e consciente do presente sem honra, com o sentido messiânico de esperança na salvação. De estrutura tripartida e fragmentada, com imagens, símbolos e ritmo musical.

Poesia heterónima:
“POEMAS
” de Alberto Caeiro, “guardador de rebanhos que são os seus pensamentos que são todos sensações”: Poesia sensacionista, de negação do pensamento, anti-metafísica, mas paradoxalmente conceituosa. Poesia contrária ao artificialismo do lirismo tradicional, de verso livre e expressão corrente.

ODES” de Ricardo Reis, poeta da temática clássica epicurista do gozo da vida, e estóica da impassibilidade e contenção das emoções, associada ao conceito fatalista do absurdo da condição humana condenada.
Estilo alatinado, em verso livre e requinte formal


“POESIAS” de Álvaro de Campos:
1ª Fase: decadentista: “Opiário";
2ª Fase: Do “Futurismo”: Odes “Triunfal”, “Marítima”...
3ª Fase: intimista: Do abatimento interior (analogia com Pessoa): Poema “Tabacaria


ARTE

CINEMA:

Anos 40: Melodrama, História, Actualidade

Ala Arriba” – Com apoio de António Ferro.
Amor de Perdição” – (1943) A. L. Ribeiro- C/ A. Vilar (Simão Botelho) , Carmen Dolores (Teresa de Albuquerque).
Inês de Castro” (1945), (Leitão de Barros) c/ A. Vilar (D. Pedro).
1945: “José do Telhado” (Armando de Miranda). C/ Virgílio Teixeira.
Camões” (1946) (A. Lopes Ribeiro) C/ António Vilar, Leonor Maia, Carmen Dolores, Eunice Muñoz, Julieta Castelo, povo, aristocracia.
1949: “A Morgadinha dos Canaviais” (Caetano Bonnucci) c/ Eunice Muñoz (Morgadinha).
1947: “Capas Negras” (Armando de Miranda). Os grandes êxitos do Fado de Amália Rodrigues. Canção “Coimbra” por Alberto Ribeiro.
1948:Fado. História de uma Cantadeira” (Perdigão Queiroga). Música de Frederico de Freitas. Com Amália R. e A. Vilar.
1946:”Um Homem do Ribatejo” de Henrique Campos. C/ Eunice Muñoz, canções de Jaime Mendes, por Hermínia Silva e Alberto Ribeiro.
1949: “Ribatejo” de Henrique Campos. Música de Jaime Mendes – destaque para “Canção da Cigana”.
1949: “Sol e Toiros” de José Buchs, c/ o toureiro Manuel dos Santos

Durante a 2ª Guerra:

1942: “Aniki-Bobó
” de Manoel de Oliveira. Prod. por A. L. Ribeiro.
1942: “Lobos da Serra”de Jorge Brum do Canto (1º western português)

Entidades que dispõem dos Estúdios (na zona do Lumiar): Tobis. Lisboa Filmes. Cinelândia

Década de 50 (Crise do Cinema)
1950: “O Grande Elias” de Arthur Duarte, c/ Ribeirinho, Milu, António Silva...
1952: “Saltimbancos” de Manuel Guimarães.
1953: “Chaimite” de Jorge Brum do Canto.
1956: Documentário de Manoel de OliveiraO Pintor e a Cidade
1959: “Frei Luís de Sousa” de A Lopes Ribeiro. Com Villaret, Maria Dulce...

“Croa croa”

Um mundo de “croa croa”, este nosso mundo português.
Há outros mundos – de “ceux qui donnent des canons aux enfants », de “ceux qui donnent des enfants aux canons”, segundo Prévert em « Paroles »… Mundos de sismos, de braços estendidos para as esmolas provindas dos mundos civilizados ou espectacularmente ou sinceramente compassivos, esmolas para lhes matar a fome ou para os fazer morrer na disputa do alimento para a sua fome, mundos onde a Terra revolta – ou sequer revoltada – traz os tornados, os terramotos, os maremotos, as avalanches que tudo arrasam e engolem. E há o mundo da magia, criado pelo homem, o mundo da civilização, do bem-estar. Do trabalho. Por causa do trabalho.
Também temos os nossos tornados. Vivemos em tornados de fúria – de acusações, de discussões, de brados mútuos, de tribunais televisivos, de gente com frio e fome, de gente sem trabalho e que quer e precisa de trabalhar, de gente que se adapta ao subsídio e não luta por trabalho...
E a TV mergulha fundo nos tornados do nosso “croa croa”, com gente entrevistada, exaltada, atacando, defendendo, contra-atacando, argumentando cinicando...
Medina Carreira é dos que ataca fundo. E sempre em fúria. Sem elegância. Com desprezo por tudo e todos. Mas sobretudo pelos governantes que asneiam, nas suas políticas económicas, educativas, judiciárias, sanitárias, e que estão a levar o país na avalanche da sua destruição.
Tem razão, terá razão. Ele próprio também fez parte de um desses governos de enxurrada, e sabe muitas coisas, muitos segredos sobre a incapacidade de conserto que só os de fora poderão fazer controlar, em exigências de chantagem credora.
Porque internamente não há quem controle. A ninguém reconhece competência, não ressalva ninguém deste povo que ele prevê cada vez mais embrutecido e incompetente, porque cada vez mais educado na desordem, no desequilíbrio, na deseducação, na indisciplina, na calaceirice.
A ninguém reconhece competência. E generaliza.
Enfim, não é totalmente verdadeiro isto. Há alguém a quem a reconhece: Victor Constâncio, que faz muito bem em se pôr a cavar, pois não está para aturar “esta gente”.
Foi aqui que verdadeiramente me senti ofendida. Já o estava quando falou dos professores que não prestam – tive, ao longo da vida, a possibilidade de constatar inúmeras competências docentes - nada prestando, ninguém prestando. Irritada pela forma atrabiliária do seu discurso deselegante, ofensivo, desdenhoso, rebaixante, sem ter em conta, apesar de tudo, tanto do esforço da nação e dos governantes para modernizar e desenvolver o país, embora com dinheiro alheio e desbaratando muito.
Mas ao puxar o exemplo de Victor Constâncio, indiferente ao facto de este ser também uma das causas da ruína nacional, não só graças aos vencimentos das suas exigências, ultrajantes da pequenez nacional, como na deficiência do seu trabalho de regulamentação e verificação das contas dos vários Bancos nos seus casos recentes de falcatrua, ao considerar que Constâncio fez muito bem em se pôr a milhas - não para não ter que aturar “esta gente” mas para não prestar contas à mesma – deixei de acreditar nas suas boas intenções quando acusa.
Talvez Medina Carreira seja amigo de Constâncio e por isso o defende. O único a quem defende, por entre os dez milhões de almas nacionais. Não sei se se inclui, creio que sim.
Mas pareceu-me pouco sensato o seu discurso de mero ataque, de puro exibicionismo vaidoso, no estendal das suas aparências de preocupação pelo tornado em que vamos todos girando sem tréguas.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Página de grelha (17)


TÓPICOS DA HISTÓRIA CULTURAL PORTUGUESA
SÉCULO XX- MODERNISMO

OS FACTOS

1917: Envio de duas Divisões com 55000 homens para França – Até ao Armistício, em Nov. 1918.
Outras tropas enviadas para Angola e Moçambique (5 milhares de mortos).
Reconhecimento das nossas posições africanas.

1918: Sidónio Pais assassinado em Lisboa.

Período de 1920/26: A fase mais agitada da 1ª República:
-Permanente crise política.
- Desvalorização da moeda.
- Inflação galopante.
- Greves dos operários, confrontações com o governo.

1922: Gago Coutinho e Sacadura Cabral realizam a “Primeira Travessia Aérea do Atlântico, de Lisboa ao Rio de Janeiro”.

28 de Maio de 1926: O General Gomes da Costa proclama a revolta em Braga, com a adesão do Norte.

1926/1933: Ditadura Militar.

- Repressão, censura prévia à imprensa, gastos militares, défice alarmante.
- General António Óscar de Fragoso Carmona, Presidente da República
- 1929: António de Oliveira Salazar, Ministro das Finanças.
- 1932: Salazar, Presidente do Conselho de Ministros.
- Substituição dos generais por civis, na sua maioria professores universitários.
- Nacionalismo actuante de Salazar, segundo o lema “Tudo pela Nação, nada contra a Nação
- Morte de D. Manuel II em Inglaterra.


2ª REPÚBLICA: (1928/1974):
(Unitária e Corporativa).

1933: A nova “CONSTITUIÇÃO
” De tipo integralista, fascista, autoritarista .(Regresso à atitude política da “Carta Constitucional” de 1826)

O ESTADO NOVO (1933/1970): Social e Corporativo.
- Não autorizados partidos políticos.
- Proibição da oposição organizada.
- Criação da União Nacional (1930).
- Concordata com a Igreja.


LITERATURA

PROSADORES:

RAUL BRANDÂO (1867/1930) e o sentimento da humanidade explorada:
. Novelas-poemas: “Os Pobres”; “Húmus”
. Dramas: “O Doido e a Morte”; “O Gebo e a Sombra .
. “Memórias”.

. O ensaísta ANTÓNIO SÉRGIO (1883/1960) e a crítica ao tradicionalismo: Rev. “Pela Grei” e “Ensaios”.

JAIME CORTESÃO (1880/1960) e o grupo da “Seara Nova”:
António Sérgio, Aquilino, Raul Proença, Raul Brandão, Teixeira Gomes.

AQUILINO RIBEIRO (1885/ 1963):
A mestria estética e riqueza linguística de uma vasta obra, de uma ideologia anti-convencional
:
. Ficção: “O Malhadinhas”, “Mónica”, “Quando os Lobos uivam”, “A Casa Grande de Romarigães”, “Maria Benigna”, “Cinco Réis de Gente”...
. Literatura infantil: “O Romance da Raposa”.
. Ensaio:Príncipes de Portugal - Suas Grandezas e Misérias”; “Camões, Camilo, Eça e alguns mais”.

II – MODERNISMO:

1º Modernismo A Geração do “ORPHEU”

- Causas do movimento: Desagregação, multiplicidade, diversidade, decomposição do átomo, explosão da técnica...

- Propósitos de escola: Ruptura com os valores tradicionais, hostilizando a literatura convencional, saudosista, simbolista-decadentista. Libertação da sintaxe.

Entre as várias correntes, o Futurismo com o seu sentido de anulação do Homem pela Máquina, num propósito de dessacralização da Arte, pintando o feio, o movimento, o ruído, filiado em correntes artísticas – Cubismo, Expressionismo, Surrealismo...


ARTE

Os Primeiros Filmes Sonoros:


- 1931: “A Severa” de Leitão de Barros , música de Frederico de Freitas. Primeiro filme sonoro.

1932: Constituída a Companhia “TOBIS PORTUGUESA

- 1933: 1º Filme da Tobis: “A Canção de Lisboa”, de Eduardo Chianca de Garcia. Com Vasco Santana, Beatriz Costa e António Silva... Autores das Canções: Raul Portela e Raul Ferrão
- 1934: “As Pupilas do Sr. Reitor” de Leitão de Barros.

1935: Criação do Secretariado de Propaganda Nacional (dirigido por António Ferro.)

1936:
O Trevo de Quatro Folhas (Chianca)
Bocage” (Leitão de Barros).

1937: “Maria Papoila” (L. de Barros). Com Mirita Casimiro e António Silva.
A Revolução de Maio”, 1º filme subsidiado poelo Estado Novo.

1938:
A Rosa do Adro” (Chianca).
A Aldeia da Roupa Branca”, de Chianca G., último filme de Beatriz Costa.
Os Fidalgos da Casa Mourisca”, de Artur Duarte.

Anos 40: O esplendor da comédia

1940: “João Ratão” de Brum do Canto.
1941: “O Pai Tirano1º filme de António Lopes Ribeiro, c/ V. Santana, Ribeirinho, Leonor Maia (Tatão)...
1942: “O Pátio das Cantigas2º filme de A. Lopes Ribeiro
1943: “O Costa do Castelo” de Arthur Duarte.
1944- “A Menina da Rádio” de Arthur Duarte.
1944:O Leão da Estrela” de Arthur Duarte.
1945:A Vizinha do Ladode A. L. Ribeiro ( C/ A. Vilar, Carmen Dolores, Madalena Sotto, A. Silva, Ribeirinho....

República de Galifões

Havia na velha República dos Galifões, em Coimbra, numa das paredes da sala de jantar, expressivo graffito constituído por enorme osso com uma capa pendurada à qual se agarravam, em ávidos jeitos furibundos, os sete cães do provérbio, entre os quais o lente com a sua borla e capelo, o senhorio, o merceeiro, entre os diversos seres encalacrantes dos estudantes mais ou menos boémios que nela residiam.
Nós somos, actualmente, uma República de Galifões. Vivemos emparedados, encalacrados, endividados, forcejando por prosseguir com mais ou menos qualidade, mais ou menos seriedade pelas vias possíveis ou que, em tempos, se julgaria impossíveis.
Não nos falta a capa – a bandeira nacional – por vezes rota das intempéries, como a dos estudantes, que era geralmente rota das praxes. Não nos falta o osso, com mais ou menos tutano, geralmente menos, mas de pontos estratégicos com mais. Tudo isso bem cobiçado. Por vários cobiçado.
E por isso o nosso viver é de boémia, desgastado por questiúnculas que se erguem a cada passo em torno do osso, em torno da capa, por rota que esteja. As questões forjam-se, com muito clamor, nos meios mediáticos, nos partidos políticos, no Parlamento, com um PR não indiferente, mas geralmente abstendo-se, para não criar mais ruptura, para não perder a tramontana...
Todos interessados no osso, e daí o alarido. Vêm os casos à baila, os velhos casos da nossa injustiça social, da nossa corrupção nacional, da aparente ou real falta de liberdade de opinião... Muito alarido para depor os actuais donos do osso, que mergulham na mesma onda de alarido conveniente. E assim vão defraudando expectativas do país que espera, espera o que não chega mais. Metidos ao barulho para protelar, para adiar, para distrair das questões reais.
O endividamento? O desemprego? Medidas para os resolver? Eles lá estão para resolver tudo isso. No secretismo. Que um Governo que se preze, em maioria ou em minoria, não tem que prestar contas. Sempre prometeram que os resolveriam.
Mas não parece ser verdade. Porque o endividamento aumenta a cada passo, e assim o desemprego, e a falta de criação de estruturas para desenvolver os negócios com o exterior e dar trabalho aos do interior...
Entretanto, façam-se reuniões para a união de uns e a desunião de todos. Ninguém está interessado verdadeiramente, na sua bandeira verde e vermelha. A não ser para mais a dilacerar. E todos colaboram – governo, partidos, os media, o povo que faz barulho e greves e muitas vezes sofre...
É preciso salvar a Democracia, não a Nação, na nossa República de Galifões.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Página de grelha (16)

TÓPICOS DA HISTÓRIA CULTURAL PORTUGUESA
SÉCULO XX- AS CORRENTES TRADICIONAIS

OS FACTOS

Alguns factos históricos durante a 1ª República:

Primeiros anos:
Luta entre as diversas correntes em que se divide o Partido Republicano
:
- Partido Democrático – mais radical. Dirigido por Afonso Costa.
- Partido Evolucionista, dirigido por António José de Almeida.
- Partido Unionista, dirigido por Brito Camacho.
- Algumas conspirações monárquicas fracassadas.

- 1914: A corrente ideológica antidemocrática e antiliberal - (“O Integralismo Lusitano” de António Sardinha.

Divisão das forças políticas durante a 1ª Guerra Mundial (1914/18):

- Partido Democrático: defendia a entrada de Portugal na Guerra (Para defesa das Colónias).
- Esquerdas (Evolucionistas): Pelos Aliados, que defendiam a causa da liberdade.
- Direitas (Unionistas): Pelos Alemães (representantes da autoridade e da ordem).

1916: Apresamento dos barcos alemães (no Tejo) por ordem da Inglaterra (causa da entrada de Portugal na Guerra).


LITERATURA

- FLORBELA ESPANCA (1895/1926): O esteticismo parnasiano, a intensidade dramática de expressão narcísica e clássica, as chaves de ouro dos Sonetos.


- A poesia da desagregação pessoal e dos efeitos musicais simbolistas de CAMILO PESSANHA (1867/1926):

CLÉPSIDRA”: O simbolismo em C. Pessanha: Presença do subconsciente. A realidade imediata esbate-se: “Tempo” e “lugar” diluem-se numa “duração” (Bergson) de impressões confusas. Poesia desligada do vulgar e do quotidiano. Pudor da confissão directa: filtra as emoções em notas soltas, fragmentadas. Poesia adescritiva. Importância da “luz” que “cria” e da “água” que reflecte e refracta as imagens e as confunde: luminosidade, mobilidade, som...


ARTE

Cinema:

A Pré-História” (1896/ 1919):

- O “Animatógrafo” de Mr Rousby (Lisboa, 1896): (Cenas da vida real – “A Boca do Inferno”, “A Praia de Algés nma ocasião do banho”, de mistura com filmes estrangeiros).

- No Porto, Aurélio da Paz dos Reis organiza o 1º espectáculo de cinema feito por portugueses : Kinetógrapho Português”: 33 filmes. Ex: “Saída do Pessoal Operário da Camisaria Confiança).

O Cinema Mudo” (1919/1930)

“INVICTA FILME”:
1ª Organização Cinematográfica Nacional (1918/24), no Porto.
Filmes:
(Direcção de Georges Pallu).
- 1918: “Frei Bonifácio”
- 1919: “A Rosa do Adro”.
- 1920: “Os Fidalgos da Casa Mourisca”.
- 1921: “Amor de Perdição”
-1923: “O Primo Basílio”.

A “Caldevilla Filme” e as longas metragensOs Faroleiros” e “As Pupilas do Senhor Reitor” (Direcção de Maurice Mariaud)

Rino Lupo, o operador Costa Macedo e a técnica do ar livre.
1923: Funda a “Iberia Filme”: “Os Lobos

- A “Repórter X Filme” e o 1º Filme de Reinaldo Ferreira (Repórter X): “O Táxi 9297” (policial).

Na Madeira: 1925: A "Empresa Cinegráfica Atlântida” de Manuel Luís Vieira.

- Em Lisboa, algumas produtoras efémeras.

- 1927: Criada a “Inspecção dos Espectáculos

- 1930: “A Dança dos Paroxismos” de Jorge Brum do Canto. Filme de vanguarda.
- 1930: “Lisboa, Crónica Anedótica” (de Leitão de Barros).
- 1931: “Douro, Faina Fluvial” de Manoel de Oliveira.

- (1932) : “Campinos” - Último filme mudo de longa metragem: Realiz. António Luís Lopes.

A amargura de uma pública figura

La Fontaine tem uma fábula
- “A Perdiz e os Galos” -
Que nos mostra uma perdiz
Obrigada a viver com eles,
Que às vezes a maltratavam
Tal como entre si faziam,
Frequentemente,
Às vezes zaragateando
E disputando,
Brutos que eram, em jeito de desrespeito,
Sempre a inflamar-se
E a magoar-se
Pela mais pequena razão
Da sua quase sempre sem-razão.
Culpou, então,
O dono da quinta que a prendeu
Na rede e a colocou
Na mesma capoeira onde lançou
Os galos de sangue quente.
E assim se resignou.
Vejamos a tradução:

«Entre alguns Galos incivis,
Turbulentos, pouco galantes,
Sempre em disputas impertinentes
Era alimentada uma Perdiz.
O seu sexo e a hospitalidade
De parte destes Galos, dados ao amor,
Faziam-na esperar, com ingenuidade,
Muita honestidade
E um tratamento de classe superior.
Este povo, todavia,
Muitas vezes em fúria,
Com respeito menor
Pela dama estrangeira,
Dava-lhe horríveis bicadas
Com rancor.
Ela sentiu-se perturbada
Mas logo que viu a tropa enraivecida
Em duelos de crista erguida
Batendo-se e ferindo-se ferozmente,
Consolou-se: “São os seus costumes,
Disse ela, não os acusemos
Antes lamentemos estas gentes.
Júpiter sob um único modelo
Não formou as mentes:
Há naturais de galos descontentes
E naturais de perdizes mais felizes.
Enfim, se dependesse de mim,
Eu a minha vida passaria
Em mais honesta companhia.
O dono destes sítios doutra forma ordenou.
Com redes me apanhou,
Meteu-me entre os galos, as asas me cortou.
Só desse homem me posso queixar
Para lamentar o meu viver.»


Isto pensou a Perdiz resignada
Por ser bem educada.
Mas em Portugal
Há quem não aceite tanto mal
E logo que possa
Pisga-se para longe da ofensa
De viver diariamente
Com gente
Pouco cerimoniosa
Como faria
À cautela,
O Damasozinho Salcede
Que para Paris se pilharia
Em caso de guerra.
O nosso Dâmaso actual
- Só no caso da fuga, embora -
Em todo o caso,
Fá-lo, di-lo, com amargura,
Por deixar o seu País em má postura,
- E não por cobardia.
Mas sabe bem que lá fora
A sua vida melhora,
Embora cá dentro a sua vida não seja
Totalmente insegura:
Bom vencimento, bom alimento,
Qualquer bicada da gente inclemente,
"Que o que tem é inveja",
- Pensa radiante -
Lhe é indiferente.
Mas cinicamente
Fala em amargura.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Página de Grelha (15)

TÓPICOS DA HISTÓRIA CULTURAL PORTUGUESA
SÉCULO XX- AS CORRENTES TRADICIONAIS

Os FACTOS

A PRIMEIRA REPÚBLICA (1910/1926)

Governo provisório presidido por Teófilo Braga: (1910/11)

1º Presidente da República: Manuel de Arriaga (1911/15).

2º P. R.: Teófilo Braga (1915).

3º P. R.: Bernardino Machado (1915/1917).

4º P. R.: Sidónio Pais (1918) – Ditadura.

5º P.R.: João Canto e Castro (1918/19).

6º P.R.: António José de Almeida (1919/23).

7º P.R.: Manuel Teixeira Gomes (1923/25).

8º P.R.: Bernardino Machado (1925/26).

Medidas adoptadas durante a 1ª República:

- Lei da Família, do Divórcio, da Separação da Igreja e do Estado.

- Mudança da bandeira nacional, de azul e branco para encarnado e verde.

- Adopção do “Hino Nacional” actual, em vez do “Hino da Carta”.

- Primeira Constituição Republicana (1911) .

LITERATURA

I- Do Simbolismo ao Modernismo:

1- Corrente nacionalista, colonialista, posteriormente integralista:

Dramaturgia / Novela historicista:
- Henrique Lopes de Mendonça
- Marcelino Mesquita.
- D. João da Câmara.
- Júlio Dantas
(Colaboração dos mesmos em revistas com André Brum e Eduardo Schwalback).

Comédia de Costumes:
- Alfredo Cortês
- Ramada Curto.

Poesia:
1- Corrente tradicionalista
(neogarrettismo, nacionalismo, integralismo):

- Afonso Lopes Vieira
- António Sardinha (
também doutrinário)
- Hipólito Raposo
- Alberto de Monsaraz

2- Corrente saudosista
(Em torno das Revistas “A Águia” “A Renascença Portuguesa”):

- Teixeira de Pascoais (1877/1952)

- Jaime Cortesão
(futuro grande Historiador).

- António Correia de Oliveira

- Mário Beirão.

- Afonso Duarte.

3- Corrente Simbolista:
(Adaptação da Literatura a formas mais cosmopolitas e esteticistas):

- Eugénio de Castro:Oaristos”, “Horas”.

- Augusto Gil.

- Venceslau de Morais :“D. João de Castro”, “Alma Póstuma”.


ARTE

PINTURA:
Arte fantástica, originalidade, correntes de vanguarda:

Fauvismo: exuberância e violência da cor.

Expressionismo: Arte de oposição ao mundo, de ruptura, de revolta.

Cubismo: arte de decomposição da forma.

Futurismo: Abolição do culto do passado, exaltação da actualidade, domínio da máquina, luta contra a harmonia e o bom gosto (dessacralização da arte).

Surrealismo: simbiose absurda entre o realismo e o mundo do subconsciente, dos sonhos, dos automatismos (Freud).

Arte abstracta: arte geométrica que não reproduz a natureza, a realidade.

PINTORES:
Abel Manta, Almada Negreiros, Amadeo de Souza-Cardoso, António Dacosta, António Pedro, António Soares, Carlos Botelho, Dórdio Gomes, Eduardo Viana, Francisco Relógio, Graça Morais, Helena Vieira da Silva, João Aires, Júlio (dos Reis Pereira), Júlio Costa Pinheiro, Júlio Pomar, Júlio Resende, Mário Elói, Moniz Pereira, Manuel Cargaleiro, Mário Cezariny Vasconcelos, Maluda, Malangatana, Paula Rego, Sá Nogueira, Santa-Rita-Pintor, Sara Afonso....

A valorização expressiva da matéria na criação das formas pictóricas:
Teresa Segurado Pavão, Pedro Cabrita Reis, José Nuno da Câmara Pereira, Fernando Calhau...

Escultura:
Arte formalista, vazia, que utiliza diversidade de materiais.

Estatuários:
Barata Feyo, Cutileiro, Francisco Franco, Jorge Vieira, Lagoa Henriques, Ruy Gameiro
...