sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A vida realmente é danada!

- São pessoas que estão felizes, com saúde, com possibilidade de passear!... É uma coisa, pá! Se fossem pobrezinhos, não iam no cruzeiro! A vida realmente é danada! O navio Funchal, que sai de Lisboa e faz este percurso… Nove mortos!
- Agora há cada navio a fazer cruzeiros, autênticas maravilhas, que eu via da ponte, quando vinha de Setúbal, atracados em Alcântara!
- Pois! Cidades flutuantes! O Funchal é mais modesto. Mas fazem-se umas boas férias, evidentemente! E depois acontece uma coisa destas, pá! Aquele autocarro só levava portugueses…
- É tudo tão precário nesta vida! Tão injusto! E a criança de dez anos que perdeu três pessoas de família, certamente que as principais! Não é justo!
E ambas nos ficámos a meditar nos horrores. Um poeta falaria na beleza do céu, como contraste. E teria razão. Mas os contrastes são muitos num mundo de maniqueísmos. E nem a poesia nem a filosofia ou mesmo só filosofice, disfarçam o horror de tanto horror que por ele vai.

Nenhum comentário: